Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC4.7 - Rede de Atenção à pessoas portadoras de Doenças Transmissíveis

50766 - CIRCUITO RÁPIDO PARA MANEJO DA DOENÇA AVANÇADA PELO HIV COMO ESTRATÉGIA PARA MITIGAR A MOBIMORTALIDADE POR AIDS NO BRASIL.
ALEXSANDRA FREIRE DA SILVA - CGAHV/DATHI/SVSA/MS, TAYRINE HUANA DE SOUSA NASCIMENTO - CGAHV/DATHI/SVSA/MS, MARCELA VIEIRA FREIRE - CGAHV/DATHI/SVSA/MS, RONALDO CAMPOS HALLAL - CGAHV/DATHI/SVSA/MS, PAULO ROBERTO ABRÃO FERREIRA - CGAHV/DATHI/SVSA/MS, BEATRIZ BRITTES KAMIENSKY - CGAHV/DATHI/SVSA/MS, ANA CRISTINA GARCIA FERREIRA - FIOCRUZ, ANA ROBERTA PATI PASCOM - CGAHV/DATHI/SVSA/MS, ISABELA ORNELAS PEREIRA - CGAHV/DATHI/SVSA/MS, LUCIANA DE MELO NUNES LOPES - CGAHV/DATHI/SVSA/MS


Contextualização
Em 2022, eram estimadas um milhão de pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) no Brasil. Dentre aquelas que chegaram aos serviços de saúde pública, em 2023, aproximadamente 28% foram diagnosticadas com doença avançada pelo HIV, caracterizada pela contagem de LT-CD4<200 células/mm³. Além disso, 66.000 PVHA perderam o acompanhamento clínico ou interromperam o tratamento antirretroviral no mesmo ano. O Ministério da Saúde desenvolveu, então, com apoio do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o Circuito Rápido para Manejo da Doença Avançada pelo HIV (CR-DAHIV) com o intuito de fortalecer a governança e as redes de saúde, bem como implementar ferramentas de gerenciamento clínico das PVHA. Para implementação do projeto, foram selecionados cinco estados a partir da análise das proporções de diagnóstico tardio, perda de seguimento, e dos coeficientes de mortalidade por aids, sendo eles: Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. O CR-DAHIV constitui, desse modo, uma ruptura de paradigma na assistência às PVHA ao introduzir a priorização da atenção às pessoas com sinais e sintomas sugestivos de imunossupressão grave e implementar a utilização de testes point of care (testes diagnósticos rápidos) para rastreio de tuberculose, criptococose e histoplasmose, exames estratégicos para reduzir a mortalidade por aids no país.

Descrição da Experiência
O CR-DAHIV foi implementado em 22 cidades de cinco estados brasileiros. Foram realizadas análises formativas para verificar as lacunas nas instalações e nos cuidados de saúde, além de reuniões de capacitação com profissionais para promover o acesso aos cuidados em saúde das PVHA, que tiveram como foco evitar hospitalizações e qualificar a identificação de infecções oportunistas que possam ter impacto na mortalidade. Essas ações incluíram a realização de exames rápidos LT-CD4+, testes LF-LAM para identificação de lipoarabinomanano, antígeno urinário para identificação da histoplasmose (Histo-Ag) e LF -CrAg para identificação do antígeno criptocócico. Nesse sentido, a implementação do CR-DAHIV promoveu a vinculação das PVHA a uma série de cuidados a partir da realização dos testes, a profilaxia, o tratamento de infecções oportunistas, o tratamento preventivo da tuberculose (TPT) e a rápida introdução do tratamento antirretroviral (Tarv). Foi desenvolvido, também, no sistema de dispensação de antirretrovirais, um módulo específico para inserção de dados do circuito (Siclom-DA), além de um dashboard para o monitoramento online. Eles fornecem aos profissionais e gestores participantes do projeto informações relacionadas ao número de PVHA com doença avançada inseridas no CR-DAHIV, a indicadores clínicos e sociodemográficos, à realização de profilaxias e ao tempo de início da Tarv.

