06/11/2024 - 08:30 - 10:00 RC7.7 - Comunicação em saúde, gestão da informação e estratégias para fortalecimento do SUS |
51148 - INCORPORAÇÃO DA SAÚDE DIGITAL NOS OPSAS: O USO DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS PARA PRODUÇÃO E DIFUSÃO DAS INFORMAÇÕES NO SUS MARILIA CARLA CASTRO DOS SANTOS - UFBA, RODRIGO FRANÇA MEIRELLES - UFBA, FRANCISCO JOSÉ ARAGÃO PEDROZA CUNHA - UFBA
Apresentação/Introdução Os usos das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) modificam as relações sociais e impactam a forma de produção e difusão do conhecimento na saúde (Almeida Filho, 2023). A incorporação das TIC nos Organismos Produtores de Serviço de Atenção a Saúde (OPSAS) impulsiona a transformação digital na saúde (e.g. telemedicina, dispositivos vestíveis, big data, inteligência artificial, documentos arquivísticos digitais (DAD), entre outras) (OMS, 2021). A datificação dos processos assistenciais e administrativos nos OPSAS se expandiu na crise sanitária da Covid-19 e os registros clínicos gerados, recebidos e acumulados por meio dos suportes eletrônicos conformam as informações orgânicas dos DAD dos OPSAS. A saúde digital, um conjunto de artefatos de inovações tecnológicas, é datificada e “passível de se tornar bits” (Modolo; Carvalho; Dias, 2023, p. 5) por meio dos DAD. Estes dígitos binários são representações sociais produzidos, tramitados e armazenados por sistema computacional (Cunha et al, 2023). Tal fato conforma um dos desafios relacionados à autenticidade e a preservação desses DAD e proporciona a urgência das inovações nos modelos de gestão arquivística de documentos, em particular, os das cadeias de custódia dos OPSAS aos repositórios das informações em saúde do SUS (Meirelles; Cunha, 2020).
Objetivos Discutir a incorporação das inovações dependentes das TIC nos OPSAS apresentadas na literatura entre 2019 e 2024; analisar o grau de concordância dos profissionais dos hospitais federais do Rio de Janeiro e dos profissionais dos hospitais da Comunidade Autônoma de Madrid (CAM) sobre inovação associado ao uso das TIC; e, analisar a percepção dos respondentes quanto os mecanismos e estruturas de transferência de informação em saúde.
Metodologia Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, cuja abordagem é quantiqualitativa. Caracteriza-se como uma pesquisa do tipo bibliográfica, documental, de levantamento e empírica. Assim, para revisão de literatura realizou-se um levantamento bibliográfico por meio das bases de dados: Google acadêmico, Biblioteca Virtual em Saúde, SciELO. Utilizou-se os descritores relacionados que respondessem à questão norteadora: Como a incorporação da saúde digital têm influenciado a produção da informação em saúde? Sendo estes: “Saúde Digital”, “Inovação”, “Tecnologia da Informação e Comunicação”, “Produção da informação”, com auxílio dos conectores “and, or”. A seleção dos trabalhos ocorreu com base na leitura dos títulos e resumos, sendo estabelecido critérios de inclusão e exclusão para seleção dos artigos publicados entre 2019-2024. Para pesquisa empírica, utilizou-se o instrumento construído no âmbito do Grupo de Estudos de Políticas de Informação, Comunicações e Conhecimento (GEPICC). Compuseram a amostra da pesquisa 22 profissionais dos hospitais federais do Rio de Janeiro e 13 profissionais dos hospitais da Comunidade Autônoma de Madrid (CAM).
Resultados e Discussão Os resultados apontam que os estudos selecionados discorrem desde a adoção de ferramentas tecnológicas; a disponibilização de informação em plataformas digitais; validação de aplicativo móvel para promoção do cuidado; desenvolvimento de um software para assistência; bem como discussões acerca da formulação de plataforma eletrônica em saúde. Esses resultados permitiram compreender que há um constante desenvolvimento de artefatos tecnológicos na saúde e que estes influenciam as relações e a forma como as informações são produzidas. Segundo Evangelista, Barreto e Andrade (2019, p.123) “[...] é preciso definir o público a qual determinada tecnologia será direcionada, preocupando-se com o controle seguro dos dados informacionais”. No que tange a pesquisa empírica, os resultados revelam que os profissionais brasileiros e espanhóis respectivamente, 18,18% e 38,46% concordam totalmente que a operação de computadores e aplicativos representa uma barreira no acesso à informação. Percebe-se que apesar do uso de ferramentas tecnológicas serem cada vez mais fomentada, discutida e incorporada nos OPSAS, seu uso pode representar uma barreira para uma parcela dos usuários. Observou-se que 81% dos respondentes brasileiros e 70% dos espanhóis difundem conhecimento e informações, mas somente 42,90% dos profissionais brasileiros e 60% dos espanhóis se referem aos atributos de pertinência, confiabilidade e fidedignidade das informações em saúde.
Conclusões/Considerações finais A incorporação das tecnologias digitais nos OPSAS tem provocado mudanças nas interações interpessoais, na relação organizacional e na forma que a informação é produzida e difundida. Apesar do fomento a saúde digital, desafios acerca da incorporação das tecnologias nos serviços são persistentes. Almeida Filho (2023, p. 13) propõe a definição de “saúde digital como um campo emergente de conhecimentos, técnicas e práticas, cuja influência se estende por múltiplas dimensões sociais interligadas”. Os avanços tecnológicos dependem dos saberes e práticas sociais e do respeito à diversidade das questões culturais. A pesquisa empírica revela o uso de computadores e aplicativos na práxis dos OPSAS, embora esses artefatos sejam considerados uma barreira no acesso à informação e podem impactar a pertinência e a confiabilidade das mesmas em razão da ausência qualificada do tratamento e organização dos DAD.
Referências ALMEIDA FILHO, N. Metapresentiality: a foundational concept for a critical theory of digital health. Salud Colectiva. v. 19, 2023.
CUNHA, F.J.A.P. et al. Manual de gestión archivística de documentos sanitarios. Salvador: EDUFBA, 2023.
EVANGELISTA, A. L. P. et al. Saúde Digital e Gestão Compartilhada: como podem ser associadas? Re. Saúd. Digi. Tec. Edu., Fortaleza, CE, v.4, n.2, p.114-130, ago./dez. 2019.
MEIRELLES, R. F., CUNHA, F. J. A. P. Autenticidade e preservação de Registros Eletrônicos em Saúde: proposta de modelagem da cadeia de custódia das informações orgânicas do Sistema Único de Saúde. Reciis. v. 14, n. 3, p. 580-96, jul./set. 2020.
MODALO. L., CARVALHO.S., DIAS.T. Questões da saúde digital para o SUS: a “saúde móvel” e a automação algorítmica do saber-poder da medicina. Saúde Soc. São Paulo, v. 32, n.3, 2023.
Fonte(s) de financiamento: Cnpq
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