Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC7.5 - Saúde digital e vigilância: aprendizados, desafios e perspectivas

52272 - APLICATIVO FLUORAL COMO INSTRUMENTO PARA QUALIFICAR A VIGILÂNCIA DA SAÚDE BUCAL COM RELAÇÃO À FLUORETAÇÃO DAS ÁGUAS
MYRIAN GIOVANNA VIANA LOURENÇO - UFAL, CRISTIANE RIBEIRO DA SILVA CASTRO - UFBA, IZABEL MAIA NOVAES - UFAL, JAMERSON DA SILVA SANTOS - ICEPI


Introdução e Contextualização
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) modificam, progressivamente, os espaços de discussão e ação em saúde, em decorrência do advento da saúde móvel. A exemplo disto, os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) são instrumentos tecnológicos geridos pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e protagonizam o registro e processamento de dados, a partir da disponibilização de informações fundamentais para os processos decisórios em saúde. É importante evidenciar a existência de SIS como o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISAGUA) e o Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS), os quais são responsáveis pelo registro de informações referentes às formas e condições de abastecimento de água, incluindo os parâmetros de fluoretação. Mas, é possível observar desafios para a efetividade do desempenho destes SIS, o que pode resultar em insuficiências na vigilância da saúde bucal no que tange ao monitoramento da presença do íon flúor nas águas de abastecimento público. Por isso, urge a necessidade de um instrumento que utilize as novas TICS, como os aplicativos móveis de saúde, para servir de base informacional sobre os processos de implementação, controle e monitoramento da fluoretação das águas e da vigilância do parâmetro fluoreto.

Objetivo para confecção do produto
Criar um aplicativo para dispositivos móveis, o qual deve apoiar órgãos e entidades governamentais e não governamentais em ações voltadas ao uso de fluoretos em saúde pública, com ênfase nos meios coletivos, como a água de abastecimento público.

Metodologia e processo de produção
Os dados utilizados no desenvolvimento dos conteúdos do software foram obtidos a partir da pesquisa “Uso de Fluoretos em Saúde Pública: Produção e Qualificação de Instrumentos para Vigilância da Saúde Bucal - estado de Alagoas”, a qual foi conduzida pelo Centro Colaborador do Ministério da Saúde em Vigilância da Saúde Bucal, da Universidade de São Paulo (CECOL/USP). A abordagem sistemática do design instrucional foi utilizada como método, pois contempla as etapas de análise, planejamento, desenvolvimento e implementação na construção de um software informacional. A informação produzida foi organizada em materiais informativos através de recursos de design como Canva e Corel Draw. Depois, realizou-se um protótipo digital e, posteriormente, foi escolhida a plataforma FabApps, a qual não exige códigos de programação, para a formatação do aplicativo e publicação do produto. A produção foi finalizada, publicada e divulgada em 2024 e o processo de divulgação do programa para o seu público-alvo se deu a partir da comunicação através de e-mails institucionais disponíveis para acesso público.

Resultados
O aplicativo desenvolvido foi intitulado FLUORAL e está disponível gratuitamente nos sistemas operacionais Android e IOS. Essa plataforma apresenta interface e telas para navegação livre, com treze abas, as quais possuem número variável de botões. A partir da ativação desses componentes, ficam disponíveis informações acerca do aplicativo, bem como sobre os resultados da pesquisa supracitada. Neste último caso, os compartimentos visuais apresentam materiais informativos, a exemplo de documentos sobre a fluoretação das águas de abastecimento público; a situação da provisão de água fluoretada em Alagoas, entre 2015 e 2023, com seções únicas para cada município; o arcabouço legal referente ao tema; os Sistemas de Informação em Saúde relacionados à fluoretação e à vigilância do parâmetro fluoreto, bem como seus manuais, documentos técnicos e indicações de uso; o CECOL/USP e a Rede Vigifluor, além de outras normas e orientações. Ainda nesse cenário, existem outras três abas destinadas a informações sobre como implementar a fluoretação, bem como os processos de monitoramento e controle, através da vigilância do parâmetro fluoreto. Além disso, há um espaço destinado a direcionar os usuários para as informações de contato dos responsáveis pela pesquisa e produção técnica, para dúvidas, sugestões e informações. Por fim, o último componente destina-se à avaliação do software.

Análise crítica e impactos sociais do produto
O programa foi avaliado, pelo seu público-alvo, como importante e necessário para pensar novas formas de debater a fluoretação e a vigilância da água de abastecimento público. Assim, é possível visualizar que as TICs funcionam como bons instrumentos para potencializar debates e ações em saúde. De forma específica, o FLUORAL se apresenta como um produto de ação intencional e sistemática para o ensino e a qualificação de profissionais da saúde, principalmente para aqueles vinculados à vigilância da saúde bucal e da qualidade da água para consumo humano. Além disso, o aplicativo tem acesso livre, pois profissionais de outras áreas, estudantes e a população em geral devem ter acesso liberado a informações como estas, para que também sejam fomentadas atividades de controle social em relação à provisão de água fluoretada como medida de saúde pública. Espera-se que a partir da disponibilização do aplicativo, os órgãos e entidades ligados à saúde e ao meio ambiente comecem a disparar debates e atividades voltados à reconstituição das políticas de fluoretação das águas, assim como de vigilância, em Alagoas. Tal processo é importante pois o íon flúor na água, em concentrações ideais, está associado a reduções significativas da prevalência da doença cárie. Portanto, vê-se que esta ferramenta ainda apresenta como propósito a perspectiva de contribuir para a promoção da saúde bucal.

Referências
ABIB L. T.; GOMES, I. M.; GALAK, E. L. (2020). Os usos de um aplicativo de saúde móvel e a educação dos corpos em uma política pública. Revista Brasileira De Ciências Do Esporte, 42, e2051. Disponívem em: < https://doi.org/10.1590/rbce.42.2019.288>

FRAZÃO, P.; ELY, H. C.; NORO, L. R. A.; PINHEIRO, H. H. C.; CURY, J. A. O modelo de vigilância da água e a divulgação de indicadores de concentração de fluoreto. Saúde em debate, v. 42, n. 116, p. 274-286, 2018.

RODRIGUES, A. B. T.; MIRANDA, M. S. L.; EMMI, D. T.; BARROSO, F. F.; PINHEIRO, H. C.; ARAÚJO, V. A. O panorama da fluoretação das águas de abastecimento público da cidade de Belém, estado do Pará, Brasil. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 12, e202100708, 2021.


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