Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC4.3 - Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) (3)

49102 - TRABALHO INTERDISCIPLINAR PARA O MANEJO DE IDEAÇÃO SUICIDA EM CUIDADORAS FAMILIARES DE CRIANÇAS COM CONDIÇÕES CRÔNICAS HOSPITALIZADAS
ALEXIA JADE MACHADO SOUSA - UECE, MARIA SALETE BESSA JORGE - UECE, MARIANA VIEIRA DE MELO BEZERRA - UECE, MARINA FERREIRA DE SOUSA - UECE, HELDER MATHEUS ALVES FERNANDES - UECE, ERIC WENDA RIBEIRO LOURENÇO - UECE, FRANCISCO DANIEL COELHO VIANA - UFC


Contextualização
Na infância e adolescência, as condições crônicas provocam inevitáveis mudanças, as hospitalizações são mais frequentes, necessitam de cuidados especiais e acompanhamento por uma equipe multiprofissional. Frequentemente, a mãe/avó acaba assumindo o papel de principal cuidadora, essa dedicação exclusiva resulta em um impacto negativo em sua saúde (Cardoso et al., 2021).
Dessa forma, no ambiente hospitalar pediátrico, a ideação suicida também se mostra bastante frequente entre os pacientes e seus cuidadores, devido à ausência de redes de proteção e falta de preparo ou atenção da equipe (Botega, 2014).
Por isso, é necessária uma abordagem interdisciplinar com um olhar sensível para todos os contextos que o sujeito está inserido. Além disso, a comunicação e o trabalho articulado se tornam indispensáveis para manejar essa situação (Abreu et al., 2010).
Portanto, é imprescindível a mobilização dos diversos dispositivos da rede de saúde para que estejam conectados, através da prática colaborativa, coordenação e diálogo entre diferentes profissionais, com ênfase na perspectiva integral dos usuários. Logo, na busca pela integralidade da assistência, a ação intersetorial tem se fortalecido, à medida que a interdisciplinaridade se torna o eixo central para a construção do cuidado, levando em conta a multidimensionalidade do processo de saúde e doença (Santos; Kind, 2019).

Descrição da Experiência
O cenário de prática se passa em uma unidade de internação prolongada em um hospital pediátrico de referência Norte e Nordeste, localizado na cidade de Fortaleza no estado do Ceará, que presta cuidado às crianças e adolescentes com condições crônicas, as quais, em sua maioria, recebem o acompanhamento de suas mães ou avós.
No ano de 2023 os principais dispositivos acionados pela equipe interdisciplinar hospitalar, para o cuidado integral das cuidadoras familiares no que diz respeito as queixas de ideação suicida, foram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), secretarias de saúde e emergência em hospital psiquiátrico.
Para atuar nessa demanda, a equipe interdisciplinar necessita de constante aprimoramento e apoio intersetorial em busca de ofertar uma assistência de qualidade. Nesse sentido, a equipe ao se deparar com a queixa, inicia uma abordagem proativa e específica de avaliação dos riscos, bem como se faz o alinhamento do cuidado junto à equipe responsável pelo setor de saúde mental mais próxima da moradia da família.
Essa comunicação é realizada de forma direta por meio do diálogo direto e por relatórios multidisciplinares. Através dessa troca entre os setores, é possível trazer confiança ao usuário e mais facilidade de acesso aos serviços, assim como promover uma maior adesão ao tratamento.

Objetivo e período de Realização
Objetivou-se relatar a experiência de uma equipe multidisciplinar, a partir da perspectiva de uma profissional psicóloga sobre o manejo de ideação suicida em cuidadoras familiares de crianças com condições crônicas hospitalizadas e a comunicação em rede intersetorial do SUS no estado do Ceará. Este relato sistematizou a experiência vivida neste cenário de atuação, no ano de 2023.

Resultados
Apenas por meio de uma integração efetiva e do desenvolvimento de inter-relações entre diferentes saberes é possível criar condições adequadas para lidar com a complexidade do cuidado à luz da integralidade. A abordagem interdisciplinar e intersetorial compreende a complexidade dos cuidados em saúde, oferecendo uma resposta à crescente fragmentação do conhecimento e tentando superar o enfoque biomédico (Cecílio, 2001).
Nesse contexto, a escuta ativa e o apoio emocional realizado dentro das unidades de interação pediátrica, para com as cuidadoras, torna-se uma ação essencial para o enfrentamento dos prejuízos emocionais advindos do processo de adoecimento e internamento. O cuidado centrado nos usuários do serviço permite melhor diagnóstico situacional e possibilita a construção de redes de cuidado que melhor se adequam a queixa apresentada, sobretudo o processo de ideação suicida ativo.


Aprendizado e Análise Crítica
Para vivenciar a colaboração de uma equipe interdisciplinar, é primordial que os participantes compreendam a importância da prática colaborativa e o trabalho em equipe, visto que, é essencial garantir os princípios da integralidade do cuidado para promover qualidade de vida do paciente e seus familiares. Desse modo, se torna crucial saber que a abordagem da saúde e doença transcende os elementos puramente biológicos e deve contemplar fatores determinantes e condicionantes sociais de saúde.
As considerações feitas neste estudo ressaltam a relevância do trabalho a partir da interação interdisciplinar, sobretudo, quando se aborda uma temática multifacetada e de alta complexidade. Na formação dos profissionais de saúde, é crucial enfatizar a prática interdisciplinar alinhada à intersetorialidade, especialmente sob a ótica da clínica ampliada para um atendimento integral.
É necessário que os profissionais adotem uma postura de corresponsabilidade e comprometimento com as famílias a quem prestam seus cuidados, buscando soluções para seu sofrimento, seja de qual natureza for, e proporcionando maior conforto a todos. Acredita-se que essas são as bases para construir o vínculo, que, através dos sintomas do familiar afetado, manifestam um drama existencial que impacta a todos em suas diversas configurações.

Referências
ABREU, Kelly Piacheski de et al. Comportamento suicida: fatores de risco e intervenções preventivas. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 12, n. 1, p. 195-200, 2010.
BOTEGA, Neury José. Comportamento suicida: epidemiologia. Psicologia Usp, v. 25, p. 231-236, 2014.
CARDOSO, Érika Leite da Silva et al. Fatores associados à qualidade de vida de cuidadores de crianças e adolescentes com condições crônicas. Revista gaúcha de enfermagem, v. 42, 2021.
CECÍLIO, Luiz Carlos de Oliveira. As necessidades de saúde como conceito estruturante na luta pela integralidade e equidade na atenção em saúde. Os sentidos da integralidade na atenção e cuidado à saúde. Rio de Janeiro, 2001.
SANTOS, Luciana Almeida; KIND, Luciana. Integralidade, intersetorialidade e cuidado em saúde. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 24, 2019.

Fonte(s) de financiamento: Fundação CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.


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