Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC7.9 - Informação e desinformação em saúde

50679 - O DIREITO À SAÚDE NA ERA DA DESINFODEMIA: ALIANÇAS SOLIDÁRIAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E O USO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS EM DEBATE NA ONU
IAGO MARAFINA DE OLIVEIRA - INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL (UERJ), ROSENI PINHEIRO - INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL (UERJ), FRANCISCO ORTEGA - (ICREA) - CATALAN INSTITUTION FOR RESEARCH AND ADVANCED STUDIES, BARCELONA, ESPANHA; MEDICAL ANTHROPOLOGY RESEARCH CENTER, UNIVERSITAT ROVIRA I VIRGILI, TARRAGONA


Contextualização
Em uma era caracterizada pela desinfodemia da proliferação de desinformação e fake news, emergem novos desafios em todos os campos da esfera pública. No que tange à saúde, as consequências da desinformação são amplas e englobam um grande espectro de implicações, desde a hesitação vacinal à semeadura da desconfiança nos sistemas1. Além disso, a desinformação é capaz de exacerbar iniquidades existentes. Este relato de experiência narra algumas estratégias discutidas durante o Fórum Social de 2024 da Organização das Nações Unidas (ONU), cujo tema central tratou das contribuições da ciência, tecnologia e inovação para a promoção de direitos humanos no contexto de recuperação pós-pandêmico. De maneira mais específica, o recorte aqui realizado reflete a Atenção Primária à Saúde (APS) como ponto estratégico de combate à desinfodemia ao auxiliar a disseminação de informações factíveis, o engajamento comunitário, a integração tecnológica e capacitação em um esforço coletivo e solidário para a garantia do direito à saúde. Aposta-se em alianças de solidariedade do conhecimento com as tecnologias sociais, que pode auxiliar a fornecer informações precisas sobre saúde, capacitar indivíduos a tomar decisões informadas e combater narrativas falaciosas em distintos espaços públicos e coletividades, refletindo a indissociação entre o direito à saúde e a solidariedade cooperativa2.


Descrição da Experiência
O Fórum Social do Conselho de Direitos Humanos da ONU aconteceu na sede da ONU em Genebra, na Suíça. O evento abordou questões fundamentais para diversos campos da vida pública. Representantes de Estados-membros, sociedade civil e academia discutiram demandas e propostas em formato de assembleia. Os side events foram organizados por diversas instituições ao redor do mundo. Nossa proposta, nomeada como "The Right to Health and Disinformation: Leveraging Social Technologies in Healthcare Systems to Counter False Information" foi aprovada e nos levou a fomentar um espaço para a discussão do uso de tecnologias sociais no combate à desinformação na saúde. Exploramos como as tecnologias sociais, tais como oficinas, podem auxiliar a promover a integralidade do cuidado, especialmente na ênfase aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 20303. Foi sublinhada a importância da colaboração entre governos e sociedade civil para enfrentar desafios como a desinformação na saúde. Reforçamos nosso compromisso com os direitos humanos, destacando a necessidade de inovação e cooperação global para soluções sustentáveis4. A experiência permitiu a divulgação e internacionalização de nosso trabalho, repercutindo trocas com colegas de diversos países, o que sublinha a necessidade de abordagens colaborativas e solidárias na prevenção e promoção da saúde pública ao combater a desinformação.


Objetivo e período de Realização
O objetivo da experiência foi discutir desinformação, saúde global e os ODS, refletindo sobre como as tecnologias sociais podem promover informações precisas sobre saúde, combater fake news e garantir o direito à saúde para todos, especificamente alinhados com os objetivos 1 (erradicação da pobreza), 3 (saúde e bem-estar), 4 (educação de qualidade), 16 (paz, justiça e instituições eficazes) e 17 (parcerias para a implementação dos objetivos). A experiência aconteceu em novembro de 2023.


Resultados
Os resultados desta experiência apontam para a internacionalização e o compartilhamento de estratégias de enfrentamento à desinformação em saúde, com destaque no uso de tecnologias sociais, que foram desenvolvidas em diferentes países distribuídos nos cinco continentes, Para isso, promovemos a discussão sobre o engajamento comunitário, estabelecendo parcerias locais e realizando, por exemplo, oficinas sobre desinformação que possam ser apropriadas pelos serviços de saúde no território3. Atualmente está em andamento o desenvolvimento de ferramentas de avaliação participativa com as comunidades, visando disseminar, junto à educação popular, a alfabetização digital em saúde no contexto da atenção primária5. Estimamos que essa abordagem possa auxiliar também na promoção da maior confiança nos sistemas universais de saúde, qualificando a relação entre os estabelecimentos e a comunidade na qual estão inseridos. Neste sentido, as tecnologias sociais podem fortalecer redes solidárias, contribuindo para ações de combate à desinfodemia.


Aprendizado e Análise Crítica
Combater a desinformação nos sistemas de saúde é um desafio urgente e multifacetado que demanda uma resposta coordenada. Esta experiência contribui para visibilizar o potencial das tecnologias sociais na proteção do direito à comunicação enquanto direito à saúde. A implementação bem-sucedida das estratégias pode ter um impacto em indicadores importantes, como a cobertura vacinal. O desenvolvimento de alianças solidárias entre gestão, serviços e território é, neste sentido, um imperativo ético-político, organizador de práticas que promovam a participação social na formulação, implementação e avaliação das políticas de cuidado em saúde2. Essas alianças promovem uma discussão ampla dessas estratégias e ferramentas junto às populações, garantindo participação e controle social na tentativa de mitigar as iniquidades em saúde. A participação ativa das comunidades na criação e avaliação das iniciativas também pode fortalecer a responsabilidade coletiva na luta contra a desinfodemia, reforçando a importância de um esforço conjunto e solidário na promoção da saúde pública.


Referências
1.Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Organização Mundial da Saúde (2020). Repositório Institucional para Troca de Informações – Iris. Fichas Informativas COVID-19. Entenda a infodemia e a desinformação na luta contra a COVID-19. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde.
2. Alves SMC. Saúde e solidariedade: uma aliança indissociável. Cad. Ibero Am. Direito Sanit. 2021;10(1):9-12.
3. World Health Organization. (2020). Infodemic Management: A Key Component of the COVID-19 Global Response.
4. Lewandowsky, S., Ecker, U. K., & Cook, J. (2017). Beyond Misinformation: Understanding and Coping with the “Post-Truth” Era. Journal of Applied Research in Memory and Cognition, 6(4), 353-369.
5. Brasil. Ministério da Saúde. (2019). Política Nacional de Informação e Informática em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde.

Fonte(s) de financiamento: Programa Institucional de Internacionalização – CAPES - PrInt


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