Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC4.7 - Rede de Atenção à pessoas portadoras de Doenças Transmissíveis

51862 - ATENÇÃO ÀS HEPATITES VIRAIS NA PANDEMIA POR COVID-19: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE UMA AVALIAÇÃO REGIONAL
JOSUÉ SOUZA GLERIANO - UNEMAT, LUCIELI DIAS PEDRESCHI CHAVES - EERP-USP, DÉBORA APARECIDA DA SILVA SANTOS - UFR-MT, ANGÉLICA DE SOUZA - UNEMAT


Contextualização
Apresentação/Introdução: A pandemia de COVID-19 emergiu como uma das crises de saúde pública mais significativas do século XXI, impactando profundamente todos os sistemas de saúde. Além de causar milhões de mortes e sobrecarregar hospitais, a pandemia desencadeou uma série de consequências indiretas ao interromper o tratamento de diversas condições crônicas. As hepatites afetam milhões de pessoas no mundo, são alvos das metas de eliminação da Agenda 2030, porém a priorização dos recursos e esforços para combater a COVID-19 resultou em uma redução substancial na realização de diagnósticos, acompanhamento e tratamento das hepatites B e C (Opas, 2021). A interrupção de serviços de saúde essenciais durante a pandemia exacerbou as desigualdades preexistentes no acesso ao tratamento, particularmente em regiões já vulneráveis (Caribe, 2022). O cenário atual sublinha a importância de fortalecer a resiliência dos sistemas de saúde para manter a continuidade do cuidado em tempos de crise. Nesse sentido, analisar a integração de estratégias para lidar simultaneamente com a pandemia de COVID-19 é importante, por isso justificou a compreensão de desafios nos serviços de referência para atenção ás hepatites durante a pandemia.

Descrição da Experiência
Objetivo: Analisar, segundo a perspectiva de gestores e profissionais de saúde, as repercussões da pandemia por Covid-19 para os serviços de referência às hepatites virais no estado de Mato Grosso.

Objetivo e período de Realização
Método: Pesquisa avaliativa CAAE: 01481918.0.0000.5393 descritiva com dados qualitativos desenvolvida no estado de Mato Grosso. Para seleção da região de saúde, levou-se em consideração a maior quantidade e heterogeneidade de serviços de referência (Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) e/ou Serviço de Assistência Especializada (SAE). A região sul mato-grossense, que também é uma macrorregião de saúde, atendeu aos critérios de seleção, ressalta-se que essa RS possui a maior densidade populacional. A referida RS possui sete serviços. Os participantes foram os responsáveis pela gestão da área de hepatites virais da Secretaria de Estado de Saúde, os profissionais responsáveis dos serviços de referência e/ou profissionais de saúde. Para coleta de dados, utilizou-se entrevista, guiada por roteiro semiestruturado. O material foi transcrito pelo pesquisador e os dados foram sistematizados e para análise utilizou-se a análise de conteúdo em sua vertente temática (Minayo; Assis; Souza, 2010). O corpus da análise foi organizado em duas categorias: Pandemia de Covid-19 e fragilidades na atenção às hepatites virais e Desafios da gestão na atenção às hepatites virais agravados pela pandemia.

Resultados
Resultados e Discussão: Dos 11 convidados a participar da pesquisa nove profissionais técnicos da gestão estadual da SES e dos serviços de referência participaram, com maior frequência de pessoas do sexo feminino, sete (77,7%); contratados pelo regime estatutário, sete (77,7%), sendo quatro (44.4%) enfermeiros. O tempo de atuação na gestão/responsabilidade técnica variou entre um ano e dez anos. No que refere-se a Pandemia de Covid-19 e fragilidades na atenção às hepatites virais constatou dificuldades de organização e implementação de estratégias para favorecer o cuidado, principalmente em ações de prevenção e monitoramento. Limitação no quantitativo de pessoal que se desdobrou em diferentes funções para viabilizar as ações nos serviços de referência e no apoio à demanda encaminhada pela Atenção Primária à Saúde (APS). Verificou-se que a pandemia reduziu o serviço administrativo na gestão estadual, além de interromper e/ou diminuir o atendimento dos centros de referência, cuja localização, principalmente em cidades com baixa densidade demográfica, apresentou descontinuidade das ações. Constatou-se redução no quantitativo de pessoal, como medida de proteção à saúde do trabalhador e dos usuários, que repercutiu no atendimento da demanda espontânea, com priorização de casos graves. No que tange Desafios da gestão na atenção às hepatites virais agravados pela pandemia foi possível verificar desafios da gestão para avançar no enfrentamento das hepatites virais, incluindo a agenda de prioridades, perfil dos gestores, estabelecimento de espaços de gestão colegiada e fragilidades da regulação da atenção, permeados por questões acerca do pouco espaço de diálogo e apoio técnico entre os gestores estaduais e dos serviços de referência.

Aprendizado e Análise Crítica
Constataram-se falhas na condução de diretrizes tanto dos gestores quanto dos serviços para articulação de estratégias em oportunizar resposta para a coordenação do cuidado às hepatites. Condição que desencadeou minimização de ações de promoção à saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites em decorrência de limitações de acesso tanto pelo redirecionamento da organização de muitos serviços, quanto pela adoção do distanciamento físico. Na experiência vivenciada no SUS pela pandemia de Covid-19, não se pode deixar de reafirmar a importância do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais de Saúde como formuladores e apoiadores na elaboração de diretrizes e estratégias que efetuem as melhores condições possíveis para atender as diferentes demandas que emergem nos sistemas locais de saúde, além de possibilidades de fortalecer elos na integração ensino-serviço para buscar soluções, pautadas na cientificidade, aos problemas que são recorrentes da gestão.

Referências



CARIBE, C. E. PARA A A. L. E O. A CEPAL alerta que as taxas de pobreza na América Latina em 2022 se mantêm acima dos níveis pré-pandemia. Disponível em: .Acesso em: 9 jun. 2024.

MINAYO, M. C. S.; ASSIS, S. G.; SOUZA, E. R. Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais 3. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010. p. 244.


ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Histórico da pandemia de COVID-19 - OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde. Disponível em: .Acesso em: 9 jun. 2024.

Fonte(s) de financiamento: Ministério da Saúde/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.


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