49412 - ABORDAGEM EDUCACIONAL A RESPEITO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL LIS ADRIANO RIBEIRO - UNIGRANRIO| AFYA, LUCAS MAIA LEAL - UNIGRANRIO | AFYA, SHIRLEI DE OLIVEIRA SOARES ARAÚJO - UNIGRANRIO | AFYA, ANTONIO VITAL SAMPOL - UNIGRANRIO | AFYA, PAULO CAVALCANTE APRATTO JUNIOR - UNIGRANRIO | AFYA
Contextualização A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a adolescência no período dos 10 aos 19 anos, quando ocorrem mudanças físicas, cognitivas e emocionais. Concomitantemente, há o amadurecimento sexual a partir das descobertas individuais e sociais, porém não é instantâneo, mas sim uma construção multifatorial. E a OMS corrobora com tal análise, pois define sexualidade como uma vivência de pensamentos, desejos, crenças e comportamentos biopsicossociais (WORLD, 2017). Logo, deve-se diferenciar adequadamente orientação sexual, identidade de gênero e sexo biológico, para assim, compreender o significado da sigla LGBTQIAPN+ que abrange as particularidades daqueles que não se encaixam no padrão normativo da sociedade. Ademais, também há o início das relações sexuais, mas a falta de diálogo familiar ou na escola, os jovens tiram dúvidas com amigos que, geralmente, não possuem as informações necessárias e fidedignas. As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são um problema de saúde pública, afetando todas as idades e a comunidade LGBTQIAPN+, haja vista que alguns ainda assimilam o preservativo apenas à prevenção da gestação. Além disso, ainda há a dificuldade de sobreviver à LGBTfobia, conceituada como “as condutas homofóbicas ou transfóbicas, reais ou supostas que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém (...)” (BRASIL, 2019).
Descrição da Experiência Este relato de experiência sobre orientação sexual e prevenção de IST, foi desenvolvido por acadêmicos de medicina do 4º período em um município do Rio de Janeiro. A oficina foi destinada a 60 adolescentes do 8º e 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública estadual do mesmo município, em 20 de setembro de 2023. Com uma hora por turma, realizadas em sala de aula, com dinâmicas participativas envolvendo os estudantes e o docente supervisor. O tema foi sugerido pelos coordenadores da escola devido ao início precoce das relações sexuais na adolescência. Logo, a oficina foi definida como uma proposta de aprendizagem compartilhada, em um ambiente acolhedor, estimulante e criativo na busca de soluções e a reflexão conjunta. Os objetivos da oficina incluíram a explicação da sigla LGBTQIAPN+, identidade e expressão de gênero, IST, violência à comunidade LGBTQIAPN+ e aplicação de questionários pré e pós-palestra. Os adolescentes responderam perguntas como "Você sabe o que é IST?", "Como se previne IST?" e "Como se adquire IST?", incentivando a participação e avaliando o conhecimento prévio do grupo.
Objetivo e período de Realização Objetivo geral:
Conscientizar adolescentes sobre a sexualidade e as infecções sexualmente transmissíveis.
Objetivos específicos:
Viabilizar ao adolescente esclarecimento sobre sexualidade e as formas de se proteger contra as infecções sexualmente transmissíveis, permitindo maior orientação a respeito das temáticas; Avaliar o conhecimento a respeito das temáticas antes e após a oficina educacional.
Período de realização: Agosto à novembro de 2023.
Resultados Iniciamos a atividade com um formulário para avaliar o que os adolescentes sabiam sobre o tema e após apresentarmos o projeto, aplicamos o mesmo questionário. Isso nos permitiu fazer uma análise quantitativa do quanto fora aprendido durante a ação. Nesse contexto, destacamos que na segunda pergunta, sobre a expressão de gênero, tivemos um aumento considerável, em torno de 116%. Na terceira pergunta, sobre a identidade de gênero, o aumento foi de 50%. Na quinta pergunta, sobre sexo biológico, o aumento foi de 96,3%. Já na sexta pergunta, sobre o significado da sigla LGBTQIAPN+, o aumento foi bastante expressivo, de 107%. Na sétima pergunta, sobre IST, o aumento foi de 115%, mostrando a relevância das atividades propostas. Desse modo, notamos que os alunos receberam de forma positiva toda a informação sobre educação sexual e que aquele espaço serviu para discutir assuntos que dificilmente seriam tratados em outros ambientes.
Aprendizado e Análise Crítica A despeito da aplicação do projeto de intervenção voltado aos adolescentes sob a temática “Sexualidade na Adolescência” firma-se a importância em abordar assuntos que venham tratar desse tema, principalmente no tocante à homossexualidade, uma vez que, em muitos casos não são discutidos em casa, seja por questão religiosa, cultural e da própria liberdade entre filhos e pais, dificultando, aos adolescentes, o acesso à informação sobre sexualidade e saúde. O atendimento às necessidades dos jovens e, levando em contas as diversidades e singularidades, encontra-se em consonância à garantia ao acesso à saúde universal e à integralidade do cuidado, consoante a este fato, a atuação dos acadêmicos do curso de medicina na comunidade, é parte de um anseio para aproximar os estudantes da atenção primária à saúde, do trabalho interprofissional alinhado às necessidades do Sistema Único de Saúde (RIOS DRS e CAPUTO MC, 2019). Ademais, propicia a oportunidade de exercitar novas formas do uso de ferramentas de assistência em saúde, promovendo a educação popular em saúde, propiciando aos alunos a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula (SANTOS DS, et al., 2018), além de empreender uma relação de troca de saberes entre o saber popular e o científico, promovendo um enriquecimento recíproco (Vasconcelos, 1997).
Referências BRASIL. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 26. Supremo Tribunal Federal. Brasília, DF. 2019. Disponível em: https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/tesesADO26.pdf.
RIOS DRS e CAPUTO MC. Para além da formação tradicional em saúde: experiência de educação popular em saúde na formação médica. Revista Brasileira de Educação Médica, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/VyxrxdWd8fvqsxR8RVbKgmh/.
SANTOS DS, et al. Processo de trabalho na Estratégia de Saúde da Família: potencialidades da subjetividade do cuidado para reconfiguração do modelo de atenção. Ciência & saúde coletiva, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/s9bmJspgCcykVW6gddLytdG/#.
VASCONCELOS EM. Educação popular nos serviços de saúde. 3ª Ed. São Paulo: Editora Hucitec; 1997.
WORLD Health Organization. Sexual health. Genebra: WHO, 2017. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/sexual-health#tab=tab_2.
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