Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC4.1 - Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) (1)

48961 - INVESTIGANDO O QUE OS ENFERMEIROS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE SABEM SOBRE O TEA
GISELLE PEREIRA DA SILVA - UERN, RODRIGO JÁCOB MOREIRA DE FREITAS - UERN, SÂMARA DANIELLY DE MEDEIROS ALVES - UERN, LÍDIA STÉFANI DANTAS SILVA - UERN, FERNANDO JEFFERSON QUEIROZ DOS SANTOS - UERN


Apresentação/Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que se manifesta precocemente, trazendo impactos negativos para o desenvolvimento pessoal, social, pedagógico e profissional do indivíduo. Sabe-se que o cuidado de enfermagem se fundamenta na tradução do conhecimento teórico em prática, combinando escuta ao paciente, experiência prática, intuição e fundamentos científicos derivados de pesquisas. Este processo visa promover a saúde e o bem-estar, oferecendo cuidado de qualidade a indivíduos, famílias e comunidades. Porém, a complexidade desse cuidado aumenta no contexto do TEA, uma condição multifacetada que demanda conhecimento específico e atualizado, além de habilidades interpessoais refinadas para lidar com as particularidades de cada paciente. Nesse contexto, esta pesquisa teve como objeto de estudo a própria prática e o conhecimento dos enfermeiros da Atenção Primária à Saúde (APS) sobre o TEA, a partir da questão norteadora: "O que os enfermeiros da APS sabem sobre o TEA?" O pressuposto do estudo é que os enfermeiros da APS enfrentam limitações na prática e na experiência devido ao baixo nível de conhecimento, resultante de uma fundamentação teórica insuficiente, formação inadequada e falta de capacitação contínua para atuar com pessoas com TEA.

Objetivos
Identificar o que os enfermeiros da Atenção Primária à Saúde (APS) sabem sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa, realizado dentro dos serviços de Atenção Primária à Saúde na cidade de Pau dos Ferros, interior do Rio Grande do Norte, Brasil. Para coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 9 enfermeiros, selecionados mediante critérios de inclusão (enfermeiros atuando na APS por pelo menos um ano) e exclusão (enfermeiros em período de licença ou afastados). A pesquisa foi conduzida por uma aluna, graduanda em Enfermagem, no período de maio a junho de 2023. Foi utilizado um instrumento de coleta de dados, elaborado previamente, para nortear a entrevista. Todos participaram voluntariamente após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As entrevistas, com duração média de 10 minutos, foram transcritas na íntegra, armazenadas e analisadas utilizando a técnica de Análise de Conteúdo Temática. Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), sendo aprovado em março de 2023.

Resultados e Discussão
Após a finalização da coleta de dados e do procedimento de análise, seguindo as fases da técnica de análise de conteúdo temática, foi possível identificar e categorizar os principais temas emergentes das falas dos enfermeiros, dentre as quais foram relacionadas ao conhecimento dos profissionais de enfermagem nas categorias: “O Repertório de Conhecimento dos Enfermeiros da APS sobre TEA” e “Educação permanente como estratégia de fortalecimento do cuidado”. Nelas, foi possível evidenciar, de maneira relevante, a dificuldade dos sujeitos em conceituar de fato o que é o autismo, onde apenas 11% deles tiveram a temática autismo trabalhada em sua formação. Consequentemente, alguns participantes acabaram por demonstrar insegurança no reconhecimento das manifestações dos sintomas, o que pode acarretar impactos na vida do portador, ao levantar possíveis suspeitas e diagnósticos imprecisos em relação a outros transtornos de neurodesenvolvimento. Os participantes destacaram também a necessidade de uma preparação específica para autismo, para que os serviços às pessoas com TEA, no Sistema Único de Saúde (SUS), sejam efetivos, inclusivos e seguros, assegurando as diretrizes e os direitos dos indivíduos. Nesse contexto, a literatura afirma que conhecimento não deve ser considerado algo estático, especialmente para profissionais de saúde. Entre os fatores que impactam a aprendizagem e as transformações efetivas no campo assistencial, destaca-se a importância de manter o conhecimento e as habilidades constantemente atualizados.

Conclusões/Considerações finais
A complexidade do TEA exige uma compreensão além da formação tradicional em Enfermagem. Políticas públicas eficazes e a conscientização são fundamentais para garantir que indivíduos com autismo e suas famílias tenham acesso a serviços de qualidade. A falta de formação específica limita a efetividade da assistência. Para uma assistência de qualidade, é essencial investir em programas de educação permanente que abranjam aspectos teóricos e práticos do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A melhoria depende do comprometimento dos profissionais e do envolvimento da saúde coletiva, direcionando políticas públicas que priorizem o TEA na capacitação dos profissionais de saúde. Isso foca na gestão do cuidado e na qualidade de vida. A racionalidade científica fortalece a autonomia do profissional de Enfermagem e favorece a integralidade, universalidade e equidade propostos pelo SUS, com profissionais preparados para uma atenção eficiente.

Referências
BUENO, Mariana. Tradução do Conhecimento, Ciência da Implementação e Enfermagem. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v. 11, 2021.
CASTRO, Thiago (org.). Simplificando o autismo. 1 ed. São Paulo: Literate Books International, 2023.
QUEIRÓS, Paulo Joaquim Pina. O conhecimento em enfermagem e a natureza dos seus saberes. Escola Anna Nery, v. 20, n. 3, 2016.
SILVA, Francisco Matheus Lima da et.al. Atualização profissional frente às práticas de enfermagem: um relato de experiência. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 32, 2019.

Fonte(s) de financiamento: Nenhuma


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