Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC4.6 - Rede de Atenção à saúde materno-infantil (2)

50933 - PERCEPÇÃO DE GESTANTES DE RISCO SOBRE O CUIDADO NO TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO
DÉBORA DE SOUZA VIEIRA - UNIFOR, WALESKA BENÍCIO DE OLIVEIRA CARVALHO - UNIFOR, VÂNIA KRISNA DE OLIVEIRA ALBUQUERQUE - UNIFOR, FERNANDA VERAS VIEIRA FEITOSA - UNIFOR, LUIZA JANE EYRE DE SOUZA VIEIRA - UNIFOR, RAIMUNDA MAGALHÃES DA SILVA - UNIFOR, ISABELLE CERQUEIRA SOUSA - UNICHRISTUS


Apresentação/Introdução
A gestação pode acarretar profundas transformações biopsicossociais, que necessita de assistência integral para garantir a saúde e o bem-estar do binômio mãe-feto. Apesar dos avanços na área da saúde, essa fase pode ser permeada por desafios, sendo fundamental a qualidade do cuidado prestado para identificação precoce de anormalidades (Antoniazzi; Siqueira; Farias, 2019; Vieira et al., 2019). Algumas gestantes são diagnosticadas com gestação de risco, o que demanda em certos casos de tratamentos e hospitalização. Esse cenário pode desencadear insegurança, desamparo e temores, que podem ser potencializados pelo distanciamento do seu lar e familiares. Essa situação pode ser estressora, no qual o sujeito se coloca em um momento imprevisível, exigindo cuidados (Souza, 2020). Esse cenário é repleto de desafio para os prestadores de cuidados de saúde, necessitando de planejamento terapêutico e instalações hospitalares adequadas. Sendo significativo priorizar a melhoria das práticas de acolhimento e acompanhamento, respeitando as necessidades de saúde da mãe e do feto (Naidon et al., 2018). Visto que o cuidado concedido pelos profissionais de saúde é determinante para melhor enfrentamento e satisfação do paciente (Leite et al., 2022). Diante dessa conjuntura questionou-se sobre a percepção de gestantes de risco hospitalizadas frente ao cuidado recebido pelos profissionais.



Objetivos
A presente pesquisa apresentou um panorama dos benefícios e desafios enfrentados pelas gestantes que experienciaram uma gestação de risco e propôs práticas para melhoria contínua dos serviços de saúde materna e infantil. Dessa forma, o estudo objetivou analisar as percepções de gestantes de risco hospitalizadas defronte ao cuidado recebido pelos profissionais de saúde, no percurso do tratamento e recuperação.


Metodologia
Trata-se de um estudo intervencionista, de abordagem qualitativa. Nesse tipo de pesquisa os resultados obtidos não podem ser mensurados na realidade, pois são avaliados os aspectos subjetivos e particulares de cada participante (Minayo, 2014). A pesquisa foi desenvolvida em uma maternidade pública, de nível terciário, situada no município de Fortaleza Ceara, que oferece assistência na área de obstetrícia e ginecologia. Foram selecionadas por conveniência 19 gestantes, com idade a partir de 18 anos, internadas na instituição com diagnóstico de gestação de risco. Os dados foram coletados no período de março a junho de 2022 por meio de entrevistas semiestruturadas, individualmente, com duração de 20 a 60 minutos. O material obtido percorreu um processo de pré-análise, exploração e interpretação dos dados obtidos por meio da modalidade temática. Os resultados foram agrupados quanto ao cuidado, tratamento e recuperação. Para preservar a confidencialidade, as falas foram codificadas com as iniciais G (Gestante) de acordo com a sequência das entrevistas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza conforme o parecer 5.266.585.



Resultados e Discussão
As participantes situam-se na faixa etária superior a 18 anos, com predomínio de 30 a 35 anos. Foi percebido que as gestantes se sentiram seguras, cuidadas e acolhidas, apesar da expressão de sentimento de insegurança e anseios. Durante o tratamento e recuperação explanaram preocupações sobre o bem-estar do seu bebê, o que desencadeou medo de perdê-lo, porém sentiram-se confiantes frente ao trabalho dos profissionais de saúde. Conforme visto o relato a seguir: “Me sinto segura, estou no lugar certo para ser cuidada, ter um parto sem risco” (G4). Para Souza (2020), a tranquilidade em relação à saúde do bebê e a confiança na recuperação, se dá por meio de cuidado profissional com responsabilidade, sendo fundamentais para o bem-estar emocional da gestante. Percebeu-se nos discursos que o processo de internação foi difícil, mas com a ajuda dos profissionais envolvidos foi mais fácil enfrentar o momento vivenciado, segundo o relato: “mesmo sendo difícil a internação, com essa equipe foi mais fácil enfrentar”. (G7) A análise das falas das gestantes revelou aspectos importantes sobre a percepção do cuidado recebido durante a gestação de risco. Segundo as participantes, o cuidado se manifesta não apenas em ações médicas, mas também no suporte emocional e na atenção aos detalhes, conforme percebeu-se na fala seguinte: “se não tivesse sido bem acolhida aqui, não estaríamos bem” (G10). Essas observações estão em consonância com a literatura existente, que enfatiza a importância de um cuidado holístico na saúde materna (Leite et al.,2022). As falas das entrevistadas corroboram aos achados de Silva, Santos e Passos (2022), ao expressarem suas preocupações, sentimentos de segurança e percepções acerca do tratamento recebido, ecoam esses conceitos amplamente discutidos na literatura.


Conclusões/Considerações finais

Este estudo ressalta a importância de um cuidado holístico na saúde materna, abrangendo não apenas aspectos clínicos, mas também emocionais, psicológicos e sociais. As experiências das gestantes enfatizam a necessidade e relevância de um tratamento empático e inclusivo, que considera as preocupações individuais e as expectativas em relação ao tratamento e recuperação. Sendo necessário que haja uma junção multiprofissional para que elas se sintam cuidadas e acolhidas nesse processo. Os achados apontam para ampliação de políticas e práticas de saúde materna eficazes, acessíveis e equitativas, visando melhorar a qualidade do cuidado e o bem-estar das gestantes durante um gestar em meio a riscos. Percebeu-se que ainda há necessidade de ambientes que transmitam acolhimento, principalmente em questões emocionais, pois muitas gestantes apresentaram diversas inseguranças nesse período, o que de certo modo desencadeiam agravos em seu estado de saúde e do feto.


Referências
-ANTONIAZZI, M. P. Aspectos psicológicos de uma gestação de alto risco em primigestas antes e depois do parto. Pensando fam , Porto Alegre, vol.23, n.2, pp.191-207, 2019. Disponível:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1679-494X2019000200015. Acesso em : 19 abril. 2024.

-NAIDON, . M. et al.. GESTAÇÃO, PARTO, NASCIMENTO E INTERNAÇÃO DE RECÉM-NASCIDOS EM TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE MÃES. Texto & Contexto - Enfermagem, v. 27, n. 2, p. e5750016, 2018 .DOI:https://doi.org/10.1590/0104-070720180005750016 . Disponível:https://www.scielo.br/j/tce/a/rzz6T4SY7B73g45Nwqyxt7B/?format=pdf&lang=pt.Acesso: 10 fev. 2024

-LEITE, M. D. et al. Maternal feelings during the puerperium: a literature review . Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 1, p. e2011123206, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i1.23206. Disponível:https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/23206. Acesso em: 9 feb. 2024.

Fonte(s) de financiamento: Fundação Edson Queiroz/FEQ - PROBIC


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