Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC7.6 - Telessaúde, Teletrabalho e Teleeducação: aprendizados e desafios

52260 - TELEMEDICINA EM UMA MATERNIDADE TERCIÁRIA NO CEARÁ: SATISFAÇÃO DAS USUÁRIAS E DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO
RENATA CUNHA LIMA RODRIGUES - EBSERH, DHARLENE GIFFONI SOARES - EBSERH, RAQUEL AUTRAN COELHO PEIXOTO - EBSERH, ZENILDA VIEIRA BRUNO - EBSERH, KARINNE CISNE FERNANDES REBOUÇAS - EBSERH, MICHELLE COELHO FONTENELE SENA - EBSERH, DAVID AUGUSTO BATISTA SÁ ARAÚJO - UFC, INGRID ARRUDA CASTRO - UNICHRISTUS, KLAYTON COELHO DE SOUZA JÚNIOR - UNICHRISTUS


Introdução e Contextualização
A Telemedicina é um termo utilizado para representar o uso de tecnologias de comunicação e de informação para o cuidado em saúde, além de treinamento e informação para equipes de assistência médica e para pacientes. A finalidade dessas modalidades é proporcionar a oferta de serviços e assistência médica para reduzir a necessidade de deslocamento aos centros de referência em situações em que não haja a necessidade de avaliação presencial. Desta forma, há benefício na otimização da assistência em saúde bem como na oferta de tempo necessária para cada atividade voltada para o paciente 1. A Telemedicina no contexto atual assume um papel importante para a assistência remota e disseminação de informação, sem prejuízo ao cuidado médico, desde que realizada a adequada seleção do perfil de atendimento. Não é uma modalidade que surge como substituta do atendimento tradicional presencial, mas uma forma de aproximar o profissional de saúde e o paciente, uma ferramenta para ampliar o acesso à assistência em saúde2. Em Ginecologia, pode-se falar que essa ação centrada no paciente, leva a um empoderamento da mulher na responsabilidade pela própria saúde4. Como a implementação do serviço de Telemedicina foi algo novo no serviço, se viu a necessidade de se estudar a fortalezas e fragilidades do atendimento, assim como avaliar a satisfação das usuárias.

Objetivo para confecção do produto
Objetivo geral: Avaliar a implementação da Telemedicina em Ginecologia e Obstetrícia em hospital terciário. Objetivos específicos: Quanto ao serviço de telemedicina para atenção à saúde da mulher: Descrever sua implementação; Avaliar a satisfação das pacientes; Identificar as principais dificuldades na implementação e no acesso; Avaliar o absenteísmo; Desenvolver o Protocolo e Fluxo de atendimento; Desenvolver uma cartilha de orientação para as pacientes.

Metodologia e processo de produção
Estudo observacional descritivo, com abordagem transversal realizado de janeiro de 2022 a março de 2023. Avaliou 71 pacientes do SUS acompanhadas na Ginecologia da MEAC de setembro de 2020 a março 2023. Elencamos alguns perfis de pacientes com indicação para ser acompanhadas. E selecionamos critérios de inclusão e exclusão. O atendimento foi realizado através de ligação telefônica ou por aplicativos de mensagens com chamada de vídeo e documentado em prontuário eletrônico em “Consulta de Telemedicina”. As pacientes que preencheram os critérios de inclusão responderam a uma ficha com perguntas sobre características clínicas e sociodemográficas. Um pesquisador entrou em contato telefônico após a teleconsulta para aplicação do instrumento Questionário para Avaliação da Satisfação de Pacientes Atendidos via Telemedicina (QASTele), validado em português3. Ainda, aplicamos uma ficha de perguntas subjetivas sobre percepção da paciente sobre a modalidade de assistência prestada. Os seguintes indicadores serão avaliados em um estudo retrospectivo: tempo de espera, absenteísmo, satisfação das pacientes, entre outros. Analisamos por meio de alguns testes os dados obtidos nesse trabalho.

