49488 - ARTICULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE HEMOTERAPIA COM A REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE PARA CAPTAÇÃO DE DOADORES – REALIDADE OU UTOPIA? CAMILA SILVA E SILVA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, LUCIANE CRISTINA FELTRIN DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, JULIANA ALVES LEITE LEAL - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Apresentação/Introdução A Política Nacional do Sangue foi implementada para garantir a todos os brasileiros o acesso ao sangue com qualidade e em quantidade suficiente (Brasil, 2001). Atualmente, no Brasil 14 em cada mil habitantes são doadores de sangue, número ainda tímido diante do aumento da demanda por hemocomponentes (Laboissière, 2023). Nessa perspectiva, as discussões na área de captação se intensificaram há pouco mais de três décadas com a promoção de encontros, seminários e oficinas para traçar estratégias que viessem a fortalecer as doações de sangue no Brasil. O Trabalho Educativo na captação de doadores na realidade brasileira é fundamental, ainda que os resultados sejam alcançados a médio e longo prazo. Nesse sentido, os serviços de hemoterapia precisam estar articulados à rede de saúde para a captação de doadores, porém, dentro da rede, esses serviços são descritos como pontos de atenção isolados, o que dificulta a sua visibilidade e integração nos espaços de gestão (Brasil, 2010). Assim, a falta de articulação dos serviços de hemoterapia com a rede de atenção à saúde (RAS), pode trazer consequências como a baixa captação de doadores e consequente criticidade nos estoques de hemocomponentes, realidade vivida por diversas unidades de hemoterapia de todo o país, colocando em risco a vida de pacientes críticos que necessitam de sangue e seus derivados para sobreviver.
Objetivos Analisar a produção científica brasileira sobre a articulação entre serviços de hemoterapia e a rede de saúde para a captação de doadores de sangue
Metodologia Trata-se de uma Revisão Integrativa, com as seguintes etapas: formulação da questão – “Como tem sido a articulação dos serviços de hemoterapia com a rede de saúde para a captação de doadores de sangue? Os critérios de inclusão foram produções científicas (PC) publicadas no período de 2014 a 2024, revisadas aos pares. A coleta de dados foi realizada entre abril e maio de 2024 nas bases de dados Scopus, Pubmed, Scielo e Web of Science. Os Descritores em Ciência da Saúde (DECS) utilizados foram “Serviço de hemoterapia”, “Atenção `Saúde” e “Doadores de sangue”. Após a leitura as PCs foram organizadas em um quadro com seus objetivos, tipo de estudo, resultados e conclusão, a partir deste quadro foi feita uma análise descritiva-analítica-reflexiva.
Resultados e Discussão Após o cruzamento dos descritores e aplicados os critérios de exclusão foram encontradas 11 PC. A literatura mostra a relevância da produção de materiais de incentivo à doação de sangue (Tessele et al., 2022) assim como a necessidade de divulgação de estratégias seguras de doação (Bousquet; Aleluia; Luz, 2018; Cutts et al., 2021; Mesquita et l., 2021; Batista; Alves-da-Silva; Silva, 2022). Além disso, a informação e a educação são consideradas relevantes para a transformação da cultura da doação de sangue (Rosa et al., 2018).
As ações para formação de professores para a captação de doadores futuros em escolas (Batista Neto et al., 2021), assim como a captação de doadores de sangue entre acompanhantes hospitalares (Eleuterio et al., 2021) são consideradas iniciativas positivas. Alguns desafios relacionados à captação de dadores de sangue têm sido apontados, como o processo de triagem clínica de aptidão/inaptidão à doação e a responsabilização dos gestores na aplicabilidade da Política de Sangue, com articulação entre municípios e estado para a implementação das ações e serviços relacionados (Sousa; Souza, 2018; Monteiro et al., 2021). Apenas uma PC abordou a articulação dos serviços de hemoterapia com a RAS e destacou que, quando existe, pode promover o planejamento estruturado das ações e influenciar positivamente na captação de doadores de sangue (Sepúlveda; Souza, 2018). Ressalta-se a importância do conhecimento da Política de Sangue, Componentes e Hemoderivados por profissionais de saúde e gestores para a efetivação das ações ligadas à captação de novos doadores e permanência daqueles já habituais, tendo em vista que existem diretrizes e responsabilidades dos entes federados relacionadas ao processo de trabalho que envolve a captação de doadores (Sousa; Souza, 2018).
Conclusões/Considerações finais O número de doações de sangue efetivadas em 2023 no Brasil ficou abaixo do nível considerado seguro para manter o estoque e atender às demandas da população. A doação de sangue é de interesse de todos na RAS, uma vez que não há substituto completo desse tecido, por isso, manter o estoque regular de sangue é um desafio para os serviços de hemoterapia. Assim, a captação e fidelização de doadores de sangue tem o propósito de manter o estoque abastecido e deve ser compartilhada por toda a RAS.
A tarefa de captar doadores de sangue na realidade brasileira não é algo fácil, os achados na literatura reforçam a necessidade de articulação efetiva entre os serviços de hemoterapia e a RAS. Tal articulação deve começar nos espaços de gestão nos quais ocorrem discussões e tomada de decisão sobre as políticas de saúde. Esta é uma articulação decisiva na formulação, operacionalização e avaliação das ações dos serviços que podem potencializar a captação e fidelização de doadores de sangue.
Referências BATISTA, L. A. et.al. Advances in the recruitment and loyalty of blood donors: a critical outlook over the Brazilian scenario. Medicina, 55 (2), 2022
CUTTS, J. C. et al A systematic review of interventions used to increase blood donor
compliance with deferral criteria. Transfus Med Hemother, 48: 18–129, 2021.
ELEUTERIO, T. R. A. et al. Captação de voluntários para doação de sangue em ambiente hospitalar. Rev. Enf. UFPE, 15 (2). 2021.
LABOISSIÈRE, Paula. Quatorze em cada mil brasileiros são doadores regulares de sangue. Agência Brasil. 2023.
ROSA, L. M. et al. Captação de doadores e doação de sangue: discursos históricos. Rev enferm UFPE on line. 12(1), 2018
SEPÚLVEDA, I.; SOUZA, M. K. B. A questão do sangue nos espaços e instrumentos de gestão em municípios da Bahia. Saúde Debate, 58: 11-22, 2018.
SOUSA, C. S. et al. Ações, responsabilidades e desafios para a gestão de serviços hemoterápicos no âmbito municipal. Saúde Debate, 58: 23-33, 2018
Fonte(s) de financiamento: Própria
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