53029 - AS JUVENTUDES E O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS JOVENS ANA LARISSE SANTOS BARBOSA - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ, ROBERTA DUARTE MAIA BARAKAT - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
Apresentação/Introdução A definição da faixa etária correspondente à adolescência e juventude varia conforme entidades e marcos legais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) delimita a adolescência dos 10 aos 19 anos e juventude dos 15 aos 24, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estipula que adolescentes são aqueles entre 12 e 18 anos incompletos, enquanto jovens abrangem a faixa dos 15 aos 29 anos. Para este estudo, adotaremos o termo "jovens/juventudes" para referir aos participantes da pesquisa. O plural "juventudes" será empregado para reconhecer a diversidade desse grupo, entendendo que suas identidades são moldadas por distintas experiências de vida e seu posicionamento na sociedade.
A OMS e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) enfatizam a necessidade de priorização das intervenções direcionadas à juventude na agenda política, reforça essa premissa ao fornecer diretrizes para a prestação de serviços de saúde voltados para esse grupo e ao propor a integração entre unidades de saúde e outras políticas públicas1. O Programa Saúde na Escola (PSE), estabelecido pelo Decreto Presidencial nº 6.286, estabelece uma ponte entre os setores da saúde e da educação. Objetiva promover interação com os estudantes, promove educação integral, saúde e cidadania, além de abordar vulnerabilidades e apoiar o progresso acadêmico2.
Objetivos Este estudo visa investigar a perspectiva dos estudantes jovens em relação às iniciativas do PSE. Ao considerar as reflexões dos jovens e suas percepções sobre a implementação das políticas, busca-se obter uma compreensão mais abrangente desta esfera e, possivelmente, estimular debates e aprimoramentos neste domínio. Um aspecto central desta pesquisa será a análise do mapa elaborado pelos alunos, a partir do qual se buscará extrair perspectivas significativas.
Metodologia A pesquisa foi realizada na Escola Cívico Militar Marcella Maria Terceiro Guasque Bento, localizada na área adscrita do território, composta por 38 alunos que participaram das atividades do PSE em 2022. Os critérios de seleção incluíram a faixa etária (a partir de 15 anos, conforme definido pelo Estatuto da Juventude) e o interesse, disponibilidade e autorização dos responsáveis. O estudo é qualitativo e de campo, adota o método da cartografia social, caracterizado por uma abordagem teórico-metodológica que combina planejamento e imprevistos, percebendo a experiência como uma interação dinâmica, estética e prática, aberta às surpresas e além das previsões estabelecidas em um projeto de pesquisa.
Foram elaborados mapas cognitivos, derivam de conceitos para interpretar e atribuir significado ao ambiente construídos a partir de experiências e aprendizados específicos. Esses conceitos desempenham um papel fundamental na percepção e resolução de desafios diários. Após a coleta do material empírico, procedeu-se à organização, sistematização e análise das informações à luz do referencial teórico adotado. Duas categorias surgiram do estudo: "Impressões sobre o PSE" e "Temáticas educativas.
Resultados e Discussão O estudo é resultado do diálogo entre a temática e as observações feitas durante o processo de territorialização em Tianguá-CE, parte do cronograma para residentes multiprofissionais da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP), alocados na Unidade Básica de Saúde (UBS) Centro de Nutrição. No total, 15 jovens participaram da pesquisa, com faixa etária entre 15 e 16 anos.
Para a construção dos mapas cognitivos, as perguntas orientadoras foram: "Como foram as ações do PSE para você?" e "Qual temática trabalhada você lembra? Por quê?". Obteve-se a produção de dois mapas. A síntese dos resultados apresenta duas categorias que emergiram deste estudo: na primeira, "Impressões sobre o PSE", a utilização dos termos "interessante", "legal" e "educativo/informativo", indica a receptividade das ações pelos jovens. Isso ressalta o papel significativo da escola não apenas como ambiente de aprendizagem, mas como espaço de laços interpessoais. Nesse sentido, é estratégico planejar intervenções de saúde nas escolas visando o desenvolvimento integral dos alunos, promover participação, autonomia e engajamento. Em relação à segunda, "Temáticas educativas", destaca-se o tema do "setembro Amarelo e prevenção ao suicídio", os jovens compartilharam exemplos de experiências vivenciadas em suas realidades. Evidencia-se desafios enfrentados pelas juventudes de forma mais ampla. Dados da Fiocruz (2021), corroboram com essa preocupação, a maioria das notificações de atendimentos ao comportamento suicida entre adolescentes concentra-se no grupo etário de 15-19 anos3. A OMS destaca o suicídio como a segunda principal causa de morte entre os jovens, e dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) ratificam uma alta incidência de óbitos por suicídio na faixa etária entre 15 e 19 anos.
Conclusões/Considerações finais A partir da pesquisa de campo e do aporte bibliográfico, constata-se que, as ações do PSE têm grande aceitação por parte dos jovens. Evidencia-se que os processos de avaliação das ações do PSE são de extrema importância para a melhoria e manutenção do programa. Contudo, os resultados apresentados no estudo, indicam a imprescindibilidade na ampliação das temáticas tidas como prioritárias pelo PSE. Desta forma, espera-se que os achados da pesquisa auxiliem em novas proposições, como base, para que se avance na reorientação das ações no município de Tianguá-CE e/ou numa perspectiva ampliada, contribuindo para o planejamento, práticas de formação e participação social, a fim de contemplar o princípio da integralidade previsto no Sistema Único de Saúde. É imperativo adotar uma abordagem atenciosa e sensível em relação aos jovens e às características específicas de seus ambientes, a fim de mitigar potenciais impactos adversos em suas vidas.
Referências 1. Fondo de Población de las Naciones Unidas. 165 millones de razones, un llamado a la acción para la inversión en adolescencia y juventud en América Latina y el Caribe. Panamá: UNFPA. 2018 acesso em 2024 jun. 07]. Disponível em: https://lac.unfpa.org/es/publications/165-millones-de-razones-un-llamado-la-acci%C3%B3n-para-la-inversi%C3%B3n-en-adolescencia-y.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Manual instrutivo Programa Saúde na Escola. Brasília: Ministério da Saúde; 2013 [acesso em 2023 dez. 02]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/passo_a_passo_programa_saude_escola.pdf.
3. Fundação Oswaldo Cruz. Pesquisa analisa o perfil do comportamento suicida entre jovens. Rio de Janeiro. 2021 [acesso em 2024 jan. 27]. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-analisa-o-perfil-do-comportamento-suicida-entre-jovens.
|