Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC7.7 - Comunicação em saúde, gestão da informação e estratégias para fortalecimento do SUS

50713 - CARTILHAS BILÍNGUES EM SAÚDE INDÍGENA PARA O ENFRENTAMENTO DAS INIQUIDADES EM SAÚDE
JOÃO HENRIQUE RABELO CÂMARA - UFMA, MARIA ALICE PIRES OLIVEIRA VAN DEURSEN - UFMA, ISTVÁN VAN DEURSEN VARGA - UFMA


Introdução e Contextualização
As disparidades em saúde enfrentadas pelas populações indígenas são uma questão complexa, enraizada em injustiças históricas, exclusão social e barreiras linguísticas. No Brasil, essas disparidades são particularmente pronunciadas, com os povos indígenas enfrentando taxas mais altas de doenças evitáveis, mortalidade e complicações de saúde materno-infantil. Para abordar estas desigualdades, é necessária uma abordagem multifacetada, abrangendo mudanças políticas, capacitação da comunidade e intervenções de saúde culturalmente sensíveis. Neste contexto, as cartilhas bilíngues da UNESCO surgiram como uma ferramenta promissora para preencher a lacuna de comunicação entre as comunidades indígenas e os prestadores de cuidados de saúde, ao mesmo tempo que ao capacitar os povos indígenas com conhecimento e facilitar a tomada de decisões informadas, as cartilhas bilíngues podem desempenhar um papel crucial na promoção da equidade na saúde e na melhoria dos resultados de saúde para as populações indígenas.


Objetivo para confecção do produto
Contribuir para a redução das iniquidades em saúde entre os povos indígenas no Brasil, promovendo uma educação em saúde culturalmente sensível e linguisticamente apropriada por meio do desenvolvimento e disseminação de cartelas de saúde bilingue.


Metodologia e processo de produção
O desenvolvimento da cartilha envolveu uma abordagem participativa e intercultural, com a colaboração de profissionais de saúde, líderes indígenas, antropólogos e linguistas. As oficinas para confecção do material ocorreram nos dias 28 de outubro e 10 e 11 de novembro de 2021, na comunidade Imbiral Cabeça-Branca e de 4 a 7 de janeiro de 2022 na comunidade Turizinho, na TI Alto Turiaçu. Materiais como folhas A4, canetas coloridas, giz de cera, marcadores e cartolinas serviram como ferramentas para a realização da oficina. Foram realizadas consultas extensas com as comunidades indígenas para identificar suas necessidades específicas de informação em saúde e garantir que o conteúdo fosse culturalmente apropriado e linguisticamente acessível. O processo também incluiu a tradução e adaptação do conteúdo para as linguagens indígenas específicas, garantindo a compreensão por parte de todos os membros das comunidades. Adicionalmente, foram feitas validações do conteúdo com os líderes comunitários e representantes de saúde indígena para assegurar a precisão e relevância das informações apresentadas.


Resultados
As cartilhas resultantes apresentam informações claras e relevantes sobre uma variedade de tópicos de saúde, incluindo prevenção de doenças, cuidados com a saúde materna e infantil, nutrição, higiene e acesso aos serviços de saúde. Além disso, é bilíngue, sendo disponibilizada tanto na língua portuguesa quanto na língua indígena específica, garantindo que seja compreensível para todos os membros das comunidades.

Análise crítica e impactos sociais do produto
As cartilhas bilíngues em saúde indígena são ferramentas valiosas para fortalecer os sistemas de saúde e promover o bem-estar das populações indígenas no Brasil. Sua criação e implementação representam um passo importante rumo à redução das iniquidades em saúde e ao fortalecimento da autonomia e capacidade das comunidades indígenas para cuidar de sua própria saúde. No entanto, é importante reconhecer que desafios persistem, incluindo a necessidade de garantir a distribuição ampla e equitativa da cartilha, bem como sua atualização contínua para refletir as necessidades emergentes das comunidades. As cartilhas exemplificam a importância da interseção entre política, saberes e práticas na promoção da saúde e no enfrentamento das iniquidades em saúde em contextos indígenas.


Referências
VARGA, I.V.D.; GUAJA, A. Awá – Vamos falar sobre prevenção a IST/HIV/Aids, hepatites virais, COVID-19, malária e tuberculose. Ma’ahy nipyhykiha rehe ari’i mata a’ija. IST/HIV/Aids any, ma’ahy hepatites virais any, COVID-19 rehe any, malária rehe tuberculose pame any. Brasília: UNESCO, 2023 (Cartilha bilingue para o povo Awá – disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000386960?posInSet=1&queryId=afb78edf-a9bd-4e12-b9ac-aa8072ca9ef0).

VARGA, I.V.D.; KRIKATI, R.C. Akroá-Gamella – Vamos falar sobre prevenção a IST/HIV/Aids, hepatites virais, COVID-19, malária e tuberculose. Moh cohme ēh’cỳjxỳ’to IST/HIV/Aids, hepatites virais, COVID-19, malária ne tuberculos coohnyymy amjōhto ēh’himpej ja’crepej. Brasília: UNESCO, 2024 (Cartilha bilingue para o povo Akroá-Gamella – disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000389241).


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