52641 - OFICINA DE QUALIFICAÇÃO MATERNO E INFANTIL PARA EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA: APRENDENDO A PARTIR DAS FRAGILIDADES DO CUIDADO SAMANTHA DE JESUS ANDRADE - SESAB/NRS NORDESTE, RAFAELA MEIRA BARRETO - SESAB/NRS NORDESTE, DANIELE SANTOS DE JESUS VIEIRA - SESAB/NRS NORDESTE, TAINARA LEAL SILVA - SESAB/NRS NORDESTE
Contextualização O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas(Ministério da Saúde, 2016). Um Pré Natal de qualidade impacta diretamente no no desfecho da gestação e portanto, se apresenta como uma tecnologia essencial para a redução da morbimortalidade materna e infantil. Na Bahia, no período de 2016 a 2020, foram notificados 25.741 óbitos de Mulheres em Idade Fértil (MIF), desse total 2,4% (621/25.741) são óbitos maternos (causas obstétricas diretas e indiretas). A Razão da Mortalidade Materna (RMM), analisada para o mesmo período, foi de 62,4 mortes por 100.000 Nascidos Vivos (NV), índice considerado alto segundo parâmetro da Organização Mundial da Saúde (OMS).A oficina de Qualificação Materno e Infantil surge a partir da necessidade identificada pelas equipes de gestão da saúde dos municípios da região Nordeste da Bahia em melhorar o cuidado prestado durante a sua população.
Descrição da Experiência A oficina de qualificação Materno e Infantil foi uma oferta feita pela equipe de Apoio Institucional da Atenção Básica para os trabalhadores das equipes de saúde da Família dos municípios da Região Nordeste da Bahia. A sua construção se deu em duas etapas etapas: 1ª - Análise das fichas de pré-natal das equipes de saúde da família dos municípios que solicitaram a oficina - através do estabelecimento de critérios de pontuação para classificar o pré natal de cada Equipe e; a elaboração da oficina, propriamente dita - a partir das fragilidades identificadas na análise de prontuário. A oficina foi desenvolvida no ano de 2020 e 2021 envolvendo todos os trabalhadores da equipe de saúde da família do município com duração de 3 dias com carga horária de 24h. A problematização e a metodologia ativa foram amplamente utilizadas na perspectiva de provocar reflexões mais aprofundadas sobre o cuidado, bem como favorecer os vínculos entre os membros das equipes, ratificando a importância de ações de cuidado articuladas. Durante os três dias de oficina foram trabalhadas questões sobre o pré natal de risco habitual e alto risco, aleitamento materno, rede de atenção à saúde materno e infantil, saúde bucal do binômio, gestão do cuidado, matriciamento e educação em saúde.
Objetivo e período de Realização Oferecer qualificação para os trabalhadores da Estratégia de Saúde da Família no cuidado Materno e Infantil, de forma singularizada, a partir das fragilidades identificadas na análise das fichas pré -natais, contribuindo para a redução da morbimortalidade materna e infantil, no ano de 2020, na Região de Saúde Nordeste do Estado da Bahia.
Resultados A oficina foi realizada em 03 municípios da região envolvendo aproximadamente 250 trabalhadores e profissionais da saúde, entre eles: médicos, enfermeiros, cirurgiões dentistas, agentes comunitários de saúde e de endemias, equipe Nasf, apoiadores institucionais do município. A adesão foi alta, incluindo a categoria médica, uma vez que, para adesão à proposta da oficina uma das responsabilidades da gestão municipal era garantir a liberação de todos os trabalhadores. A participação também foi muito positiva uma vez que as metodologias propostas incentivaram a articulação e interação entre os participantes.
Aprendizado e Análise Crítica O processo de avaliação da oficina realizada pelos trabalhadores envolvidos e pela gestão municipal foi positivo. O ponto forte mais presente foi a utilização da abordagem a partir das fragilidades e potencialidades identificadas na análise da ficha pré-natal, o que proporcionou um significado sobre o processo de qualificação. O desafio mais citado foi a saída dos trabalhadores da unidade por três dias consecutivos, o que exigiu uma organização e planejamento por parte da coordenação da atenção básica para que os usuários da área não ficassem desassistidos. Torna-se necessária avaliação de impacto após realização da oficina para verificar mudanças na prática do cuidado, além da necessidade de ajustes e nova formatação na perspectiva de solucionar o desafio posto pelo município.
Referências Guimarães EMP, Martin SH, Rabelo FCP. Educação Permanente em Saúde: Reflexões e desafios. Cienc. enferm. [internet]. 2010 [acesso em 2018 jan 20]; 16(2):25-33. Disponível em: https://scielo.conicyt.cl/pdf/cienf/v16n2/art_04.pdf
Campos KFC, Sena RR, Silva KL. Educação permanente nos serviços de saúde. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. 2017 ago; 2(4):1-10.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Política de Educação Permanente e Desenvolvimento para o SUS: caminhos para educação permanente em saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2004. 68 p. (Série C. Projetos, Programas e Relatórios).
Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica : Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília : Ministério da Saúde, 2016.
230 p. : il.
|