Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC7.10 -Tecnologias Digitais na Atenção Primária à Saúde: conceitos, informação, comunicação e trabalho

51895 - ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A QUALIDADE DOS CUIDADOS PRIMÁRIOS DOMICILIARES MEDIADOS POR SAÚDE DIGITAL PARA PESSOAS IDOSAS: UM ESTUDO TEÓRICO
ÍSIS DE SIQUEIRA SILVA - UFRN, AGUINALDO JOSÉ DE ARAÚJO - UFRN, RAYSSA HORÁCIO LOPES - UFRN, CÍCERA RENATA DINIZ VIEIRA SILVA - UFCG, PEDRO BEZERRA XAVIER - UFRN, RENAN CABRAL DE FIGUEIRÊDO - UFRN, SEVERINA ALICE DA COSTA UCHOA - UFRN


Apresentação/Introdução
O aumento da população idosa e a subsequente necessidade dos sistemas de saúde responderem às questões de doenças crônicas, fragilidades e perda de autonomia aumentaram a procura de cuidados primários domiciliários em todo o mundo1. Os cuidados primários domiciliares desempenham um papel crucial na busca por fornecer cobertura universal de saúde de alta qualidade, centralidade do paciente e melhor qualidade de vida2. Nesse sentido, os serviços de saúde digital, implantados de forma adequada, podem contribuir para os três pilares inter-relacionados da atenção primária à saúde apresentados no Modelo de Cuidados Crônicos3, pessoas empoderadas e comunidades engajadas; ação multissetorial para a saúde; e serviços de saúde que priorizam a prestação de cuidados primários de alta qualidade e funções essenciais de saúde pública - todos os quais requerem uma consideração cuidadosa da qualidade4. A fim de descrever os fatores que afetam a qualidade dos cuidados primários domiciliares, mediados pela saúde digital tendo como foco as pessoas idosas, este estudo tem como pergunta de pesquisa “quais ações devem ser priorizadas para a implantação sustentável da saúde digital nos cuidados primários domiciliares de pessoas idosas?”

Objetivos
Propor estratégias para melhorar a qualidade dos cuidados primários domiciliares destinados às pessoas idosas e mediados pela saúde digital.

Metodologia
Trata-se de um estudo teórico qualitativo, descritivo, que utilizou o método de revisão de escopo, orientado pelo JBI5, para identificar e mapear as publicações. A busca nas bases de dados ocorreu entre os meses de março e abril de 2023, nos seguintes portais e bases de dados LILACS; MEDLINE/PubMed; Scopus; Web of Science; Cinahl; Embase e Google Scholar. A estratégia de buscas foi adaptada conforme a base, e uma variedade de descritores foi utilizado, tendo como base os descritores “aged”, “elderly”, “digital health”, “home-based care services”. Foram incluídas publicações sobre o uso de intervenções digitais em saúde na atenção primária domiciliar às pessoas idosas, estudos primários e relatórios. Não foram aplicados filtros de tempo ou idioma. Adotaram-se como critérios de exclusão: publicações duplicadas, revisões de literatura, editoriais, opiniões de especialistas, comunicações breves e estudos com pacientes menores de 60 anos. O software Rayyan® foi utilizado para auxiliar os revisores, a realizar a seleção independente. A análise de conteúdo qualitativa básica seguiu as etapas: I) preparação, ii) organização e iii) relatório.

Resultados e Discussão
O mapeamento das evidências deste estudo mostrou que entre os 68 documentos, 54,41% são publicações de 2002 a 2018 e 45,59% são publicações de 2019 a 2023. Os resultados foram sintetizados em três categorias, sendo elas Políticas públicas com ênfase na equidade, ética e segurança- esta categoria apresenta as seguintes estratégias: infraestrutura tecnológica adequada; monitoramento e avaliação da qualidade dos serviços de saúde; cuidadores para apoiar o cuidado domiciliar; priorização de públicos vulneráveis na implementação da saúde digital no cuidado domiciliar; equidade no centro da implantação da saúde digital, considerando os fatores socioeconômicos e de vulnerabilidade social; regulamentação da saúde digital. Já a categoria Saúde digital adequada às necessidades de saúde - inclui estratégias ligadas a oferta de tecnologia desenvolvida com foco na população idosa; políticas e programas que facilitem o cuidado domiciliar de longo prazo; estratégias de saúde digital para monitoramento de doenças e alerta para mudanças fisiológicas; respeito às limitações físicas, cognitivas; interoperabilidade dos sistemas de informação em saúde e manutenção de ferramentas digitais. E a última categoria, Capacitação para trabalhadores da saúde, para pacientes e seus cuidadores - direcionando as estratégias de educação permanente e de educação em saúde, buscando promover o estímulo à confiança, adesão e interesse dos usuários no uso responsável das tecnologias digitais na saúde; promoção da alfabetização digital na saúde; apoio para que os idosos desenvolvam habilidades no uso de ferramentas digitais; tecnologia simples e segura que possa ser operada sem conhecimentos tecnológicos específicos; treinamento para o uso de sistemas de informação, aplicativos, e outras tecnologias.

Conclusões/Considerações finais
Os achados deste estudo auxiliarão formuladores de políticas de saúde pública na tomada de decisão, apresentando estratégias para melhorar a qualidade dos cuidados primários domiciliares de pessoas idosas mediados por saúde digital. Ao optar pela inclusão de ferramentas digitais no atendimento domiciliar de pessoas idosas, gestores, profissionais de saúde, cuidadores e pacientes devem estar atentos aos pontos fortes e às limitações dessas estratégias, pois a implementação da saúde digital sem o devido monitoramento da qualidade do cuidado pode aumentar a desigualdade.
Com base nos dados analisados, os autores desta revisão acreditam que as políticas públicas que enfatizem a equidade, a ética e a segurança devem ser priorizadas para fortalecer os sistemas de saúde, as pessoas devem ser treinadas para usar intervenções digitais em seu processo de trabalho e cuidados de saúde, e a saúde digital deve ser desenvolvida segundo as necessidades da população idosa e dos seus cuidadores.


Referências
World Health Organization (WHO). Tarricone R, Tsouros AD. Home Care in Europe: The Solid Facts. WHO Regional Office Europe (2008).
Procópio LCR, Seixas CT, Avellar RS, Silva KLd, Santos MLdMd. A Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde: desafios e potencialidades. Saúde Debate. 2019;43(121):592–604.
Paulo MS, Loney T, Lapão LV. The primary health care in the emirate of Abu Dhabi: are they aligned with the chronic care model elements? BMC Health Serv Res. 2017;17(1).
Kruk ME, Gage AD, Arsenault C, Jordan K, Leslie HH, Roder-Dewan S, et al. High-quality health systems in the Sustainable Development Goals era: time for a revolution. Lancet Glob Health. 2019;6(11):e1196–252.
Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P. Chapter 11: Scoping reviews. In: Aromataris E, Munn Z, eds JBI Manual for Evidence Synthesis Adelaide: JBI. (2020). doi: 10.46658/JBIRM-20-01.

Fonte(s) de financiamento: Este estudo foi parcialmente financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior—Brasil (CAPES)—Código Financeiro 001.


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