Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.12 - Rede de Acolhimento e Cuidado

52162 - CONEXÕES DA REDE: A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS NA COORDENAÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE EM UM MUNICÍPIO DO SUL DO BRASIL
KATHERINE SANZOVO PIVATTO - UFPR, THAIS SANZOVO PIVATTO - SMSA, SOLENA ZIEMER KUSMA FIDALSKI - UFPR, RAFAEL GOMES DITTERICH - UFPR, ELIANA REMOR TEIXEIRA - UFPR


Apresentação/Introdução
Para garantir um cuidado integral à saúde, direito do cidadão, assegurado pela Constituição, é fundamental que os serviços de saúde estejam interligados, configurando uma Rede de Atenção à Saúde (RAS), conforme formalizada em 2010 pela Portaria n. 4.279 (BRASIL,2010) e reeditada pela Portaria de Consolidação n.3 de 2017(BRASIL,2017),ambas do MS, de modo eficiente e organizado em diferentes níveis de atenção, com o objetivo de garantir essa integralidade do cuidado.
A Atenção Primária à Saúde (APS) é a “estrela principal” por desempenhar um papel estratégico dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) (Almeida et al.,2018) é responsável pela longitudinalidade do cuidado assegurando a movimentação dos usuários pelo sistema, desde a referência até o compartilhamento das informações, o que caracteriza a coordenação do cuidado (Almeida et al.,2018).No entanto, a APS tem enfrentado grandes desafios para garantir essa coordenação, como a fragmentação na RAS, a escassez de vagas para consultas especializadas, a insuficiência da comunicação entre os serviços de saúde e a falta de prontuários unificados. A coordenação do cuidado é comprometida quando não há uma rede de atenção à saúde robusta e ordenada, capaz de interligar as diversas unidades,como a APS e a atenção especializada, isso pode resultar em aumento de custos devido à repetições de exames, filas de espera e insatisfação do usuário.

Objetivos
O objetivo deste estudo foi analisar a articulação entre a APS e a Atenção Especializada (AE), considerando a percepção dos atores sociais envolvidos. A especialidade de cardiologia foi escolhida devido à relevância nas doenças crônicas e à prevalência das doenças cardiovasculares (Marques et al., 2023).

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa transversal descritiva, com bases metodológicas mistas, utilizou-se quantitativa para descrição das variáveis por meio de frequências absolutas (n) e relativas(%). A coleta de dados foi realizada durante dois meses, de janeiro a fevereiro de 2024, no município de AraucáriaPR. Empregou-se análise de conteúdo proposta por Bardin (2016). Coleta e organização dos dados utilizaram-se GoogleForms® e planilhas Excel®, anonimização e categorização dos participantes em grupos distintos, organização em temas. Foram realizadas comparações entre os dados coletados dos diferentes grupos profissionais para identificar diferenças e semelhanças em suas percepções e experiências. Os dados foram explorados em relação ao tema que relaciona os diversos atores pesquisados quanto à questão da coordenação do cuidado.
A população da pesquisa consistiu de 77 profissionais, incluindo médicos da APS, cardiologistas, médicos reguladores e gestores. A amostra foi composta por 27 participantes, definidos segundo critérios de amostragem por conveniência, considerando a disponibilidade para participar da pesquisa.
A pesquisa foi aprovada pelo CEP/UFPR, CAAE70213023.1.0000.0102

Resultados e Discussão
A pesquisa revelou uma variação na percepção dos profissionais da APS sobre o acesso a especialistas e médicos reguladores, destacando a importância de canais de comunicação e a frequência de recomendações de especialistas. A maioria dos profissionais da APS (55%) raramente tem acesso a especialistas para discutir dúvidas clínicas, enquanto 20% nunca têm acesso, o que pode comprometer a qualidade do atendimento. Em relação aos médicos reguladores, 40% dos profissionais da APS raramente têm acesso e 25% são indiferentes, indicando um possível sub-uso ou falta de acesso a esse suporte crucial. A necessidade de canais de comunicação é quase unânime, com 95% dos profissionais considerando isso importante ou muito importante. Quanto à frequência de recomendações de especialistas, 30% relataram recebê-las ocasionalmente e 30% frequentemente, mas 15% nunca as recebem, sugerindo fragilidades na comunicação.
         Uma comunicação eficaz entre profissionais de diferentes níveis de atendimento é reconhecida como essencial para melhorar o atendimento ao usuário. A existência de um canal de comunicação para discussão de casos e a visita de especialistas à APS são estratégias propostas para aprimorar a troca de experiências e conhecimentos, como apontado pelos participantes: “Seria interessante um canal de comunicação para tirar dúvidas e discutir casos sobre os pacientes”( APS 14); “Especialista ir à UBS para troca de conhecimento” (APS 15 ); “Fila de espera longa”, “pouca integração entre especialista e atenção primária” (REG 29); “Ainda percebemos falhas tanto na comunicação entre os pontos de atenção e na regulação de fato das filas” (GEST 40).

Conclusões/Considerações finais
Esta pesquisa evidenciou a necessidade de melhorar a comunicação e o acesso entre os níveis de atendimento para garantir um cuidado integrado e de qualidade, corroborando com os achados em outros estudos. Isso contribui para a coordenação do cuidado, o qual visa diminuir complicações mediante planejamento de atendimento direcionado às necessidades dos usuários e no compartilhamento de experiências e informações com conexões efetivas da RAS.
Encontros frequentes presenciais ou online, juntamente com uma a gestão comprometida em disponibilizar meios de comunicação eficazes e a criação de espaços dedicados ao diálogo em prontuários unificados, são ações de baixo custo que podem significativamente contribuir para a conexão da Rede de Atenção à Saúde (RAS).

Referências
ALMEIDA, P.F. de; MEDINA, M.G.; GIOVANELLA, L. BOUSQUAT, A. Coordenação do cuidado e Atenção Primária à Saúde no Sistema Único de Saúde. Ensaio.Disponível em :https://www.scielo.br/j/sdeb/a/N6BW6RTHVf8dYyPYYJqdGkk/#Acesso em: 14 mar. 2024.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.
BRASIL.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010.
BRASIL.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria de Consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017.
LACERDA, R.S.T.; ALMEIDA, P. F. de. Desafios de Coordenação do cuidado na Atenção Primária à Saúde. Disponível em: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2023/09/21/desafios-da-coordenacao-do-cuidado-na-atencao-primaria-a-saude/ . Acesso em: 24 mar.2024.
MARQUES F.; PIRES G.; SANTOS J.O. Modelo de Atenção às Condições Crônicas e suas implicações para a Atenção Ambulatorial Especializada. Disponível em https://www.scielo.br/j/reben/a/brWMZvbrDDsL9xQtVsGRrmd/?lang=pt.Acesso15mar.2024


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