Objetivo e período de Realização
O CR-DAHIV foi implementado em 22 cidades de cinco estados brasileiros. Foram realizadas análises formativas para verificar as lacunas nas instalações e nos cuidados de saúde, além de reuniões de capacitação com profissionais para promover o acesso aos cuidados em saúde das PVHA, que tiveram como foco evitar hospitalizações e qualificar a identificação de infecções oportunistas que possam ter impacto na mortalidade. Essas ações incluíram a realização de exames rápidos LT-CD4+, testes LF-LAM para identificação de lipoarabinomanano, antígeno urinário para identificação da histoplasmose (Histo-Ag) e LF -CrAg para identificação do antígeno criptocócico. Nesse sentido, a implementação do CR-DAHIV promoveu a vinculação das PVHA a uma série de cuidados a partir da realização dos testes, a profilaxia, o tratamento de infecções oportunistas, o tratamento preventivo da tuberculose (TPT) e a rápida introdução do tratamento antirretroviral (Tarv). Foi desenvolvido, também, no sistema de dispensação de antirretrovirais, um módulo específico para inserção de dados do circuito (Siclom-DA), além de um dashboard para o monitoramento online. Eles fornecem aos profissionais e gestores participantes do projeto informações relacionadas ao número de PVHA com doença avançada inseridas no CR-DAHIV, a indicadores clínicos e sociodemográficos, à realização de profilaxias e ao tempo de início da Tarv.

Resultados
O CR-DAHIV treinou 5.653 profissionais de saúde e atendeu a 2.651 PVHA de junho a dezembro de 2023, com o seguinte perfil sociodemográfico: idade entre 25 e 39 anos de 83% (n = 2.188), com sete anos ou menos de escolaridade 43% (n = 1.140) , negros 73% (n=1935), homens que fazem sexo com homens 22% (n=583) e transexuais 5% (n=133). 663 PVHA (25%) foram abordados por estratégia de busca ativa devido à contagem LT-CD4+ <200 células/mm3; 1.034 (39%) buscaram os serviços após diagnóstico recente de infecção pelo HIV e 954 (36%) buscaram o serviço espontaneamente devido à presença de sintomas. Foram realizados 2.460 testes LF-LAM (28% positivos), 2.446 testes LF-CrAg (3,3% positivos) e 2.026 testes-Histo-Ag (5,8% positivos). No total, 1.383 PVHA (57%) receberam profilaxia para toxoplasmose e pneumocistose com sulfametoxazol-trimetoprim e 1.843 (76%) iniciaram Tarv, 66% desses nos primeiros sete dias após a inclusão no circuito rápido, conforme preconizado pelo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da infecção pelo HIV em adultos, 2023.

Aprendizado e Análise Crítica
A análise da implementação do projeto piloto do Circuito Rápido destaca a importância da capacitação das equipes e apoio à organização dos serviços de saúde para realização dos testes point of care na população atendida, considerando a elevada taxa de positividade dos testes. Houve adesão significativa ao pacote de medidas, incluindo estruturação de fluxogramas de atendimento, articulação de redes para acompanhamento e retaguarda hospitalar. Existem desafios inerentes ao processo de implementação em populações socialmente vulnerabilizadas e em serviços com infraestruturas diversas, incluindo sobrecarga de trabalho para as equipes multiprofissionais. O diagnóstico no local de atendimento pode representar uma mudança de paradigma no cuidado às PVHA e representar uma resposta à mortalidade por aids no Brasil.

Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissível. Relatório de monitoramento clínico do HIV 2022 [recurso eletrônico] – Brasília, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/publicacoes/2023/relatorio-de monitoramento-clinico-do-hiv-2022.pdf. Acesso em: 27 de maio de 2024.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissível. Página eletrônica: Circuito Rápido da Doença Avançada. Disponível em: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMjVmODg2MjYtMzY2Yy00YmJhLTg1MTYtOTQ5NjE3MWUwODdmIiwidCI6IjZjMzhiMTU4LWI4OGItNGZjNS04NDkxLTFjNWI0NmI3NDJhYyJ9&pageName=ReportSectionab801cb479b468f0c4b2, acesso em: 27 de maio de 2024.


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