49779 - TUBERCULOSE E SEUS DESAFIOS: UMA BUSCA PELO AUMENTO E QUALIFICAÇÃO DO RASTREAMENTO EM UMA CLÍNICA DA FAMÍLIA EM BANGU. LUANA XAVIER DE CASTRO - SMS RJ, SILVIANA RODRIGUES DE PAIVA - ENSP FIOCRUZ, VÂNIA MARA SIMAS FARIAS - SMS RJ, YARA WALERIA LOPES DE BRITO DA CRUZ - ENSP FIOCRUZ, JAQUELINE ALVES RIBEIRO ROCHA - ENSP FIOCRUZ, LEON PEREIRA DE OLIVEIRA - ENSP FIOCRUZ, RAYANE FERNANDES DA SILVA MACHADO - ENSP FIOCRUZ, MARCELLE DE PAULA FIGUEIRA - ENSP FIOCRUZ, EDNEA COSTA RODRIGUES DA SILVA - SMS RJ, TAINARA ROBERTA MARTINS CARDOSO - SMS RJ
Contextualização A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa com elevados índices de morbimortalidade.Segundo o boletim epidemiológico em em 2023 foram notificados 80.012 novos casos, um coeficiente de incidência de 37,0 para cada 100 mil habitantes . Em 2022, é estimado que 10. 6 milhões de pessoas no mundo desenvolveram TB (Brasil,2024). O Brasil possui, desde 2017, um plano estratégico de TB alinhado à agenda global da doença. O “Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública” ( Brasil, 2021).
Ao avaliar os dados do estado do Rio de Janeiro,em 2023 a incidência foi de 70,7 para 100 mil habitantes. E enquanto o coeficiente de mortalidade nacional em 2022 foi 2,72 óbitos para cada 100 mil habitantes, o RJ foi o segundo estado com maior coeficiente de mortalidade, alcançando 4,7.
Segundo Teixeira (2023) a forma pulmonar tem grande relevância, por favorecer a transmissão do patógeno, o que evidencia a importância do diagnóstico para o controle da doença e a consequente quebra da cadeia de transmissão. Com isso entende-se a importância do planejamento de ações voltadas para a ampliação e qualificação do rastreamento de TB.
Descrição da Experiência A partir da avaliação dos dados referentes ao rastreamento de tuberculose, de 2015 a 2023 da CF Fiorello Raymundo (CFFR), somado aos dados referentes ao acompanhamento e desfecho em SINAN, foi entendida a necessidade do planejamento de um projeto de ação para combate, prevenção e tratamento para tuberculose. O primeiro passo foi analisar as equipes para identificar aquelas com mais vulnerabilidades e/ou casos confirmados de tuberculose.
Após essa identificação a unidade foi subdividida em três grupos distintos, nos quais as 42 microáreas do território foram alocadas. Do primeiro para o terceiro grupo seguem as microáreas entendidas como mais graves para as menos graves. É importante pontuar que o território é vivo e que essa avaliação tem um recorte temporal.
O projeto divide-se em cinco principais fases:1) avaliação epidemiológica e construção do planejamento; 2) rastreamento com o primeiro grupo, que engloba as microáreas com mais casos e vulnerabilidades; 3) rastreamento com o segundo grupo; 4) rastreamento com o terceiro grupo; 5) avaliação dos resultados.
Foi construído um grupo de trabalho com um ACS de cada equipe, com a gestora e com a profissional de educação física-residente. O grupo foi responsável pelo planejamento, monitoramento das ações e atuará na avaliação final. Como meta, espera-se realizar a coleta de escarro em 1% da população cadastrada.
Objetivo e período de Realização O objetivo desta experiência foi melhorar o rastreamento de TB no território da CFFR, ampliar o conhecimento dos ACS sobre a TB, assim como aumentar o protagonismo dessa categoria referente a esse agravo. Outro ponto importante é referente às entrevistas realizadas que possuem como objetivo identificar casos suspeitos e contatos de TB, e identificar vulnerabilidades. O período de realização foi de fevereiro de 2024 com previsão de término em dezembro de 2024.
Resultados Na 2ª fase foram identificadas algumas dificuldades no rastreamento: recusa na realização do teste de escarro, recusa em receber a equipe de saúde, residências com moradores que estudam e/ou trabalham longe e só ficam em casa nos horários em que a CCFR não está aberta. Essas dificuldades impuseram à equipe a necessidade de construção de novas estratégias.
Foram entrevistadas cerca de 700 pessoas maiores de 18 anos, com duas faixas etárias predominantes: entre 40 e 49, e 60 a 69 anos, com 71% do sexo feminino. No questionamento sobre a presença de sintomas em algum morador da residência 7,11% responderam que sim, e sobre diagnóstico confirmado de TB 2,54% das pessoas entrevistadas tiveram na residência alguém com TB nos últimos anos.
Em relação a coleta de escarro, foram identificados 2 usuários com critério clínico para coleta. Ambos com DNA para o Complexo Mycobacterium tuberculosis não detectável. Contudo a unidade teve um aumento de coleta de amostras desde o início do projeto.
Aprendizado e Análise Crítica A Partir das dificuldades encontradas foi pensado em um caminho de rastreamento paralelo ao projeto, no qual ocorrerá uma avaliação dos pacientes que procuraram a unidade por vezes seguidas em função de sintomas respiratórios e dos pacientes com CID ativo de HIV. Esse segundo caminho pode vir a alcançar pacientes que não foram encontrados em casa nas ações de rastreamento.
Foi percebida também a necessidade de retomada das ações educativas em saúde no território, visto as recusas da população em conversar com a equipe sobre TB ou em realizar o teste. Contudo, apesar da expectativa de aumento significativo de coleta de escarro não ter ocorrido, foi percebida uma aproximação da população com a equipe e gestão da unidade. Diversas outras necessidades e demandas foram identificadas nas ações, assim como moradores novos que ainda não tinham cadastro.
Na unidade historicamente as equipes tendem a se concentrar nas suas próprias microáreas e nesse projeto foi percebido que essas “fronteiras” ficaram borradas, com uma forte integração das equipes, com a ampliação do conhecimento do território entre os profissionais, o que consideramos uma potência.
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasil Livre da Tuberculose: Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública: estratégias para 2021-2025. Brasília, DF: Ministério da Saúde,2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/tuberculose/brasil-livre-da-tuberculose/view. Acesso em: 27 mai. 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Tuberculose 2024. Boletim epidemiológico, Brasília, DF, n. esp., mar. 2024. Disponível em: file:///C:/Users/GERENTE/Downloads/Boletim%20Epidemiol%C3%B3gico%20de%20Tuberculose%20-%20N%C3%BAmero%20Especial%20-%20Mar.%202024.pdf. Acesso em: 27 mai. 2024.
TEIXEIRA, L. M. et al.. Concepções sobre tratamento e diagnóstico da tuberculose pulmonar para quem a vivencia. Escola Anna Nery, v. 27, p. e20220156, 2023.
Fonte(s) de financiamento: Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
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