Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC4.9 - Rede de Cuidado à Populações específicas (1)

50406 - GESTÃO DO CUIDADO NEONATAL BASEADO NOS 10 PASSOS DA ESTRATÉGIA QUALINEO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
ANA NERY MELO CAVALCANTE - UNIFOR, BEATRIZ SOBREIRA CAMILO SOARES - UNIFOR, RACHEL XIMENES RIBEIRO LIMA - UNIFOR, KAMILLA SARAIVA DE OLIVEIRA - HGCC, MARUSSIA DE ANDRADE GUEDES - HGCC, LUCIANA ALBUQUERQUE GURGEL - HGCC, ALICE DA SILVA MEDEIROS - HGCC, ROSIMEIRE SILVA DOS SANTOS - HGCC, CARINA AGUIAR NOGUEIRA - HGCC, MARIA ALIX LEITE ARAÚJO - UNIFOR


Contextualização
A taxa de mortalidade infantil (TMI) é um importante indicador para avaliar as condições de vida e saúde de uma população (GAVA; CARDOSO; BASTA, 2013). Seu declínio é uma tendência mundial e, no Brasil, ocorreu devido a melhorias das condições socioeconômicas e sanitárias e ao acesso aos serviços de saúde (CALDAS et al.,2017) Atualmente, em nosso país, o componente neonatal (0-28 dias de vida) representa cerca 70% da mortalidade infantil. A causa de morte neonatal mais comum é a prematuridade e suas complicações (30%), seguida pela malformação congênita (22,8%), as infecções (18,5%), os fatores maternos (10,4%) e asfixia/hipóxia (7%) (TEIXEIRA et al., 2019).
Com o objetivo de reduzir a mortalidade neonatal e integração dos programas estratégicos voltados à qualificação da assistência, o Ministério da Saúde (MS) lançou em 2017 a Estratégia Qualineo, que se baseia em 10 passos para qualidade na assistência neonatal e oferece apoio técnico e científico de forma sistemática e integrada às maternidades de referência. O objetivo é qualificar as práticas de gestão e da assistência aos recém-nascidos (RN), especialmente nas regiões Nordeste e Norte do país. Suas ações baseiam-se na interação e troca de experiências entre os representantes das maternidades participantes. Além de monitoramento das práticas da assistência, visando corrigir hábitos (FIOCRUZ, 2017).


Descrição da Experiência
Inicialmente, em janeiro de 2022, todos os impressos da unidade hospitalar foram revisados com objetivo de facilitar a coleta de indicadores assistenciais e obter o perfil clínico e epidemiológico dos RN atendidos. Esta ação foi realizada pela gestão da estratégia na maternidade (profissional médico e de enfermagem), com o apoio da equipe multidisciplinar.
O instrumento de coleta de indicadores padronizado pela estratégia foi preenchida pela equipe assistencial multiprofissional, desde o nascimento (na sala de parto), durante o internamento (nas unidades de cuidados intensivos e intermediários neonatais) e no desfecho (alta, óbito e transferência para outra instituição).
Outra etapa realizada, foi a digitação das informações das fichas de monitoramento em plataforma digital da estratégia, realizada pela gestão e alunos de iniciação científica da graduação de curso de medicina.
Periodicamente, foram realizadas web conferências, abertos fóruns de discussão com apresentação de planos de ação, compartilhamento de experiências e dúvidas, bem como disponibilização de materiais de apoio.


Objetivo e período de Realização
Relatar a experiência de uma maternidade terciária, pública, do estado do Ceará em fazer parte da gestão da Estratégia Qualineo. Foi realizada no período de janeiro de 2022 a dezembro de 2023.

Resultados
A gestão da Estratégia Qualineo enfrentou dificuldades no que diz respeito ao preenchimento das fichas de monitoramento que se encontram inadequadas e incompletas. Em abordagem com os profissionais, um dos principais motivos alegados em relação a questão do preenchimento das fichas é a superlotação e sobrecarga de trabalho da equipe. Sendo este problema parcialmente resolvido com a conferência e complementação das informações, através do prontuário eletrônico da instituição, pela gestão da estratégia. A inserção das fichas na plataforma de monitoramento da estratégia segue sem obstáculos. Foi apresentado a gestão e equipe assistencial o perfil clínico e epidemiológico da maternidade.
A participação dos encontros virtuais, com a equipe do MS e os representantes das maternidades, foi uma experiência enriquecedora, uma vez eram debatidas e compartilhadas fragilidades e experiências exitosas.
Na etapa de treinamento da equipe multiprofissional, um dos obstáculos encontrados foi a fragilidade de vínculo profissional, com elevada rotatividade. Um ponto forte da instituição é a implantação de protocolos da equipe multidisciplinar favorecendo a uniformidade nas condutas assistenciais.



Aprendizado e Análise Crítica
Mediante um processo de gestão compartilhada, participação de equipe multiprofissional, sensibilização dos profissionais e integração com o ensino, a implementação da estratégia Qualineo, na maternidade do estudo, foi fortalecida. Entretanto, alguns desafios precisam ser superados. Dessa forma, destaca-se a importância da realização contínua de capacitações, reduzir a superlotação e a sobrecarga dos profissionais, fortalecer a adesão os protocolos assistenciais e melhor qualidade no preenchimento dos dados do monitoramento. O perfil clínico e epidemiológico da unidade foi importante no sentido de instituir metas à serem alcançadas, sempre visando a melhoria da assistência neonatal. Evidenciou-se que trabalho em equipe multidisciplinar e a integração ensino-serviço-gestão-comunidade são de extrema importância pera melhoria da assistência neonatal e, consequentemente, a diminuição da mortalidade e sequelas neonatais.



Referências
GAVA, Caroline; CARDOSO, Andrey Moreira; BASTA, Paulo Cesar. Infant mortality by color or race from Rondônia, Brazilian Amazon. Revista de saude publica, v. 51, p. 35, 2017.
FIOCRUZ. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/qualineo/. Acesso em: 05 de jun 2024.
CALDAS, Aline Diniz Rodrigues et al. Mortalidade infantil segundo cor ou raça com base no Censo Demográfico de 2010 e nos sistemas nacionais de informação em saúde no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 33, p. e00046516, 2017.
TEIXEIRA, João Alexandre Mendes et al. Mortalidade no primeiro dia de vida: tendências, causas de óbito e evitabilidade em oito Unidades da Federação brasileira, entre 2010 e 2015. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 28, p. e2018132, 2019.

Fonte(s) de financiamento: Sem fonte de financiamento.


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