52635 - SAÚDE DA FAMÍLIA DIGITAL: INTERVENÇÕES DIGITAIS DE SAÚDE COM USUÁRIOS DE UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA ZONA SUL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO RENATA CRISTÓFANI MARTINS - I9MED DIGITAL CARE, AGNALDO CARLESSE - I9MED DIGITAL CARE, TIAGO FRIGINI - I9MED DIGITAL CARE, ANDREA VIEIRA - I9MED DIGITAL CARE, ERNANI PEREIRA DA CUNHA - CEJAM - CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS DR. JOÃO AMORIM, JÔNATAS LIMA DE BEM NUNES - CEJAM - CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS DR. JOÃO AMORIM
Contextualização A integração da telemedicina na Atenção Primária à Saúde (APS) tem emergido como uma estratégia promissora para aprimorar a acessibilidade e a eficiência dos serviços de saúde. A flexibilidade oferecida permite que os usuários consultem profissionais de saúde sem precisar se deslocar longas distâncias, além de facilitar acesso a especialistas que locais remotos têm dificuldade de contratação.
A telemedicina contribui para continuidade e longitudinalidade do cuidado. O preconizado pelo MS são 4 consultas por ano nas UBS, e na telemedicina o acompanhamento pode ser até semanal, sendo estruturado de acordo com a necessidade. A conveniência das consultas virtuais e a possibilidade de monitoramento remoto da saúde incentivam os usuários a se engajarem ativamente em seu autocuidado, resultando em melhores resultados clínicos e qualidade de vida.
O Galileu é um aplicativo inovador de saúde que promove um cuidado longitudinal centrado no usuário. Ele realiza ações de educação, monitoramento e atendimento de saúde. O atendimento pode ser pelo aplicativo direto da casa do usuário ou por uma plataforma em um consultório híbrido dentro da UBS. Uma ferramenta que diferencia o Galileu, é o questionário autoaplicável de estratificação de saúde (HRA) que coleta diversos e amplos dados. A partir dele é possível um cuidado individualizado e uma gestão de saúde mais assertiva.
Descrição da Experiência Em outubro de 2023 a OSS CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim) implementou a ferramenta digital Galileu com o nome de Saúde da Família Digital (SFD). O público alvo foram as 570.250 pessoas maiores de 18 anos cadastradas nas 30 UBS de saúde da família de Capão Redondo e Jardim Angela do município de São Paulo.
A primeira etapa foi a apresentação do projeto para todas as unidades, juntamente com todas as equipes das coordenadorias da SMS e do CEJAM com esclarecimento de dúvidas. Depois houve treinamento, principalmente com ACS, sobre a funcionalidade do aplicativo e a importância de preenchimento do HRA.
A implementação do consultório híbrido sensibilizou a população e profissionais sobre o projeto garantindo melhor aderência e confiança na SFD. Com essa abordagem no presencial, foi mais fácil convencer os usuários a baixar o aplicativo.
Para estimular envolvimento e valorização do ACS, uma gamificação foi feita. Cada ACS ganhou pontos por usuário que baixasse aplicativo ou preenchesse o HRA. Ao final de uma jornada ele poderia trocar por prêmios, seja materias de uso de diário ou bolsa de estudos para cursos profissionalizantes
Outra estratégia para melhorar a adesão foi a contratação de equipe do Apoio digital que ficou nas UBS para explicar o programa, ajudar a baixar o aplicativo e no preenchimento do HRA. Em algumas UBS até wi-fi social foi disponibilizado.
Objetivo e período de Realização Realizar ações de educação em saúde; prevenção e promoção; monitoramento e acompanhamento de saúde; além de atendimento e cuidado de saúde.
Aumentar o acesso à Atenção Primária à Saúde com a longitudinalidade do cuidado e o vínculo com profissionais de saúde.
Melhorar a gestão do cuidado com ferramentas de inteligência artificial para auxiliar nas tomadas de decisões e predição de eventos de saúde.
A implementação do Saúde da Família Digital iniciou em outubro/23 e está até o momento acontecendo.
Resultados Até maio/2024, 35.729 pessoas (6,27%) baixaram o aplicativo e 28.254 (4,95%) responderam o questionário HRA. A maioria são do sexo feminino na faixa de 20 a 39 anos.
A proporção de adesão ao programa nas unidades de saúde variou de 1,08% a 16,46%, sendo que somente 1 das 30 unidades tiveram mais de 10% da sua população com HRA preenchido.
Quanto à gamificação, 92,34% dos ACS conseguiram menos de 10% de preenchimento de HRA da sua população. 19 (1,84%) ACSs conseguiram mais de 25% de adesão ao programa. A equipe do Apoio Digital ajudou com os usuários e com os profissionais das unidades. Houve alta rotatividade das pessoas da equipe, o que dificultava a criação de vínculo.
Foram enviadas para os usuários participantes 432.134 mensagens de educação em saúde, sendo mais de 60 mensagens diferentes, sejam no formato de imagem ou em vídeo. No momento, temos uma página que armazena os conteúdos. A visualizações dessas mensagens começou a ser mensurada recentemente e no momento temos 54,71% de usuários com visualizações únicas.
O monitoramento de medidas de saúde, como pressão arterial e peso, começou recentemente com solicitação via mensagens de Whatsapp ou notificação “push” no aplicativo.
Aprendizado e Análise Crítica O consultório híbrido ajudou o usuário a se sentir seguro no uso da SFD. A gamificação mostrou-se uma estratégia com grande potencial de adesão. Mas para que ela seja mais efetiva, é necessário uma estratégia de sensibilização com os profissionais de saúde da ESF para que eles transmitam para a população confiança no aplicativo.
Outro aprendizado é que implementar o programa na sua versão original pode ter desvantagens, porque erros do sistema aumentam a rejeição da população.
O uso do whatsapp em larga escala gera alto custo e desconfiança dos usuários. Recentemente, iniciamos o envio das mensagens com o nome da UBS do usuário para melhorar a confiança no link que direciona a página com o conteúdo ou ao questionário. Como próxima etapa do desenvolvimento do aplicativo, espera-se que a comunicação das mensagens de monitoramento e de educação sejam feitas somente por meio de notificações push.
Quanto às ações em educação em saúde, percebeu uma alta adesão. Não conseguimos ainda medir qual é a estratégia, vídeo ou imagem, que os usuários preferem.
O Saúde da Família Digital complementa as ações de saúde presenciais da APS, promovendo mudança de comportamentos e auxiliando no cuidado do usuário. Com ele, as interações com profissionais de saúde são mais frequentes e individualizadas.
Referências Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Saúde da Família. Linha de cuidado do adulto com hipertensão arterial sistêmica [recurso eletrônico] Brasília : Ministério da Saúde, 2021.
Polinski, J. M., Barker, T., Gagliano, N., Sussman, A., Brennan, T. A., & Shrank, W. H. Patients' satisfaction with and preference for telehealth visits. J Gen Intern Med. 2016: 31(3), 269-275.
Whitten, P., & Mackert, M. Telemedicine: Opportunities and developments in member states: report on the second global survey on eHealth. 2005: World Health Organization.
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