05/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC7.5 - Saúde digital e vigilância: aprendizados, desafios e perspectivas |
48972 - APLICATIVO MÓVEL: NAVEGAR PARA ELIMINAR A SÍFILIS CONGÊNITA “XÔ SC!” DIEGO GEAQUINTO LEÃO ADRIANO - UNIRIO, DÉBORA DA SILVA BARBOSA - UNIRIO, MARIA APARECIDA DE ASSIS PATROCLO - UNIRIO
Introdução e Contextualização A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidum, que, apesar de curável, ainda é um grave problema na saúde pública. Além da transmissão por contato sexual, gestantes infectadas podem transmitir verticalmente a bactéria para o feto quando não é tratada ou é tratada de forma não adequada. A sífilis pode ocasionar desfechos obstétricos adversos como abortamento, prematuridade, natimortalidade, baixo peso ao nascer, além da sífilis congênita (SC). As manifestações da SC estão associadas a distúrbios dermatológicos, ósseos, oftalmológicos, auditivos, odontológicos e neurológicos, além de alterações laboratoriais.1
O controle da SC faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas, da qual o Brasil é signatário. No entanto, a taxa de incidência SC por mil nascidos vivos subiu de 8,6 em 2020 para 9,9 em 20222, sendo a meta pactuada de menos de 0,5 até 2030.3
Apesar das políticas públicas existentes, a incidência da SC permanece muito alta no Brasil, o que justifica a busca por novos caminhos que possam contribuir para a melhora da assistência pré-natal com vistas à erradicação da SC. Um desses caminhos é a utilização de ferramentas da Saúde Digital, como aplicativos móveis (APPs), na educação permanente de profissionais da saúde responsáveis pela atenção à gestante.
Objetivo para confecção do produto Desenvolver aplicativo móvel para educação permanente de profissionais de nível superior, relacionado a abordagem de gestante com sífilis, adoção de conduta inicial com o Recém-Nascido (RN) e manejo integral de casos do mundo real através de simulação.
Metodologia e processo de produção Inicialmente foi feita coleta de dados de 333 casos de sífilis em gestantes e de RN dessas mães, período 2019 a 2022, em maternidade de hospital universitário da cidade do Rio de Janeiro, para organização de banco de dados. Os casos foram categorizados para problematizar situações frequentes e algumas excepcionalidades; permitir exercício de série de casos e a simulação entre caso real e caso do banco.
As orientações adotadas no APP são baseadas no protocolo de transmissão vertical de sífilis4 e manual de diagnóstico laboratorial de sífilis do Ministério da Saúde5. Quatro especialistas validarão as orientações.
O APP foi desenvolvido como uma aplicação Android, segundo metodologia ágil6, com a ferramenta gratuita no code SAP Build Apps – Community Edition, com divisão em duas etapas (i) a estrutura geral do APP e a funcionalidade de problematização e exercício de série de casos baseada nos dados coletados dos casos reais; (ii) a funcionalidade de entrada de dados referentes a simulação de caso real.
O APP será testado por obstetras do pré-natal e obstetras e pediatras da maternidade do hospital universitário de origem dos casos e médicos e enfermeiros da Atenção Básica de Saúde.
Resultados O APP foi denominado “Xô SC!” e consta de introdução onde são feitas problematizações, referentes a fundamentos para a assistência pré natal: idade gestacional no início do pé natal; data de realização do Teste Rápido (TR) de sífilis no pré natal; resultado do TR; data da realização do primeiro VDRL nesse pré natal; classificação clínica da sífilis; prescrição; títulos e datas de VDRL de controle; data do parto; idade gestacional no parto; resultado do TR e do VDRL da gestante no parto; resultado do VDRL do RN; classificação do RN em relação a sífilis; sinais e sintomas clínicos do RN; resultado do exame de líquor e de ossos longos do RN; conduta com RN; conduta com a puérpera; conduta com parcerias. A seguir são apresentadas série de casos de sífilis em gestante, com dados de consultas pré-natal, admissão no parto e para o RN até 48h com os questionamentos: Trata-se de um caso de sífilis congênita? Justifique; Qual a conduta que deve ser adotada com o RN, puérpera e parcerias?
Existe no APP espaço para registro de respostas abertas e conferência com o gabarito.
Na presença de um caso do mundo real, todas as variáveis da série de casos terão que ser preenchidas e o usuário será então direcionado para o caso do banco de dados com o qual exista a maior semelhança.
Alertas serão introduzidos para atualização de Protocolos e Notas Técnicas do Ministério da Saúde.
Análise crítica e impactos sociais do produto O fato de a sífilis congênita ser uma pandemia e o maior número de casos se localizar na América do Sul e na África, demanda uma estratégia em larga escala que garanta a acessibilidade de profissionais de saúde de diferentes territórios a fundamentos básicos e estudo de casos de forma autônoma, além de orientação técnica frente a casos reais.
Na atualidade o celular, é uma tecnologia eletrônica móvel que quase a totalidade da população mundial faz uso e vem sendo um recurso bastante utilizado por profissionais de saúde, nesse sentido o APP aqui apresentado configura-se como uma ferramenta de grande relevância para eliminação da sífilis congênita com potencial de provocar profundo impacto na sociedade brasileira e quiçá mundial, uma vez que rompe com mecanismos de iniquidade e, dessa forma, contribui para equidade na qualidade da assistência pré natal e no parto de gestantes com sífilis, podendo a longo prazo reduzir a sífilis adquirida.
Referências 1. BRASIL. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
2. INDICADORES E DADOS BÁSICOS DE SÍFILIS NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Acesso em 21/05/2024. Disponível em: https://indicadoressífilis.aids.gov.br/
3. BRASIL. Pacto Nacional para a Eliminação da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis, Hepatite B e Doença de Chagas como Problema de Saúde Pública. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
4.BRASIL. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.
5. BRASIL. Manual técnico para o diagnóstico da sífilis. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.
6. Alsaqqa, Samar, et al. Agile Software Development: Methodologies and Trends. International Journal of Interactive Mobile Technologies (iJIM), vol. 14, nº 11, julho de 2020.
Fonte(s) de financiamento: Sem financiamento.
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