Resultados
O atendimento por telemedicina permitiu manter a qualidade da assistência prestada, aumentando a eficiência do serviço, com redução do tempo de espera. Visando a orientação das pacientes sobre a forma remota de atendimento, foi desenvolvida uma Cartilha de orientações sobre o atendimento para as pacientes do serviço. Evidenciou-se que 73.2% das pacientes afirmaram que o atendimento remoto a fez economizar dinheiro, em um público que tem 69% a renda familiar de até um salário mínimo. A taxa de absenteísmo médio nas consultas, identificada como paciente que não atendiam a ligação telefônica na data e horário previamente agendado foi de 5,46 % neste estudo, sendo 11,4 % em 2020, 0,9 % em 2021 e 2,24 % em 2022 e 7,3% no início de 2023. Nosso estudo encontrou uma taxa de 3,2% de necessidade de mudança para a modalidade presencial no ano de 2022. Neste estudo, a satisfação com a realização da consulta via Telemedicina, via QASTele, foi de 78,9%. Uma dificuldade observada neste estudo foi a obtenção de respostas das pacientes aos questionários. Dos 213 questionários enviados, apenas 71 (33,3%) foram respondidos. Os questionários foram enviados por mensagens de aplicativos de texto através de um link a ser preenchido de forma remota ou, na ausência do preenchimento, as respostas foram preenchidas por entrevistador externo através de ligação telefônica.

Análise crítica e impactos sociais do produto
Foi implementado um serviço de Telemedicina para atenção à saúde da mulher durante a pandemia e, posteriormente, tendo seu papel na assistência fora deste período, com o reconhecimento e financiamento da prefeitura do município. Foi observado baixo absenteísmo nas consultas pelo atendimento remoto, algo que pode ser promissor como ferramenta para manutenção da linha de cuidado em situações adversas ou para pacientes com dificuldades de deslocamento, financeiras, de tempo ou de distância do serviço. Houve alta satisfação das pacientes, de forma que houve boa aceitação mesmo após o período de pandemia e mesmo em pacientes moradoras da cidade de Fortaleza. O único fator associado à satisfação das usuárias foi a dificuldade de acesso de rede da internet ou telefônico. As principais dificuldades encontradas se referiram à necessidade da implementação de forma rápida, o que não permitiu inicialmente o treinamento da equipe e uma orientação direcionada às pacientes. Outra dificuldade foi a ausência de plataforma específica para o atendimento remoto no hospital. Foi elaborada uma cartilha de orientação para as pacientes, que poderá ser uma ferramenta promissora em aumentar a adesão e a segurança pelas usuárias nesta modalidade de atendimento. Foi ainda desenvolvido o Protocolo e Fluxo de atendimento, a partir dos dados deste estudo acerca do perfil dos pacientes avaliadas.

Referências


ARMSTRONG, N.; HEARNSHAW, H.; POWELL J. et al. Stakeholder perspectives on the development of a virtual clinic for diabetes care: qualitative study. J Med Internet Res. v. 9, n. 3, p. e23, 2007.

CHAET, D.; CLEARFIELD, R.; SABIN, J. E. et al. Council on Ethical and Judicial Affairs American Medical Association. Ethical practice in Telehealth and Telemedicine. J Gen Intern Med. v. 32, n. 10, p. 1136-1140, 2017.

DE CAMPOS MOREIRA, Taís et al. Tradução, adaptação transcultural e validação de questionário de satisfação em telemedicina. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, v. 17, n. 44, p. 2837-2837, 2022.

KAVASEN, L.S.; SASO, S.; BARCROTF, J. et al. Implications for the future of Obstetrics and Gynaecology following the COVID-19 pandemic: a commentary Special ambulatory gynecologic considerations in the era of coronavirus disease 2019 COVID19) and implications for future practice. BJOG., v. 127, n. 11, p. 1318-1323, 2020.

Fonte(s) de financiamento: não há fonte cde financiamento


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