52844 - CAPS COMO ESTRATÉGIA NA PREVENÇÃO AO SUICÍDIO NAS REGIÕES DE SAÚDE DO PIAUÍ OSMAR DE OLIVEIRA CARDOSO - NESP/PPGSC/RENASF/UFPI, JULIANNE GOMES DE ALENCAR - SESAPI, LUIZA ESTER ALVES DA CRUZ - PPGSC/UFPI, INGRIDE SOUSA LINHARES - PPGSC/UFPI, DARYELDA RODRIGUES CARDOSO - RENASF/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução O suicídio é o ato referente ao desejo de se colocar fim à vida e é um problema de saúde pública e deve ser considerado como multideterminado, complexo, ocorrendo como resultado da associação de fatores sociais, históricos e individuais, tendo como um possível enfrentamento, intervenções complexas e dinâmicas (SANTOS, KIND, 2020).
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), principalmente no dispositivo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) quando apresentam situações de acolhimento, disponibilidade e vinculação pelos profissionais, os usuários apresentam novos sentidos à vida, e reduzem seus pensamentos de morte (CORREIA, et al., 2020).
Profissionais que atuam nos CAPS relatam estratégias para o manejo do suicídio, sobre sentimentos indicando sofrimento e empatia com os usuários, com a atuação em rede em equipe e sobre a importância do CAPS para o atendimento humanizado e com espaço para a atenção à família (MULLER, PEREIRA, ZANON, 2017) .
O CAPS é um dispositivo da RAPS que se mostra como um ambiente muito propício para o entendimento das causas e manejo do suicídio, incluindo um local de educação permanente para os profissionais resposicionarem-se frente às situações apresentadas (CESCON, CAPOZZOLO, LIMA, 2018).
Objetivos Apresentar a análise da relação entre a presença de CAPS e as taxas de suicídio nas regiões de saúde do Piauí como estratégia de prevenção para a gestão.
Metodologia Trata-se de um estudo observacional e ecológico do tipo séries temporais, com abordagem quantitativa e analítica.
Os dados foram coletados a partir das bases do DATASUS como o SIM e os dados do CNES.
Foram coletados os dados secundários de óbitos por lesões autoprovocadas por municípios de ocorrência de 2003 a 2022. Utilizou-se também as projeções de habitantes fornecidas pelo DATASUS construiu-se a taxa por 100.000 habitantes anualmente.
A tabulação dos dados e a análise de regressão foi realizada no software Excel 2007. A análise de tendência foi realizado utilizando-se o software JoinPoint Regression Point versão 5.2.0.0, de 2024.
Foi utilizado a análise de correlação de Pearson para fazer a análise entre a a taxa de suicídio e a quantidade de CAPS nas regiões de saúde.
Resultados e Discussão Todas as regiões de saúde do Piauí mostraram uma tendência de aumento das taxas de suicídio entre 2003 a 2022. As regiões de saúde apresentaram as seguintes taxas de suicídio e o número de CAPS respectivamente: Planície Litorânea; 7,9; 5; Cocais; 12,7; 9; Carnaubais; 12,6; 4; Entre Rios; 8,7; 17; Tabuleiros do Alto Parnaíba; 7,7; 1; Chapada das Mangabeiras; 9,7; 6; Vale dos Rios Piauí e Itaueiras; 11,1; 5; Serra da Capivara; 14,6; 2; Vale do Rio Guaribas; 15,1; 4; Vale do Sambito; 14,6; 5; Vale do Canindé; 19,7; 3; Chapada Vale do Rio Itaim; 17,3; 6.
As regiões Vale do Rio Guaribas, Vale do Sambito, Vale do Canindé e Chapada Vale do Rio Itaim compõem a Macrorregião do Semiárido e apresenta a maior taxa de suicídio do Piauí, com 16,4/100.000 habitantes.
Há regiões do Piauí que historicamente se apresentam com maiores taxas de suicídio que outras, e que apresentam menores dispositivos da RAPS disponíveis à população demonstrando que os vazios assistenciais no cuidado à saúde mental podem afetar essas taxas com consequências de longo prazo.
A correlação apresentada entre as variáveis taxas de suicídio e o número de CAPS indicou um valor de r(pearson)-0,3, significando uma correlação baixa negativa, evidenciando que quanto maior a taxa de suicídio menor a quantidade de CAPS disponível.
A utilização do CAPS como um equipamento intersetorial na saúde apresenta resultados importantes na redução das taxas de suicídio (CONTE et al. 2012).
Os dados mostram que as taxas de suicídio nas regiões do Piauí apresentam-se crescendo constantemente nos últimos 20 anos em concordância com os outras regiões do país e o mundo (SANTOS, KIND, 2020).
Conclusões/Considerações finais Embora esses dados sejam alarmantes, e ainda haja regiões de crescimento mais acelerado que outros, a presença do CAPS parece retardar esse aumento. Houve uma correlação negativa, embora fraca (r=-0,3), que indica que pode haver uma afetação da presença e atuação das equipes do CAPS na redução das taxas de suicídio.
É preciso novos estudos para demonstrar a qualidade do cuidado prestado pelas equipes dos CAPS porque há evidências na literatura (CONTE et al. 2012) da utilização da intersetorialidade e interprofissionalidade como fatores de atuação no cuidado dos usuários para diminuição das taxas de suicídios no Brasil.
Referências CESCON, L.F.; CAPOZZOLO, A.A.; LIMA, L.C. Aproximações e distanciamentos ao suicídio: analisadores de um serviço de atenção psicossocial. Saúde e Sociedade, v.27, n.1, p.185–200, 2018.
CONTE, M. et al. Programa de Prevenção ao Suicídio: estudo de caso em um município do sul do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v.17, n.8, p.2017–2026, 2012.
CORREIA, C.M. et al. Atenção psicossocial às pessoas com comportamento suicida na perspectiva de usuários e profissionais de saúde. Revista da EEUSP, v.54, p.e03643, 2020.
MULLER, S.A.; PEREIRA, G.; ZANON, R.B. Estratégias de prevenção e pósvenção do suicídio: Estudo com profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial. Rev. Psicol. IMED, Passo Fundo, v.9, n.2, p.6-23, 2017.
SANTOS, L.A.; KIND, L. Integralidade, intersetorialidade e cuidado em saúde: caminhos para se enfrentar o suicídio. Interface - Comunicação, Saúde, Educação [online]. v. 24, e190116.
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