Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC7.5 - Saúde digital e vigilância: aprendizados, desafios e perspectivas

52271 - VACINAME: TECNOLOGIA DIGITAL PARA INCREMENTO DA COBERTURA VACINAL EM CRIANÇAS
PAULO HENRIQUE DE ARAÚJO LIMA FILHO - UECE, JOSÉ MARIA XIMENES GUIMARÃES - UECE, ALICE MARIA CORREIA PEQUENO - UECE


Apresentação/Introdução
No Brasil, a cobertura vacinal já alcançou números excelentes, contudo, o percentual de imunização para o sarampo, que em 2001 atingiu a meta de 95%, em 2021, apenas 46% das crianças no Brasil receberam as duas doses na idade recomendada (WHO, 2023).
A subvacinação está relacionada a inúmeros fatores, que vão desde o esquecimento até as falsas notícias veiculadas pelas redes sociais. Menciona-se, também, o desabastecimento parcial de alguns imunobiológicos, problemas operacionais de execução, desconhecimento da importância das vacinas, hesitação em vacinar por sentimento de pena, falta de tempo, criança doente, acessibilidade, incluindo até a dificuldade do registro adequado da dose administrada nos sistemas de informação (BARROS et al., 2015; DOMINGUES et al., 2020).
Exprime-se que a cobertura vacinal é complexa e envolve vários determinantes, devendo-se considerar que as táticas que ajudem a enfrentar o esquecimento devem figurar no rol de estratégias de incentivo à imunização para combater a baixa cobertura.
Este estudo pretende contribuir para a coletividade, já que tende a colaborar diretamente na prevenção de doenças e enfrentar continuadamente um problema de saúde pública ocorrente na nossa sociedade: a baixa cobertura vacinal em crianças.

Objetivos
Desenvolver e validar uma tecnologia digital para o envio de mensagens automáticas aos responsáveis por crianças com lembretes acerca da vacinação.

Metodologia
Trata-se de um estudo metodológico com a etapa de desenvolvimento do software e de validação da tecnologia. Para o desenvolvimento, foi escolhido o modelo Extreme Programming, mais conhecido como método XP, e que envolve quatro etapas metodológicas de desenvolvimento: planejamento, projeto, codificação e testes.
Seguiu-se com a etapa de validação do software, a aplicação foi submetida a quatro grupo de juízes: juízes especialistas em Tecnologia da Informação para examinar critérios técnicos, especialistas em vacina para avaliar objetivo do software e conteúdo das mensagens, profissionais da Estratégia Saúde a Família (ESF) para medir a usabilidade, e público-destino para mensurar o formato das mensagens recebidas.
Para a coleta de dados, foram utilizados questionários com escala do tipo Likert, acrescidos de espaço para sugestões e aperfeiçoamentos. Para a etapa de validação, a amostra reuniu 24 participantes no total. Os dados foram analisados por meio do Índice de Validade de Conteúdo e teste binomial.
Ao final do processo de desenvolvimento realizou-se o Registro do Programa de Computador no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), bem como o Registro de Marca.

Resultados e Discussão
Na etapa de planejamento, por meio de reuniões, o desenvolvedor entendeu em detalhes quais os requisitos que o sistema deveria ter, propondo o melhor tipo de software para aquela funcionalidade pretendida, uma aplicação WEB.
Na fase de projeto, o programador ofereceu uma versão ainda inoperante para confirmar se a ideia que houvera entendido estava correta, e, após alguns ajustes e aprovação, avançou-se para a codificação. Seguiu-se com os testes e ajustes na tecnologia junto aos pesquisadores.
Após o desenvolvimento propriamente dito, a tecnologia foi disponibilizada aos juízes para validação. O software foi considerado validado, já que atingiu IVC global de 0,95 e o teste binomial realizado não rejeitou IVC > 0,7 para nenhum dos itens avaliados.
Apesar de encontrar experiência similar no Canadá e nos Estados Unidos, que também se propõem a enviar lembretes, estes necessitam de interação dos usuários, inclusive para reportar a vacinação no caso estadunidense, ou serem baixados como o aplicativo no canadense. Software que envie passivamente esses lembretes no formato em que propomos é singular até onde conseguimos averiguar nas demandas (PARADIS et al., 2018; KHARBANDA et al., 2013).
O software atualmente é operável por meio de uma interface simples e de fácil manuseio, o que não significa que, como qualquer software, não necessite de atualizações periódicas. Com o uso, surgirão outras necessidades demandadas pelos profissionais e pelo próprio serviço, passíveis de aperfeiçoamento e implementação.

Conclusões/Considerações finais
O VacinaMe foi desenvolvido para ser operado por profissionais de saúde e/ou a quem for autorizada a operacionalização. Para garantir o acesso apenas a pessoas específicas, a aplicação tem uma proteção, por senha, na tela de acesso.
Surge, então, essa proposta de se cuidar para que a informação chegue da maneira adequada para os usuários dos serviços de saúde e, além de atingir coberturas vacinais melhores, haja a vacinação na idade certa para todas as crianças. O VacinaMe se propõe levar informação ágil, rápida e eficientemente, com a premissa de evolução constante, como qualquer tecnologia que pretende permanecer útil à proporção do tempo.
Conclui-se, por fim, que o VacinaMe tem um grande potencial de otimização para o serviço de saúde, passível de ser utilizado inicialmente na atenção primária, contribuindo para diminuir a incidência de doenças imunopreveníveis, capaz de atingir, inclusive, outras faixas etárias e aplicações a medida que a ferramenta for modernizada e aprimorada.

Referências
WHO. World Health Organization. The Global Health Observatory. 2023.
BARROS, M. G. M. et al. Perda de oportunidade de vacinação: aspectos relacionados à atuação da atenção primária em Recife, Pernambuco, 2012. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 24, p. 701-710, 2015.
DOMINGUES, C. M. A. S. et al. Vacina Brasil e estratégias de formação e desenvolvimento em imunizações. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 28(2), 2019.
KHARBANDA, E. O. et al. Text message reminders to promote human papillomavirus vaccination. Vaccine, v. 29, n. 14, p. 2537-2541, 2011.
PARADIS, M. et al. Immunization and technology among newcomers: A needs assessment survey for a vaccine-tracking app. Human vaccines & immunotherapeutics, v. 14, n. 7, p. 1660-1664, 2018.

Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio


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