05/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC7.6 - Telessaúde, Teletrabalho e Teleeducação: aprendizados e desafios |
54431 - AS TELECONSULTORIAS DO TELESSAÚDE PODEM REDUZIR INIQUIDADES EM SAÚDE? GLADYS REIS DE OLIVEIRA - SESAB-FESF-SUS
Contextualização A estratégia da Telessaúde na Bahia foi implantada no ano de 2013 na Secretaria de Saúde do Estado da Bahia com oferta de teleconsultorias, teleducação, segunda opinião formativa, e-SUS APS para os 417 municípios. A oferta da Teleconsultoria é feita por meio de uma plataforma online denominada Plataforma Telessaúde Bahia, onde o profissional da atenção primária se cadastra e faz perguntas para esclarecimentos de suas dúvidas. As solicitações podem ser de apoio clínico, processo de trabalho na atenção primária, educação em saúde, gestão do cuidado. Ela é mediada por um profissional telerregulador que direciona a solicitação para um profissional teleconsultor que construirá a resposta e enviar para o solicitante. Porém, no período da pandemia da COVID-19 a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e outros serviços especializados de referências estaduais tornaram-se parceiros teleconsultores do Telessaúde Bahia, oferecendo teleconsultorias especializadas e teleconsultorias com intenção de encaminhamento de usuários.
Descrição da Experiência O perfil de teleconsultorias alterou a partir do ano de 2020, mais precisamente no mês de abril o qual foram oferecidos as teleconsultorias vinculadas à Faculdade de Medicina da UFBA e serviços estaduais de referência. Foram realizados treinamentos para os profissionais dos serviços e professores da Faculdade de Medicina para se tornarem teleconsultores. Foram elaborados manuais do usuário teleconsultor e solicitante para manusearem a Plataforma do Telessaúde Bahia. Houve a criação de um espaço denominado “Teleconsultoria Especializada” no site e foi incluída no rol de ofertas do Telessaúde, bem como a sua divulgação em redes sociais e equipe de apoio estratégico por macrorregião de saúde. As intenções dos serviços de referência do estado eram qualificar o acesso, matriciar os casos com a atenção primária e atender usuários que tivesses critérios para atendimento presencial, além de suspender a distribuição de senhas de acesso nas recepções dos serviços, o que ampliava as iniquidades em saúde. A oferta de teleconsultoria especializada sem intenção de encaminhamento eram realizadas pela Faculdade de Medicina da UFBA e pelos serviços de referência do estado. Porém, as solicitações com intenção de encaminhamento eram respondidas pelos serviços especializados trazendo a garantia do agendamento do usuário. Após um período, a oferta de teleconsultoria tornou-se compulsória para acesso.
Objetivo e período de Realização Analisar a evolução do número de teleconsultorias especializadas e com intenção de encaminhamento enviadas pelos solicitantes da atenção primária por meio da Plataforma do Telessaúde Bahia no período de 13 de dezembro de 2019 até 03 de junho de 2024.
Resultados No período de 13 de dezembro de 2019 a 31 de março de 2020 foram realizadas um total de 736 teleconsultorias. As mesmas não tinham características de serem especializadas ou com intenção de encaminhamento. Entretanto, a partir de 01 de abril até 31 de outubro de 2020 as teleconsultorias especializadas e com intenção de encaminhamento começaram a fazer parte do escopo das ofertas do Telessaúde porém, sem ser compulsórias para o acesso totalizando 494 teleconsultorias. Porém, a partir de 01 de novembro de 2020 até 31 de outubro de 2021 nota-se um aumento significativo do número de teleconsultorias solicitadas quando as mesmas tornaram-se compulsórias, totalizando 2.349 solicitações. E, no período de 01 de novembro de 2020 até 03 de junho de 2024 já foram realizadas 29.755 teleconsultorias. Os serviços de referências estaduais que participaram deste processo foram: Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia – Cedeba, Centro Estadual de Prevenção e Reabilitação da Pessoa com Deficiência – Cepred, dentre outros.
Aprendizado e Análise Crítica A estratégia de Telessaúde na oferta de teleconsultorias traz a evitação de deslocamentos desnecessários, redução de custos, priorização no acesso a partir de critérios estabelecidos, além de outros ganhos indiretos para os usuários. Mas, por um outro lado o acesso das pessoas às unidades de saúde da atenção primária, bem como a infraestrutura de equipamentos de informática e conectividade podem ser os fatores limitadores para a universalização do acesso por meio das tecnologias de informação e comunicação. Tornar compulsório as solicitações de teleconsultorias abriu a possibilidade de todos os usuários serem matriciados por um especialista de forma síncrona ou assíncrona próximos aos seus lares, mediados por um profissional da atenção básica, ampliando o acesso ao mesmo. Mas, tornar obrigatório o acesso ao serviço especializado por teleconsultorias podem restringir o acesso se os gestores municipais não priorizarem a rede de atenção primária no município. É fundamental que os conselhos de saúde estejam atentos sobre as estratégias da cobertura da atenção básica, impulsionando-a como a coordenadora do cuidado. Por isso, é importante estudos que possam medir quais os tipos de iniquidades em saúde que podem ser reduzidas pela teleconsultorias da estratégia Telessaúde.
Referências Bahia. Comissão Intergestora Bipartite (CIB). Resolução CIB 107/2020. Aprova o Programa de Telecompartilhamento da Saúde com a Atenção Básica do Estado da Bahia, como estratégia para retomar, ampliar e fortalecer o cuidado ofertado pela Atenção Básica nos municípios, durante e após a pandemia da Covid-19, por meio do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação. Acesso em: 30/05/2024. Disponível em
Fonte(s) de financiamento: Recursos próprios do Governo do Estado da Bahia
|