Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.10 - Rede de Cuidado à Populações específicas (2)

52216 - PHOTOVOICE E O PROTAGONISMO NO ENFRENTAMENTO À OBESIDADE EM GRUPOS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE
JAMILE DE SOUZA MARINHO - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ, ROBERTA DUARTE MAIA BARAKAT - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, CRISTINA ALBUQUERQUE DOUBERIN - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, JOSÉ MARIA XIMENES GUIMARÃES - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, ANA PATRÍCIA PEREIRA MORAIS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, KAMYLA DE ARRUDA PEDROSA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, CAMILA MARIA TEIXEIRA DOS SANTOS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, ROSANNA DA SILVA FERNANDES RIBEIRO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, SAMANTHA ALVES FRANÇA COSTA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, THEREZA MARIA MAGALHÃES MOREIRA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ


Apresentação/Introdução
A relação entre alimentação e saúde é determinante para o bem-estar dos indivíduos, especialmente diante dos desafios na transição nutricional do Brasil (1970), iniciada com a urbanização. Este fenômeno é associado a rotina que favorece o sedentarismo, aumenta os níveis de estresse, diminui o consumo de alimentos naturais, promove o crescimento do consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) e contribui para a prevalência da obesidade com consequências para a saúde.
A obesidade, enfermidade multifatorial caracterizada pelo acúmulo de tecido adiposo, está associada a diversas doenças crônicas não transmissíveis: diabetes mellitus, câncer, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, ansiedade e depressão. Dados do Ministério da Saúde revelam alta prevalência de excesso de peso na população brasileira, evidencia a gravidade do problema e a necessidade de intervenções eficazes (Brasil, 2021).
A crescente preocupação com a obesidade é influenciada por fatores socioeconômicos, ocupacionais, hormonais, mentais e comportamentais. Diante dessa complexidade, o Sistema Único de Saúde (SUS) destaca-se na participação, implementação de estratégias de prevenção, controle e promoção da saúde, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS). Neste sentido, a realização de ações de educação em saúde em grupos no território adscrito são estratégias importantes para eficácia de intervenções.


Objetivos
Relatar pesquisa cujo objetivo é potencializar o protagonismo dos participantes de grupos de educação em saúde realizados em Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) com temas sobre obesidade. Sua relevância está na importância da APS como um espaço estratégico para o cuidado dos usuários, em que oferece diversas alternativas de cuidado e promoção da saúde no território.

Metodologia
Estudo qualitativo. Empregou-se a técnica Photovoice em dois grupos de Atividade física realizados em duas UAPS localizadas em Iguatu, Ceará, durante os meses de julho e agosto de 2023. A seleção das UAPS foi motivada pelas atividades práticas da Residência Multiprofissional em Saúde que estavam em curso. Os grupos, eram realizados semanalmente e conduzidos por residentes em Saúde da Família e Comunidade, compostos por pessoas de ambos os sexos entre 50 e 80 anos, total de 26 participantes. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Saúde Pública do Ceará.
Os participantes foram caracterizados por meio de questionários semiestruturados, seguida a atividades de Educação em Saúde com oficina intitulada "Como evitar a obesidade?", acompanhada pela técnica Photovoice, na qual os participantes documentaram aspectos relacionados ao conteúdo abordado pela oficina por meio de fotografias, enviadas posteriormente via WhatsApp. As imagens foram discutidas em grupo e registradas por gravador de voz para análise posterior utilizando a técnica de análise de conteúdo de Bardin em três estágios: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados.


Resultados e Discussão
Com a participação de 19 pessoas, a oficina utilizou-se de projetor multimídia, abordou as classificações e funções dos nutrientes, grupos alimentares segundo a classificação NOVA proposta por Monteiro et al. (2010) e Guia Alimentar para a População Brasileira (Brasil, 2014), além de estratégias nutricionais para emagrecimento. Foi realizada a dinâmica "Conhecendo os alimentos", os participantes classificaram figuras de alimentos em in natura ou minimamente processados, processados e ultraprocessados, para em seguida utilizarem o Photovoice para capturar fotos em seus ambientes domésticos. As fotos foram projetadas, acompanhadas dos relatos e discussão gravados na íntegra, significados e ideias atribuídos às imagens. Os relatos destacaram práticas alimentares e alimentos saudáveis. A categorização dos principais elementos resultou nas categorias: "Promoção da saúde" e "Aprendizagem".
A discussão dos resultados é organizada em subtópicos derivados dos discursos coletados durante as sessões de grupo, revela desafios significativos enfrentados pelos participantes na prevenção da obesidade. Entre esses, destacam-se a insegurança predominante, a falta de interesse dos profissionais de saúde e a escassez de recursos financeiros para abordar efetivamente questões da obesidade. A maioria dos participantes já possuía conhecimento sobre práticas alimentares saudáveis e demonstrou interesse em aprender e aplicar os conhecimentos adquiridos durante a oficina. Refletem o impacto positivo dessas práticas no bem-estar, prevenção de doenças, importância da atividade física e no estado emocional. Nas imagens e narrativas há uma nova perspectiva sobre os alimentos in natura ou minimamente processados, evidenciam a relação entre alimentação, saúde e percepções subjetivas dos participantes.


Conclusões/Considerações finais
O estudo permitiu a compreensão das percepções dos participantes sobre os temas relacionados à obesidade. As barreiras apontadas incluem a ausência de capacitação para profissionais, escassez de preenchimento de dados para o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), carência de recursos clínicos, baixa confiança dos profissionais de saúde ao orientar sobre prevenção aos agravos e o tempo limitado das consultas. A conscientização é imprescindível para adoção e manutenção de hábitos alimentares saudáveis, incentiva indivíduos a tomar decisões autônomas sobre sua alimentação a longo prazo, evita práticas restritivas. No entanto, trabalhar com promoção e educação em saúde na APS, territórios com potencialidades e vulnerabilidades, é desafiador. Propomos mais estudos dessa natureza, pois potencializam indivíduos como agentes de suas escolhas alimentares, promovem o autocuidado e a conscientização das decisões diárias, resulta em impacto significativo no combate à obesidade.

Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. Ed. 2. Brasília: Ministério da Saúde. 2014.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégias para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2021-2030. Brasília: Ministério da Saúde. 2021.

Monteiro, C. A.; Levy, R. B.; Claro, R. B.; Castro, I. R.; Cannon, G. A new classification of foods based on the extent and purpose of their processing. Cadernos de Saude Publica. Vol. 26. Núm. 11. 2010. p. 2039-2049.


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