Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.9 - Rede de Cuidado à Populações específicas (1)

51228 - RASTREAMENTO DA VULNERABILIDADE EM IDOSOS COMUNITÁRIOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
MARIA NIZETE TAVARES ALVES - URCA, ISABEL OLIVEIRA MONTEIRO - PSF, FERNANDA TAVARES ALVES - PSF, MARIA DE FATIMA VASQUES MONTEIRO - URCA


Apresentação/Introdução
A vulnerabilidade da pessoa idosa fenômeno que causa diminuição da habilidade de respostas do indivíduo aos agravos à saúde, pode ser determinado pela interação entre déficits biológicos, socioeconômicos e psicossociais (Souza, 2022). Essa condição aumenta significativamente risco de eventos adversos em idosos, incapacidade, institucionalização e morte (Barbosa, 2020).
Estudos mostram 27,3% a 37,8% dos idosos comunitários apresentam vulnerabilidade (Horta, 2022). Essa prevalência, associada aos impactos negativos causados na saúde dos idosos, sugere necessidade de rastreamento e estratégias eficazes de manejo deste fenômeno. Os sistemas de saúde precisam adaptar-se as demandas da população idosa, para prevenir e manejar de forma adequada a vulnerabilidade (Perseguino, 2022)
A Equipe de Saúde da Família, estratégia de efetivação da Atenção Primária, utiliza Caderneta Saúde da Pessoa Idosa no acompanhamento dos mesmos, tendo o Vulnerable Elders Survey (VES-13), disponível para rastreio da vulnerabilidade (Brasil, 2018).
A alta prevalência de idosos vulneráveis, os impactos desse fenômeno e a grande relevância da Unidade Básica de Saúde (UBS), como ponto de acolhimento torna necessário que profissionais da eSF identifiquem idosos vulneráveis. Questiona-se profissionais médicos e enfermeiros da eSF realizam rastreamento da vulnerabilidade em idosos comunitários utilizando VES-13.


Objetivos
OBJETIVO GERAL
- Realizar levantamento acerca do rastreamento da vulnerabilidade em idosos comunitários pelos profissionais da estratégia saúde da família.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Conhecer o perfil dos profissionais em relação às variáveis socioeducacionais.
- Identificar instrumentos utilizados pelos profissionais para rastreamento da vulnerabilidade em idosos
- Identificar as principais dificuldades e/ou facilidades enfrentadas pelos profissionais da eSF no rastreamento de idosos comunitários



Metodologia
Pesquisa descritiva, abordagem quantitativa, realizada no município de Mauriti/CE, período agosto a outubro de 2022.
População do estudo médicos e enfermeiros cadastrados nas eSF. Utilizamos amostra por conveniência. Excluídos profissionais licenciados e com limitações físicas ou psicológicas.
Informamos, convidamos a participação na pesquisa, após encaminhamos TCLE, questionário semiestruturado através de link. Os dados foram analisados por meio do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 20.0, com descrição de medidas de tendência central, dispersão para variáveis quantitativas; frequências absolutas, relativas para variáveis categóricas. Variáveis qualitativas organizadas e analisadas por categorias temáticas (Caregnato; Mutti, 2006).
Assumimos como Hipótese Nula (H0), não pode afirmar que médicos e enfermeiros das eSF’s realizam o rastreamento da vulnerabilidade em idosos comunitários e Hipótese Alternativa (H1) pode-se afirmar que médicos e enfermeiros das eSF’s realizam o rastreamento da vulnerabilidade em idosos comunitários utilizando VES-13. Pesquisa aprovada CEP/URCA, parecer Nº 5.644.198/2022.


Resultados e Discussão
Os resultados mostram que 20 participantes são enfermeiros e 4 são médicos, tempo médio de atuação profissional de 10,5 anos. Com média 9,08 anos em eSF’s e destes 4,25 anos equipe atual.
Em relação a capacitação profissional, (83,33%) concluíram pós-graduação latu sensu e (16,66%) estão cursando; destes (66,66%) informa o tema saúde do idoso é abordado no curso. Quanto capacitação stricto sensu (16,66%), referem estar cursando mestrado, no entanto, a saúde do idoso não é abordada. Sobre capacitação de vulnerabilidade em idosos, (16,66%) realizaram cursos. Sobre rastreio no território, (33,33%) realizam habitualmente. Qual instrumento utilizam (50%), utilizam o VES-13 e (50%) nenhum. Os que utilizam o VES-13, afirmam registrar na Caderneta de Idoso. Em relação a frequência (33,33%) semestralmente, (16,66%) intervalo 2-5 anos. Todavia, (50%) nunca realizou.
Quanto ao processo de trabalho da equipe nos territórios a ideia central sobre principais dificuldades encontradas: “a baixa adesão dos idosos nas consultas”, “pouco tempo”, “nenhum”. Foram categorizadas em eixos temáticos. Considerando as categorias, 1- baixo engajamento dos usuários; 2- tempo insuficiente para avaliações; 3- não relatou dificuldade.
Facilitadores do rastreamento: -“profissionais da equipe de saúde”, “o instrumento disponível na caderneta”, “não realizo”. Categorizadas em eixos temáticos. Considerando a categoria, 1- facilitadores do rastreamento, equipe de saúde multiprofissional, ACS principal facilitador; 2 -Caderneta de Saúde Pessoa Idosa, 3- não relataram facilitador.
Quanto a articulação com Rede de Atenção à Saúde, ou outros setores, no gerenciamento de necessidades de idosos vulneráveis, (66,66%) afirmam conseguir articular, (16,66%) não conseguem e (16,66%) não souberam responder.



Conclusões/Considerações finais
Poucos profissionais das equipes de Saúde da Familia, realizam rotineiramente o rastreamento de idosos vulneráveis no território, contrariando as recomendações para essa avaliação e demonstrando a fragilidade dos mecanismos de rastreio na população idosa.
Hoje já podemos observar uma mudança no perfil da população no país com um aumento significativo no número de idosos, o que mostra a necessidade de implementar estratégias de educação permanente para os profissionais da Atenção Primária em Saúde, com ênfase na abordagem da população idosa, fortalecimento das redes de atenção à saúde e em especial a rede de atenção as doenças crônicas e realizar ações de promoção, prevenção e reabilitação da população idosa.
Destaca-se a necessidade de novas pesquisas que indiquem mecanismos que possam ser utilizados para a real efetivação do rastreamento da vulnerabilidade em idosos comunitários no âmbito da atenção primária.


Referências
SOUSA, Caroline Ribeiro de; COUTINHO, Janaína Fonseca Victor; FREIRE NETO, João Bastos; BARBOSA, Rachel Gabriel Bastos; MARQUES, Marília Braga; DINIZ, Jamylle Lucas. Factors associated with vulnerability and fragility in the elderly: a cross-sectional study. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 75, n. 2, p. 1-9, 2022
BARBOSA, Keylla Talitha Fernandes. Vulnerabilidade da Pessoa Idosa: desenvolvimento do conceito. 2019. 161 f. Tese - Curso de Enfermagem, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2019
PERSEGUINO, Marcelo Geovane; OKUNO, Meiry Fernanda Pinto; HORTA, Ana Lúcia de Moraes. Vulnerability and quality of life of older persons in the community in different situations of family care. Revista Brasileira de Enfermagem, [S.L.], v. 75, n. 4, p. 1-7, maio 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Caderneta de saúde da pessoa idosa. 5. ed. Brasília, DF, 2018.


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