51911 - FACILITADORES DO ACESSO PARA REDUÇÃO NO ABANDONO DO TRATAMENTO DAS HEPATITES VIRAIS JOSUÉ SOUZA GLERIANO - UNEMAT, LUCIELI DIAS PEDRESCHI CHAVES - EERP-USP, DÉBORA APARECIDA DA SILVA SANTOS - UFR- MT, ANGÉLICA DE SOUZA - UNEMAT
Apresentação/Introdução Introdução: A redução do abandono do tratamento das hepatites virais é um desafio complexo que depende de vários fatores facilitadores de acesso dentro dos sistemas de saúde. Em um cenário global, a eficácia dos sistemas de saúde em diferentes países varia amplamente, influenciando diretamente a adesão ao tratamento dessas condições crônicas. Países com sistemas de saúde universal, como o Reino Unido e o Canadá, tendem a apresentar melhores resultados na continuidade do tratamento devido ao acesso gratuito ou de baixo custo a medicamentos e serviços de saúde. Em contrapartida, sistemas de saúde predominantemente privados, como o dos Estados Unidos, frequentemente enfrentam maiores taxas de abandono devido aos altos custos e à falta de cobertura adequada para tratamentos prolongados (Conselho Nacional de Saúde, 2010). A presença de programas de saúde pública específicos, como o caso brasileiro, que se fortalece no acesso a testes rápidos e acompanhamento contínuo com estratégias integradas que incluem a distribuição gratuita de medicamentos antivirais, programas de educação em saúde e suporte psicológico são elementos cruciais que facilitam o acesso ao tratamento e reduzem o abandono, porém ainda registra-se esse abandono (Ministério da Saúde, [s.d]).
Objetivos Objetivo: Analisar aspectos que facilitam o acesso e podem reduzir o abandono na atenção às hepatites virais.
Metodologia Método: Pesquisa avaliativa CAAE: 01481918.0.0000.5393 com base no método misto sequencial desenvolvida no estado de Mato Grosso, terceiro maior do país em extensão territorial, possui seis macrorregiões e dezesseis Regiões de Saúde (RS). Serviços de atenção às hepatites foram mapeados a partir do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), no segundo semestre de 2020, e analisados conforme sua distribuição nas macrorregiões e RS. Optou-se por selecionar a RS considerada com maior quantidade e heterogeneidade de serviços de referência. A partir da seleção os stakeholders foram identificados, a saber os responsáveis pela gestão em saúde da área de hepatites virais do estado e da RS. Utilizou-se a entrevista individual semiestruturada e uma vinheta para facilitar a abordagem ao participante. O material foi transcrito utilizou-se a análise temática (Minayo; Assis; Souza, 2010), e posteriormente ao processo foi contrastado sob as dimensões do Modelo de análise: acesso universal a serviços de saúde (Assis; Jesus, 2012).
Resultados e Discussão Resultados e Discussão: Os resultados indicam que a redução do abandono do tratamento das hepatites virais está intrinsecamente ligada a uma abordagem multidimensional que abrange aspectos políticos, econômico-sociais, organizacionais, técnicos e simbólicos. Na dimensão política o incentivo à descentralização de serviços e adesão ao Consórcio Intermunicipal de Saúde. Na econômico-social a garantia de orçamento público para expansão de serviços de referência e subsídio para deslocamento do usuário às consultas, medicações e exames. Na organizacional garantia de insumos para testagem, definição de fluxo do usuário, facilidade de agendamento de consultas, e coordenação pela atenção primária na testagem e colaborar por meio de diretrizes e protocolos, além de atividades extramuros. Na técnica, o compromisso do profissional com o serviço e a oferta de diferentes horários para atendimento, garantia de um médico infectologista e ampliação de capacitações, além de parcerias intersetoriais. Na simbólica a escuta da experiência do usuário na trajetória assistencial e a empatia do profissional. Em síntese, esses resultados sublinham a importância de uma abordagem integrada para reduzir o abandono do tratamento das hepatites virais, destacando a necessidade de políticas bem estruturadas, suporte financeiro, organização eficiente, competência técnica e um atendimento humanizado, com responsabilidade de uma organização da rede de atenção capaz de atender as demandas locorregionais em uma perspectiva de equidade na RS.
Conclusões/Considerações finais Conclusão : A análise do abandono de tratamento exige da gestão em saúde a coordenação do cuidado, com ampliação dos espaços de governança entre os níveis de atenção e os atores que cercam o processo decisório em cada ente federado. Será necessário compreender a dimensão do abandono sob a percepção do usuário, principalmente daquele que abandonou o tratamento. Registra-se que não foi possível captar na análise das falas dos participantes estratégias sólidas de diretrizes de coordenação estadual focalizadas para testagem da microeliminação. Tal situação expõe a ausência de critérios que sejam alinhados às diretrizes políticas, além de baixa coordenação de ações nos serviços de saúde. A falta de uma estratégia coordenada e inclusiva para esses grupos vulneráveis destaca a necessidade urgente de políticas e ações mais integradas e específicas, que possam efetivamente reduzir o abandono de tratamento e garantir um acesso equitativo e contínuo aos cuidados de saúde.
Referências Ações e Programas. Disponível em: .Acesso em 9 jun. 2024.
Assis MMA, Jesus WLA. Acesso aos serviços de saúde: abordagens, conceitos, políticas e modelo de análise. Ciênc Saúde Colet 2012 nov;17(11):2865-75.
Conselho Nacional de Saúde. Disponível em: Acesso em: 9 jun. 2024..
MINAYO, M. C. S.; ASSIS, S. G.; SOUZA, E. R. Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais 3. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010. p. 244.
Fonte(s) de financiamento: Ministério da Saúde/ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
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