Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC7.9 - Informação e desinformação em saúde

52995 - INTERFACES DAS PRÁTICAS AVANÇADAS EM ENFERMAGEM NO BRASIL E NO MUNDO
ALEXIA TAILINE ETGES - UFFS, VANESSA SOLFOROSO PICCOLI - UFFS, DENISE DE CAMPOS - UFFS, DANIELA SAVI GEREMIA - UFFS


Apresentação/Introdução
A Prática Avançada de Enfermagem (PAE) caracteriza-se por uma formação em nível de pós-graduação, geralmente, mestrado, que visa o desenvolvimento de competências clínicas e habilidades de raciocínio crítico em enfermagem. Presente em cerca de 40 países, em diferentes níveis do processo de implantação, a PAE promove maior autonomia e responsabilidade aos enfermeiros, incluindo ações do processo de enfermagem, como avaliação, diagnóstico, solicitação e interpretação de exames, encaminhamentos de saúde e prescrição de medicamentos (Guimarães et al., 2024). Inicialmente adotada para combater a escassez de profissionais de saúde, a PAE beneficia a população ao ampliar o acesso aos serviços de saúde e melhorar a resolutividade dos seus problemas de saúde mediante uma assistência de qualidade. No entanto, a definição e a estruturação da PAE variam entre os países (Wheeler et al., 2022). No Brasil, embora não haja uma formação e regulamentação específica, o COFEN tem promovido discussões sobre seus benefícios. Como questão norteadora tem-se: Quais são as práticas dos enfermeiros que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil e que apresentam semelhanças com as práticas avançadas no mundo? Como romper barreiras e avançar na implementação?

Objetivos
Compreender como se dão as práticas de enfermagem no Brasil e a sua interface das PAE´s no mundo.

Metodologia
Esta pesquisa integra revisão narrativa de literatura e pesquisa empírica multicêntrica de métodos mistos, desenvolvida entre 2019 e 2022, coordenada pelo Núcleo de Saúde Pública na UnB em parceria com universidades públicas de todos os estados do Brasil. A etapa qualitativa foi desenvolvida por meio de entrevistas online, com enfermeiros que atuam na APS há mais de 3 anos, foram 838 entrevistados e utilizou-se a análise temática de Bardin. A etapa quantitativa se baseou no método web survey e contou com 7.308 participantes. Utilizou-se os programas Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®), versão 21.0 para Windows®, por meio de estatística descritiva e inferencial. Para validação das hipóteses levantadas e testadas no reflexo de cada variável categórica e emparelhada da pesquisa, aplicou-se o teste qui-quadrado (χ²) de Pearson para estabelecer o olhar sobre as diferenças significativas no corte amostral das regiões do país, com auxílio do software Statistical Analysis System (SAS), versão 9.3. A pesquisa nacional foi submetida e aprovada pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, sob o parecer n° 4510012.

Resultados e Discussão
O perfil dos enfermeiros participantes da pesquisa demonstrou idade média de 38,49 (desvio padrão de 8,65). Em relação à formação, 66,9% graduaram-se em instituições privadas e 31,2% em públicas. Foi destacada a implementação de protocolos na autonomia para realização do PE, resolutividade clínica e gerencial de casos. Para a discussão comparativa, a etapa de revisão abordou o cenário das PAE´s nos Estados Unidos, Inglaterra e na América Latina, especificamente Caribe, Chile e Brasil. Nos Estados Unidos a implementação da PAE foi positiva aos enfermeiros diante do protagonismo na APS e menores custos na atenção terciária, a atuação na APS engloba prescrição de medicamentos e solicitação de exames. Esta pesquisa aproxima as duas realidades visto que as práticas mais frequentes foram consulta de enfermagem (66,5%), solicitação de exames (55,1%) e prescrição de medicamentos (45,3%). Já a Inglaterra implementa protocolos de cuidados de saúde em relação às condições crônicas, nesse sentido, no Brasil, identificou-se alta frequência de realização de atividades individuais frente aos cuidados para pessoas com condições crônicas. Quanto à América Latina, no Caribe já foi evidenciada a autonomia profissional na prescrição de medicamentos e a ampliação do acesso aos serviços de saúde. No Chile há grande fomento para introdução da PAE. Acerca do Brasil, as discussões sobre a PAE tiveram início recente e tem avançado no uso de protocolos para o desenvolvimento de autonomia clínica do enfermeiro na APS, que se assemelha à PAE.

Conclusões/Considerações finais
A enfermagem brasileira já realiza diversas práticas que se aproximam do conceito de PAE, no entanto, é preciso aprofundar o debate frente às dificuldades de sobrecarga profissional, desigualdade de gênero, a não superação do modelo biomédico, condições de trabalho e a resistência da categoria médica. Além disso, o fato de que quando se trata da regulamentação e de um processo formativo de pós-graduação para categorização e reconhecimento como PAE ainda não se possui respaldo e condições necessárias para plena execução das PAE´s.

Referências
GUIMARÃES, Y. D. N. C. et al. Práticas de enfermagem: contexto ambiental e a relação com o materialismo histórico dialético. Enfermagem em foco, [s. l.], v. 15, n. 1, 2024. Disponível em: https://enfermfoco.org/wp-content/uploads/articles_xml/2357-707X-enfoco-15-s01-e-202401SUPL1/2357-707X-enfoco-15-s01-e-202401SUPL1.pdf. Acesso em: 12 abr. 2024.

WHEELER, K. J. et al. Advanced Practice Nursing roles, regulation, education, and practice: a global study. Annals of Global Health, [s. l.], v. 88, n. 1, 2022. DOI 10.5334/aogh.3698. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9205376/. Acesso em: 12 abr. 2024.

Fonte(s) de financiamento: Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).


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