53585 - MORTALIDADE MATERNA: AVALIAÇÃO DO FÓRUM MATERNO INFANTIL COMO ESTRATÉGIA DE QUALIFICAÇÃO DA ATENÇÃO NO CICLO GRAVÍDICO E PUERPERAL EM SÃO PAULO ADRIANA DIAS - SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO- SES SP, SILVIA HELENA BASTOS DE PAULA - INSTITUTO DE SAÚDE
Apresentação/Introdução A morte materna (MM) é definida como o óbito que ocorre com a mulher no período da gravidez ou no período após o parto, até 42 dias, independente da duração e local da gestação, relacionada a qualquer causa ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, excluindo as causas acidentais e incidentais. A percepção dos indicadores de Morbidade e Mortalidade Materna como um grave problema de Saúde Pública e minha inserção na gestão da área técnica de Saúde da Mulher da Secretaria de Estado de São Paulo, explica a realização deste estudo sobre a implementação da estratégia dos Fóruns Materno infantil e sobre ações que potencialmente pudessem contribuir para qualificação da atenção com o propósito de alcançar a redução da mortalidade materna. Este estudo justifica-se pela necessidade de melhorar os indicadores de saúde materna e analisar os resultados da implementação da estratégia dos fóruns na promoção de integração e qualificação de serviços e melhoria da qualidade da assistência prestada na rede materno-infantil nos três níveis de atenção da RRAS 3 – Franco da Rocha.
Objetivos O objetivo foi avaliar a implementação dos fóruns, suas potencialidades e limitações como instrumento para o fomento do trabalho em rede e os desafios da aplicação dos fóruns para qualificação da assistência materno-infantil como condição para melhoria dos indicadores de mortalidade materna e evitar desfechos desfavoráveis para o ciclo gravídico puerperal.
Metodologia Estudo descritivo com elementos de análise de implementação da estratégia do Fóruns. A coleta de dados foi feita com base na RRAS 3 – Franco da Rocha de 2019 a 2023 em 2 fases: a primeira foi descritiva sobre a estrutura e o processo de funcionamento do fórum; e a segunda fase foi avaliativa e qualitativa por meio de entrevistas com gestores em momento prévio e pós a implementação do fórum. Estudo descritivo, de métodos mistos e retrospectivo. Foi feita avaliação participativa do processo de implementação com analise de suas contribuições para a estratégia de aprimoramento da rede de atenção ao ciclo gravídico e puerperal. A análise de implementação considerou uma variedade de fatores que influem na execução da intervenção, incluindo aspectos contextuais, processos de interação entre diferentes atores e componentes, além de avaliar resultados e impactos alcançados no sentido de aproximar políticas, estratégias e práticas. Foram feitas entrevistas e coleta de dados secundários em bancos dos sistemas de informações e registros das reuniões e seus foram transcritos e agrupados por categorias e submetidos à análise temática de conteúdo proposta por Minayo (2018).
Resultados e Discussão Os Fóruns se realizaram através de encontros que foram requisitados pelo Departamento Regional de Saúde I representados pelo Centro de Apoio Regional à Saúde (CARS) representados na figura do Diretor de Saúde. A periodicidade do encontro de acordo com a demanda da região, o cronograma anual a cada 2 ou 3 meses, agendamento foi realizado pelo Coordenador do fórum ao final de cada sessão confirmando a data junto aos participantes. As pautas dos encontros foram definidas com posterior encaminhamentos aos gestores, sempre tendo como ponto de partida os movimentos e demandas da rede de atenção, que por sua vez tomou como consideração o caminhar das usuárias inseridas no ciclo gravídico, puerperal e neonatal.
As estratégias de implementação, descritas como facilitadores do processo de configuração das mudanças das práticas de saúde e, geralmente, possuem uma estratégia geral de implementação combinada com uma série de estratégias. (PROCTOR, 2013).A aposta nesse modelo de trabalho em rede refletiu-se em uma abordagem mais colaborativa e coordenada na atenção materno-infantil. Os movimentos internos se traduziram em melhorias na estrutura organizacional e na abordagem da assistência, enquanto os movimentos externos concentraram-se em alinhar a instituição com os parceiros na rede. Isso resultou na promoção da integralidade do cuidado, em que a assistência é vista de maneira centrada nas necessidades das usuárias. Para incorporar e sustentar essa proposta, ficou evidente que o engajamento ativo dos gestores e profissionais é essencial. Eles desempenham um papel fundamental na garantia da sustentabilidade da estratégia. O engajamento não apenas assegura a implementação inicial, mas também promove a continuidade e a adaptação contínua da estratégia para atender às necessidades em evolução.
Conclusões/Considerações finais Os fóruns proporcionam um espaço para análise, discussão e implementação de ações que visam melhorar a qualidade do atendimento, prevenir riscos e garantir a segurança da saúde materna. São importantes estratégia para a troca de conhecimentos e experiências, promovendo uma abordagem integrada e multidisciplinar. Os Fóruns na rede de atenção materno infantil vão além da abrangência da rede básica de saúde, permitindo análise aprofundada das características das usuárias, bem como da estrutura de gestão da rede como um todo.
O modelo proposto sugere intervenções em vários pontos da rede de atendimento na área de atenção materno infantil, com foco na integralidade. Inclui não apenas os aspectos médicos das doenças, mas o contexto social que pode influir no bem-estar das usuárias. Essa abordagem visa proporcionar um cuidado integral, respeitando as diversas dimensões da saúde e bem-estar das mulheres e seus bebês durante o ciclo gravídico-puerperal.
Referências
Brasil, Portaria MS 715 (2022):20. disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-715-de-4-de-abril-de-2022- 391070559
Brasil "Manual dos Comitês de Mortalidade Materna/Ministério da Saúde." 2009.
Dias, A., Chead, D. D., Lima, M. F., Ricardes, R., & Santos, S. (2021). Fóruns de Discussão e Matriciamento de Profissionais de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo para o Enfrentamento à Morte Materna e Infantil Durante a Pandemia de COVID-19. BEPA. Boletim Epidemiológico Paulista, 18(208).
Lima G C, Ribeiro FS. Bastos SH, Lucena FS. Estratégias na implementação do Plano Parto: fortalezas e fragilidades levantadas na experiência do município de Franco da Rocha. BIS, Bol. Inst. Saúde (Impr.); 22(2): 29-40, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.52753/bis.v22i2.38630.
Fonte(s) de financiamento: Fontes: Recursos estruturais do PPP Mestrado Profissional em Saúde Coletiva do IS e das autoras.
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