54163 - DESAFIOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NO CUIDADO ÀS GESTANTES E PUÉRPERAS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 NO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
THAMYRES ROCHA CARVALHO - UFMT, JULIANA FERNANDES KABBAD - UFMT, ELYANA TEIXEIRA SOUSA - UFMT, FRANCINE NESELLO MELANDA - UFMT, LIDIANE MARA DE ÁVILA E SILVA - UFMT
Apresentação/Introdução
Introdução – A pandemia de COVID-19 afetou, a partir de 2019, milhares de pessoas no Brasil e no mundo, incluindo mulheres durante o ciclo gravídico puerperal. Gestantes com COVID-19 apresentaram maior evolução nos quadros moderados e graves, nos quais a morte materna ocorreu em 0,6% a 2% das pacientes (Boushra, Koyfman, Long, 2021).
No Brasil, as três principais responsáveis pela mortalidade materna no período pandêmico foram a demora para identificar e testar mulheres grávidas com COVID-19, o atraso para admitir mulheres no âmbito hospitalar com COVID-19 e o atraso do tratamento adequado nas UTI’s (Diniz; Brito; Rondon; 2022).
Ainda existem grandes preocupações sobre os efeitos diretos e indiretos da pandemia, no contexto do acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para esse grupo. Além das condições fisiológicas, clínicas, procedimentos eletivos, entre outros, o serviço de assistência obstétrica não pode ser suspenso ou adiado, comparado a outros serviços de saúde, além de, muitos locais possuíam poucos recursos para a garantia dos cuidados adequados nesse período (Trocado et al., 2020).
Questiona-se quais foram os desafios aos serviços de saúde no cuidado às gestantes e puérperas em um contexto de reorganização de serviços para atender uma emergência de saúde pública.
Objetivos
Objetivo – Identificar, a partir da literatura científica, os desafios dos serviços de saúde no cuidado às gestantes e puérperas durante a pandemia de COVID-19 no Brasil.
Metodologia
Metodologia – O estudo foi realizado por meio de uma revisão integrativa, a partir da pergunta norteadora: quais os desafios dos serviços de saúde no cuidado às gestantes e puérperas durante a pandemia da COVID-19 no Brasil? Foi utilizada a ferramenta acrônimo PICo, onde P – População ou problema de saúde (o ciclo gravídico puerperal); I – Fenômeno de interesse (os desafios no serviço de saúde); Co – Contexto (pandemia de COVID-19 no Brasil). A busca bibliográfica foi realizada em junho de 2023 nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde e PUBMED, a partir da combinação de descritores: gravidez, puerpério, gestação, COVID-19, pandemia e SARS-COV 2 (e seus correspondentes em inglês), artigos realizados no Brasil, nos idiomas inglês, português e espanhol, no período de 2020 a 2022. Foram excluídas as teses e dissertações, artigos que não possuíam resumo, artigos de revisão ou de opinião, relatos de experiência, e os não disponíveis na íntegra.
A extração dos dados dos artigos selecionados, que compôs os resultados deste estudo, foi realizada por meio um formulário elaborado pelas autoras. Para a análise e interpretação dos dados foi utilizada a análise temática de Minayo.
Resultados e Discussão
Resultados – Foram incluídos no estudo oito artigos, apresentando os desafios dos serviços de saúde no cuidado às gestantes e puérperas durante a pandemia da COVID-19 no Brasil. Na tentativa de preservar as gestantes e puérperas da contaminação por COVID-19, a assistência à saúde da gestante se modificou durante a pandemia. Houve o fechamento de unidades de saúde, a diminuição do número de consultas, limitações de recursos humanos, alterações no planejamento de parto, rearranjo de leitos com separação mãe/filho, diminuição de recomendações de promoção ao aleitamento materno e o impedimento de doação de leite materno humano e da presença do acompanhante na sala de parto; práticas que impactaram o acesso ao pré-natal, às consultas, vacinação e parto para mulheres que gestaram no período pandêmico.
A pandemia de COVID-19 impactou em diversas áreas da assistência ao ciclo gravídico puerperal, envolvendo condições clínicas, sociais e assistenciais, que podem elevar as taxas de morbimortalidade materna de forma global. A insegurança de tratamento e transmissão do vírus gerou comprometimento na qualidade da assistência materna (Lopes et al., 2020).
Além disso, com a pandemia, o progresso do Brasil na implementação de prática de parto respeitosa e humanizada teve uma considerável queda, prejudicando o direito das mulheres, principalmente no momento de parto, onde se encontram mais vulneráveis (Villar et al., 2021).
Conclusões/Considerações finais
Considerações Finais – No Brasil, há incipiente produção científica que descreva e aprofunde os desafios dos serviços de saúde no cuidado às gestantes e puérperas durante a pandemia de COVID-19. A literatura indica que foi desafiador ter que reorganizar o atendimento das gestantes no contexto de crise sanitária, em relação aos serviços e à rede de assistência; além disso, a sobrecarga de trabalho e o adoecimento dos trabalhadores de saúde trouxeram desafios adicionais.
Dessa forma, se faz necessário mais estudos que descrevam quais aspectos foram desafiadores no cuidado ao ciclo gravídico puerperal no contexto da pandemia de COVID-19, no que diz respeito a estrutura, insumos, qualificação profissional, apoio aos trabalhadores da linha de frente, entre outros, na compreensão de como a pandemia afetou os serviços de saúde, e construir evidências de como se preparar para cenários semelhantes no futuro. Além disso, compreender o quanto a pandemia ainda impacta nos serviços de saúde.
Referências
BOUSHRA, M., KOYFMAN, A., LONG, B. COVID-19 in pregnancy and the puerperium: A review for emergency physicians. The American Journal of Emergency Medicine, PHL, PA, v. 40, p. 193-198, Feb. 2021.
DINIZ, D. BRITO, L. RONDON, G. Mortalidade materna e falta de cuidado centrado na mulher no Brasil durante a COVID-19: resultados preliminares de um estudo qualitativo. The Lancet Regional Health Américas. 2022.
LOPES, D., LEITE, V., SHIKDA, C., MONASTERIO, L. Covid-19: mitigação dos efeitos de longo prazo. Brasília: Enap, 2020.
TROCADO, V, MACHADO, J., AZEVEDO, L, MIRANDA, A, SILVA, C. Gravidez e COVID-19: uma revisão sistemática dos resultados maternos, obstétricos e neonatais. Jornal de Medicina Materno-Fetal e Neonatal. 2020.
VILLAR, J., ARIFF, S., GUNIER, R.., PAPAGEORGHIOU, A. Morbidade e mortalidade materna e neonatal entre mulheres grávidas com e sem infecção por COVID-19: estudo de coorte multinacional INTERCOVID. JAMA Pediatr. 2021.
Fonte(s) de financiamento: A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT – Processo FAPEMAT-PRO.000525/2023).
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