52992 - INTERVENÇÕES DISFARÇADAS COMO PROJETOS DE CUIDADO: REFLEXÕES A PARTIR DA COMPOSIÇÃO DE UMA REVISÃO DE LITERATURA ROGÉRIO THALES SANTANA DE ALMEIDA - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Apresentação/Introdução Trata-se de um desdobramento teórico, culminado a partir da realização de uma revisão de literatura para a dissertação, refletindo sobre o cuidado em saúde destinado a pessoas em tratamento de alcoolismo, ou seja, no processo de escrita e pesquisa da revisão, na análise de possíveis categorias ficou evidente como muitos estudos que apontam serem como projetos de cuidado, na verdade eram compostos como um projeto de intervenção, com a participação quase nula de quem busca o cuidado em saúde.
Objetivos Construção de uma revisão de literatura, buscando compreender os estudos já realizados com os descritores de alcoolismo e itinerário terapêutico, na Biblioteca Virtual em Saúde.
Metodologia A revisão foi feita em novembro de 2023, na Biblioteca Virtual em Saúde, aplicando o operador de busca AND e OR, em conjunto com os filtros de textos somente em português, publicações dos últimos cinco anos e pesquisas qualitativas, para assim ter um resultado mais coerente com a proposta da revisão.
Resultados e Discussão Ao fazer a revisão, uma das categorias de síntese encontradas foi de projetos de cuidado em saúde, pela boa quantidade de materiais selecionados tinham como objetivo fazer um projeto de cuidado singular com o usuário, entretanto nos diversos artigos ao relatarem como os projetos singulares foram construídos, é explícito como na verdade foi um projeto de intervenção.
Seabra, et al (2023) realizaram uma pesquisa com usuários e enfermeiras para pensar um projeto de cuidado que melhor acolhesse quem buscava o serviço para tratamento de dependência de substâncias. Um dos resultados da pesquisa é como os pacientes apontaram que uma das maiores dificuldades para continuar um procedimento relacionado ao alcoolismo, é a falta de um cuidado que busque oferecer mecanismos para a autonomia do sujeito.
Enquanto, Santos, et al (2018) tensionam como o direcionamento do cuidado nos Caps-ad são centrados nos profissionais de saúde, e quem está buscando o serviço não fica em uma posição de ser ator também do plano de cuidado, mesmo tendo uma relação de afetividade com a equipe de saúde.
Em função de muitos projetos de cuidado pensarem a reabilitação exclusivamente como consumir de uma forma que não seja danosa, ou a própria abstinência, esquecendo-se que depende do perfil de quem está buscando esse cuidado em saúde, e ainda que esse cuidado não é limitado a bebida e sim em reintegrar esse indivíduo na sociedade. Tendo antecipadamente um projeto pronto e não modificável, que não foi criado a partir dos interesses de quem está buscando esse cuidado em saúde, ou seja, um projeto que deveria ser de cuidado torna-se um projeto de intervenção que não tem diálogo com o campo.
Conclusões/Considerações finais A equipe de saúde muitas das vezes posiciona-se como articuladora de cuidado, entretanto acaba reproduzindo um cuidado em saúde engessado, um modelo já pronto, e que é desigual com a realidade daquela unidade, das pessoas de certo território.
Gerando ponderações sobre como uma equipe de saúde pressupõe um projeto de cuidado singular, ao mesmo tempo que não abre espaços para os usuários participarem de forma ativa do cuidado que será oferecido.
Referências SANTOS, J.M.; BAPTISTA, J.Á., NASI, C.; CAMATTA, M.W. Responsabilização e participação: como superar o caráter tutelar no centro de atenção psicossocial álcool drogas?. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2018. Available from: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20180078
SEABRA, P.R.C; BRANTES, A.L.G; SEQUEIRA, R.M.R; SEQUEIRA, A.C.O.A., SIMÕES, A.S.A; NUNES, C.B.R., et al.. Aceitabilidade e aplicabilidade de um programa de intervenção com usuários dependentes de substâncias. Ciência e coletiva [Internet]. 2023 . Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232023284.11732022
Fonte(s) de financiamento: CAPES
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