51373 - FRAGMENTAÇÃO NO CUIDADO PRESTADO ÀS MULHERES COM FIBROMIALGIA EM UM SERVIÇO DA ATENÇÃO SECUNDÁRIA SAMILA SOUSA VASCONCELOS - UECE, THICIANE DIAS NUNES - UNINTA, SANDY TELES AZEVEDO CHAVES - UNINTA, SAMARA SOUSA VASCONCELOS GOUVEIA - UFDPAR, PERPÉTUA ALEXSANDRA ARAÚJO SOUZA - UECE, RAILA SOUTO PINTO MENEZES - UECE, PATRÍCIA HOLANDA DE AZEVEDO ARARIPE - UNINTA, DANUTA TEREZA LIMA SENA - UECE, ELLEN EDUARDA SANTOS RIBEIRO - UECE, ANTONIO RODRIGUES FERREIRA JÚNIOR - UECE
Apresentação/Introdução As pessoas que convivem com doenças crônicas experenciam situações indesejáveis em seu cotidiano. Assim são as mulheres que convivem com a Fibromialgia. No cotidiano dessas mulheres o convívio com a dor causa desgaste físico, emocional e psíquico, tornando a vida uma experiência de sofrimento, limitações, afastamento laboral e exclusão social (Oliveira et. al., 2019)
Na Fibromialgia o principal sintoma é a queixa álgica musculoesquelética difusa e crônica, caracterizada pelo surgimento de pontos dolorosos à palpação. Somada a essas manifestações inclui-se a fadiga, distúrbios do sono, rigidez matinal, parestesias de extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios cognitivos (Pereira et. al., 2017).
Diante desse contexto, faz-se necessário um olhar atento para a gestão do cuidado a essas mulheres, na perspectiva do acesso e integralidade desse cuidado. Entende-se integralidade como a possibilidade de acesso a todos os níveis de atenção do sistema, como também a possibilidade de interligar ações preventivas com as curativas, no cotidiano dos cuidados realizados nos serviços de saúde (BRASIL, 1990).
Logo, este estudo justifica-se pela necessidade de compreender como se dá prestado do cuidado as mulheres com fibromialgia na rede de atenção em saúde, na perspectiva do cuidado integral, visto que esse é um ponto significativo para melhoria em sua qualidade de vida.
Objetivos Investigar a fragmentação no cuidado prestado às mulheres com fibromialgia em um serviço da Atenção Secundária no interior do Ceará. Ao focar especificamente na percepção das participantes sobre a integralidade do cuidado, buscou-se contribuir para a compreensão de como a gestão do cuidado pode ser aprimorada para melhor atender às necessidades dessas mulheres.
Metodologia Foi realizado um estudo descritivo com abordagem qualitativa, que foi realizado na cidade de Sobral – Ceará. Os critérios de inclusão foram mulheres, com idades entre 20 e 79 anos, diagnosticados com fibromialgia e em tratamento no serviço escola da Atenção Secundária de Sobral. Já os critérios de exclusão foram mulheres que apresentassem déficit cognitivo. A seleção se deu de forma intencional, buscando-se aquelas que tinham acompanhamento continuado com o serviço. Utilizou-se a entrevista semiestruturada como técnica de coleta de dados, permitindo a exploração profunda das percepções e experiências das participantes. As entrevistas foram realizadas individualmente, proporcionando um ambiente privado e acolhedor para a expressão livre das participantes. Esta pesquisa é um recorte de um estudo mais amplo que analisou o perfil de pacientes com fibromialgia, seus sintomas e sua qualidade de vida, realizado em 2023. As informações coletadas foram analisadas segundo a metodologia de análise de conteúdo de Bardin (2016). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) do Centro Universitário Inta – UNINTA, obtendo parecer de aprovação n° 6.113.898.
Resultados e Discussão O estudo revelou diversas dificuldades enfrentadas pelas mulheres com fibromialgia no acesso e continuidade dos tratamentos. Participaram do estudo 10 mulheres, com média de idade de 52,9 ± 7,52 anos, sendo a maioria solteira e desempregada. Uma questão central emergiu das entrevistas: a busca por tratamentos e as dificuldades encontradas nesse processo. As participantes relataram que a busca por diferentes profissionais de saúde partiu delas mesmas, pois raramente recebiam encaminhamentos entre os profissionais. Essa fragmentação do cuidado resultou em uma percepção de falta de coordenação e integralidade nos serviços prestados. A maioria das mulheres sentiu que não eram ouvidas pelos profissionais de saúde, o que agravava a sensação de não serem acolhidas. A desconfiança em relação ao nível de dor e fadiga, similar àquela sentida em suas relações familiares, era também percebida por parte dos profissionais de saúde, reforçando a sensação de descrença e abandono.
As participantes mostravam-se desesperançosas da possibilidade de uma melhor qualidade de vida razoável, principalmente porque ouviam constantemente de seus profissionais que não havia cura ou solução para o problema. Outra dificuldade frequentemente mencionada foi a limitação no número de sessões de atendimento oferecidas. Muitas mulheres receberam alta mesmo ainda sofrendo de dores intensas, evidenciando uma lacuna significativa na continuidade do cuidado.
É válido ressaltar que, conforme enfatizado na pesquisa de Otón et. al. (2024), o paciente com uma doença crônica como a fibromialgia se beneficia da capacidade de auto manejo da doença. Mas isso só é possível a partir de um acolhimento por parte dos profissionais e da assistência integral.
Conclusões/Considerações finais Os resultados destacam a necessidade de melhorar a coordenação e a integralidade do cuidado para pacientes com doença crônica e reforça a importância de estratégias de gestão do cuidado que promovam a escuta ativa e o encaminhamento adequado entre os diferentes profissionais e níveis de atenção à saúde. Esse estudo revelou a importância de uma abordagem abrangente por parte dos profissionais de saúde e ressalta a necessidade de uma gestão do cuidado que promova uma visão holística e integrada da saúde das pacientes, abordando todas as dimensões de suas vidas. Apenas assim será possível oferecer uma assistência integral, melhorando a qualidade de vida dessas mulheres e garantindo que todas as suas necessidades sejam devidamente cuidadas. Além disso, a implementação de estratégias que melhorem a coordenação e a integração dos serviços de saúde pode aumentar a satisfação dos pacientes e a efetividade dos tratamentos para doenças crônicas.
Referências BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2016.
BRASI. Lei 8.080, de 11 de setembro de 1990. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 12 set. 1990.
OLIVEIRA, J.P.R. et al,. O cotidiano de mulheres com fibromialgia e o desafio interdisciplinar de empoderamento para o autocuidado. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 40, p. e20180411,2019.
OTÓN, Teresa et al. El viaje del paciente con fibromialgia en Latinoamérica. Reumatología Clínica, v. 20, Issue 1, p. 32-4, 2024.
PEREIRA, F. G. et.al, Prevalence and clinical profile of chronic pain and its association with mental disorders. Rev Saúde Pública. 2017; 51:96. doi: https://doi.org/10.11606/S1518- 8787.2017051007025
Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio
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