Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC4.5 - Rede de Atenção à saúde materno-infantil (1)

50606 - O RASTREAMENTO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS): PANORAMA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
ROSÂNGELA CAETANO - IMS/UERJ, FÁTIMA MEIRELLES PEREIRA GOMES - SMS RJ, RAPHAEL COSTA PINTO - ENSP, ERIVELTO SOARES DE MEDEIRO - SMS RJ, GESIANE DOS DANTOS TRIVINO - SMS RJ, ÉRICA CRISTINA DO NASCIMENTO RODRIGUES - IMS/UERJ, MÁRCIA SILVEIRA NEY - IMS / UERJ


Contextualização
O câncer é um problema de saúde pública no mundo, configurando como umas das principais causas de morte e da diminuição da expectativa de vida da população. Na maioria dos países, é a primeira ou segunda causa de morte antes dos 70 anos de idade. O impacto da incidência e da mortalidade por câncer está aumentando rapidamente no cenário mundial (Sung et al., 2021).
O Câncer de Colo do Útero (CCU), objeto do estudo, é um tumor maligno localizado no tecido epitelial do colo do útero, proveniente das multiplicações anormais e descontroladas nas células da superfície cervical, que se desenvolve de uma forma gradativa e lenta (Fonseca; Silva, D.; Silva, M., 2021). A estimativa mundial aponta como o quarto mais frequente em mulheres, com uma estimativa de 604 mil casos novos, representando 6,5% de todos os tipos de câncer em mulheres. (Sung et al., 2021).
O número estimado de casos novos do câncer do colo do útero para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 17.010, correspondendo a um risco estimado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres, enquanto a taxa de mortalidade, ajustada pela população mundial, foi 4,60 óbitos/100 mil mulheres, em 2020 (INCA, 2023).
Apesar de ser uma doença prevenível, curável, ainda apresenta elevada morbidade e mortalidade em países que não apresentam programas de prevenção organizados, como Brasil (Primo; Speck; Roteli-Martins, 2020).

Descrição da Experiência
O estudo descreve o processo de monitoramento e análise da realização de rastreamento para o câncer do colo do útero no município do Rio de Janeiro, os resultados de exames citopatológicos e o seguimento das mulheres registrados no Sistema de Informação do Câncer (SISCAN) no período de 2015 a 2022. A metodologia utilizada incluiu o levantamento do referencial teórico através da análise das produções bibliográficas encontradas na literatura para contextualização temática do estudo, a utilização de dados secundários e a obtenção dos achados disponibilizados no SISCAN com relação aos registros dos laudos de exames citopatológicos realizados pelas mulheres no período de análise. Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, de natureza descritiva, realizado no município do Rio de Janeiro, através de uma análise dos laudos de exames de citopatológicos registrados no SISCAN no período de 2015 a 2022.Com o estudo foi possível identificar a situação dos registros no SISCAN, considerando os resultados de exames citopatológicos normais e alterados, o acompanhamento e seguimento informado a respeito das mulheres que tiveram os exames citopatológicos registrados no SISCAN no período do estudo. Ressalta-se a importância da atenção primária à saúde nas ações para o controle efetivo e a prevenção do câncer do colo do útero na população.

Objetivo e período de Realização
Analisar o acompanhamento de mulheres detectadas com alterações celulares nos laudos de exames citopatológicos realizados pelas equipes de Atenção Primária no Município do Rio de Janeiro no período de 2015 a 2022, a fim de subsidiar ações de controle e seguimento do câncer do colo do útero.


Resultados
O estudo apontou falhas de registro, baixo número de exames e fragilidades para o gerenciamento do sistema de informação pela gestão municipal. A análise da produção de exames citopatológicos no Sistema de Informação ambulatorial demonstrou como baixa produção de exames citopatológicos e com sub-registro no SISCAN no Estado e MRJ. Ocorreu uma redução significativa dos exames para rastreio do CCU durante a pandemia de COVID 19 no ano de 2020, com impacto no Estado e município do RJ, chegando a uma redução de 55,11% no Estado e 54,75% no MRJ, quando comparados ao ano de 2019 pré-pandemia.
Ainda foi possível identificar que os exames citopatológicos alterados no SISCAN podem não refletir o número exato de mulheres acometidas por lesões precursoras para o CCU, pois apenas 26,39% dos laudos foram inseridos no SISCAN no Estado do RJ, enquanto no Município um número ainda menor, apenas 9,07% dos laudos. Ocorreram divergências de informações no SISCAN e no Sistema de informação ambulatorial pelo TABNET/ DATASUS; a produção de exame citopatológico é bem superior ao resultado encontrado no SISCAN, o que nos leva a refletir sobre a falta de gerenciamento do sistema e sua plena utilização no Município.

Aprendizado e Análise Crítica
Com o estudo, foi verificado a falta de informações no SISCAN ou até mesmo o sub-registro no Sistema, o que vem demonstrar a necessidade de responsabilização da gestão estadual e municipal para a inserção dos dados, visto que a não alimentação ou até mesmo a inserção de uma parte dos dados pode acarretar na ausência de informações para adoção de políticas públicas e ações de controle do CCU mais efetivas. No SISCAN, foi identificado no campo seguimento, percentuais muito baixos quando comparado ao número de exames citopatológicos realizados, o que compromete o acompanhamento integral das mulheres que tiveram lesões precursoras do colo do útero.
Considera-se imprescindível uma reorganização dos serviços locais para implementar as ações do rastreamento para o câncer do colo do útero, incluindo a garantia do acesso para detecção precoce e o acompanhamento das mulheres encaminhadas a outros níveis de atenção da rede para confirmação diagnóstica, acompanhamento e tratamento. Ressalta-se a importância de assegurar a integralidade das ações para o controle efetivo do CCU em todo o Estado e Município do Rio de Janeiro. Outro aspecto relevante do estudo foi estabelecer um fluxograma para aplicabilidade na APS, como sugestão de um modelo prático para as equipes poderem manusear as informações contidas nas Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do CCU.

Referências
INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Atlas On-line de Mortalidade. Disponível em: https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/pages/Modelo02/consultar.xhtml#panelResultado. Acesso em: 13 set. 2023a.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: INCA, 2016. 114 p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_brasileiras_rastreamento_cancer_colo_utero_2ed_rev_ampl_atual.pdf. Acesso em: 21 ago. 2022.

SUNG, H. et al. Global cancer statistics 2020: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA: Cancer J. Clin., New York, v. 71, n. 3, p. 209-249, Feb. 2021. DOI: 10.3322/caac.21660.


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