51076 - INTERNAÇÕES HOSPITALARES DE IDOSOS POR QUEDAS NA REGIÃO NORDESTE BRASILEIRA, NO PERÍODO DE 2012 A 2021 SARA ANISIA SALGADO MAIA - UECE, FERNANDA ROCHELLY DO NASCIMENTO MOTA - UECE, MARIA ELIANA PEIXOTO BESSA - UFC
Apresentação/Introdução Com o avanço da globalização e o crescimento populacional, o cenário das doenças fatais também se modifica. Houve uma transição de predominância de doenças infecciosas e parasitárias para a prevalência de doenças crônicas e degenerativas (OLIVEIRA, 2019). Fisiologicamente, o processo natural de envelhecimento causa diversas alterações no corpo, predispondo os idosos a quedas. No Brasil, aproximadamente um terço das pessoas com mais de 60 anos caem pelo menos uma vez por ano (PARK, 2018). Cerca de 60 a 70% dos idosos que sofrem uma queda têm maior risco de cair novamente, sendo que 20% deste grupo falecem em um ano (BARRY et al., 2014). De acordo com o IBGE (2021), a região Nordeste tem mais de 57 milhões de habitantes, dos quais mais de sete milhões têm 60 anos ou mais. Esta é a área com a maior concentração de idosos com baixo nível educacional, o que influencia o processo de envelhecimento dessa população. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem registrado um aumento nos gastos relacionados à hospitalização, tratamento e reabilitação de idosos vítimas de quedas (BRASIL, 2017). Entre os principais desafios na atenção à saúde do idoso está a busca por possibilidades que promovam autonomia e qualidade de vida, apesar das limitações da idade, por meio do conhecimento e avaliação dos fatores que levam às quedas nesses indivíduos.
Objetivos Diante disso, o objetivo deste estudo é descrever o perfil de internações hospitalares de idosos por quedas na região Nordeste do Brasil, no período de 2012 a 2021.
Metodologia Estudo descritivo, transversal, retrospectivo e quantitativo, baseado em dados estatísticos de domínio público. A pesquisa utilizou informações do Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH/SUS), disponíveis no DATASUS. Foram avaliadas hospitalizações por queda entre idosos na região Nordeste do Brasil. A coleta de dados seguiu esta sequência: informações epidemiológicas e morbidade; morbidade hospitalar do SUS; causas externas por local de residência (2012-2021); na região Nordeste, conforme a CID-10 (queda). Os dados, coletados em dezembro/2021 e janeiro/2022, incluíram: número de internações por ano; local de ocorrência; faixa etária (a partir de 60 anos); sexo; óbitos; custos financeiros; valores médio e total de internações. Os dados foram organizados em planilhas do Excel 2013, geradas via TabNet do DATASUS. Após organização e análise descritiva simples, utilizando frequências percentuais e médias, os dados foram estruturados em gráficos e tabelas e interpretados conforme a literatura pertinente.
Resultados e Discussão Os dados relativos às internações hospitalares de indivíduos idosos por quedas na região Nordeste do Brasil, no período de 2012 a 2021, apresentaram 215.507 internações hospitalares. Observou-se que a prevalência é ascendente, no ano de 2012, o quantitativo foi de 14.972 casos, enquanto o ano de 2019 apresentou o maior número de casos (27.342). Evidenciou-se que o maior percentual de internações por quedas na região Nordeste brasileira, foi entre idosos de 80 anos ou mais, seguidos pelos idosos mais jovens, de 60 a 64 anos. Segundo a literatura, idosos longevos estão mais suscetíveis às quedas, pois suas capacidades funcionais estão mais reduzidas. Em relação à análise entre os sexos, verificou-se, em todos os estados nordestinos, maior prevalência de hospitalizações por queda entre mulheres (135.882 casos), equivalendo quase ao dobro do número observado entre os homens idosos (79.625). Este dado pode se justificar pelo fato das mulheres possuírem um menor índice de massa magra e força muscular, por estarem mais expostas à sarcopenia, por viverem mais e em consequência disso, se exporem mais às doenças crônicas não transmissíveis. Outro dado obtido foi que o estado da Bahia apontou o maior número de internações e óbitos de idosos por quedas, seguido pelo estado do Ceará, enquanto o estado de Sergipe apresentou o menor número de hospitalizações quando comparado aos demais estados da região. Observados os valores gastos no serviço hospitalar durante o período avaliado, foi percebida a grandiosidade da despesa gerada no decorrer destes anos. Em média, cada hospitalização custou R$1000,00, e quando analisados em larga escala, no montante final, observa-se o quão dispendioso é para o Sistema Único de Saúde empregar esses valores apenas para internações de idosos por quedas.
Conclusões/Considerações finais O estudo realizado por meio da análise do SIH/SUS – DATASUS apontou resultados engrandecidos quanto às internações hospitalares por quedas na região Nordeste do Brasil, referente aos anos de 2012 a 2021. As hospitalizações de idosos em decorrência de quedas na região Nordeste brasileira apresentou-se como um fenômeno condicional ascendente, ou seja, a cada ano tendem a elevar-se as taxas de internações derivadas desta causa. Verificou-se um total de R$ 251.434.508,90 gastos em internações hospitalares, sendo assim é sugestivo que se estude a potencialidade de gastos relacionados com aplicações das hospitalizações de idosos derivadas de quedas, explicando o impacto para o SUS, a fim de que se possam desenhar políticas, estratégias e ações de enfrentamento, prevenção e redução de danos gerados por este problema de saúde pública, fenômeno tão corriqueiro na terceira idade.
Referências BARRY, E.; GALVIN, R.; KEOGH, C.; HORGAN, F., FAHEY, T. Is the Timed Up and Go test a useful predictor of risk of falls in community dwelling older adults: a systematic review and meta-analysis. BMC Geriatr [Internet], vol. 14, p. 1-10, 2014.
BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde. VIVA: Vigilância de acidentes e acidentes: 2013 e 2014. Brasília, DF: MS; 2017.
CRUZ, D.T.; CRUZ, F.M.; CHAOUBAH, A., LEITE, I.C.G. Fatores associados a quedas recorrentes em uma coorte de idosos. Cad Saúde Colet. v. 25, n. 4, p. 475-82, 2017.
OLIVEIRA, A. S. transição demográfica, transição epidemiológica e envelhecimento populacional no Brasil. Hygeia, v. 15, p. 69-79, 2019.
PARK, Seong-Hi. Tools for assessing fall risk in the elderly: a systematic review and meta- analysis. Aging Clinical And Experimental Research, v. 30, n. 1, p. 1-16, 2018.
Fonte(s) de financiamento: Os autore
|