Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC7.3 - Tecnologias Digitais na Atenção Primária à Saúde: experiências e potencialidades

52238 - DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTO NA ÁREA DA SAÚDE DA MULHER E DA CRIANÇA: AVALIAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA MEDIADA POR TECNOLOGIA DIGITAL
MARIA TERESA ROSSETTI MASSARI - IFF/FIOCRUZ, MARIA AUXILIADORA DE SOUZA MENDES GOMES - IFF/FIOCRUZ, ISABEL CRAVEIRO - IHMT/NOVA DE LISBOA, LUIZA BEATRIZ RIBEIRO ACIOLI DE ARAÚJO SILVA - IFF/FIOCRUZ, PRISCILLA PAIVA GÊ VILELLA DOS SANTOS - IFF/FIOCRUZ, LIDIANNE VIANA ALBERNAZ - IFF/FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), definido como órgão auxiliar do Ministério da Saúde (MS), vem atuando em diferentes políticas e iniciativas para a melhoria da atenção à saúde da mulher, da criança e do adolescente no Brasil, como o desenvolvimento, a coordenação e a avaliação de ações integradas, que visam a redução da mortalidade materno infantil e assegurem a garantia de acesso à serviços e insumos adequados.
Considerando as dificuldades e limitações da manutenção sistemática da modalidade presencial para o desenvolvimento de ações de educação permanente, o IFF/Fiocruz planejou e implementou uma estratégia digital, de livre acesso, para a disseminação de conhecimento para melhoria da prática clínica, nomeada Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/), com início de suas atividades em outubro de 2017.
O Portal tem como público-alvo os profissionais de saúde do SUS, desde a Atenção Primária até a Atenção Especializada e gestão, e seu acervo é composto por sínteses em diferentes formatos e webinars semanais com especialistas de referência de todo o Brasil. Desde sua implementação, o Portal de Boas Práticas conta com mais de 9 milhões de acessos e 35 mil usuários cadastrados.

Objetivos
Avaliar o grau de implantação do Portal de Boas Práticas do IFF/Fiocruz, estratégia de disseminação de conhecimento em saúde da mulher, da criança e do recém-nascido, mediada por tecnologia digital.
Os objetivos específicos foram elaborar e validar o Modelo Lógico, desenvolver e validar a Matriz de Medidas, conhecer o posicionamento dos usuários em relação aos efeitos da estratégia na prática clínica e discutir os elementos facilitadores e dificultadores da sua implantação.

Metodologia
Pesquisa avaliativa no campo da saúde, desenvolvida com o seguinte percurso metodológico: identificação e envolvimento dos potenciais interessados; análise documental e descrição da intervenção; elaboração e validação do Modelo Lógico; elaboração e validação das perguntas avaliativas e da Matriz de Medidas; elaboração, validação e aplicação de survey com os usuários; análise do acervo do Portal de Boas Práticas e dos resultados do survey.
A definição do Grau de Implantação do Portal de Boas Práticas considerou as dimensões estrutura, processos e resultado e foi estabelecido por meio de quatro quartis: implantado (100% a 75%), parcialmente implantado (74% a 50%), incipiente (49% a 25%) e não implantado (< 24%).
O estudo respeitou as normas relativas a pesquisas envolvendo seres humanos e foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IFF/Fiocruz, sob parecer nº 4.821.634. Foi garantido a todos os sujeitos envolvidos informações sobre a pesquisa e anonimato.

Resultados e Discussão
O Modelo Lógico da intervenção identificou três componentes: ambiente virtual, produção e disponibilização de conteúdo e articulação em rede. Foram definidas 32 perguntas avaliativas sendo 15 para dimensão estrutural, 16 para a dimensão processos e uma para a dimensão resultado. O survey com usuários do Portal ficou aberto durante 8 meses e obteve 642 respostas. Considerou-se que o Grau de Implantação do Portal de Boas Práticas é 82% na dimensão estrutural, 80% na dimensão processos e 100% na dimensão resultado.
Os critérios ainda não implantados ou incipientes referem-se à falta de uma estratégia para a revisão do acervo, pouca representatividade de especialistas de algumas regiões do país, recursos humanos da coordenação geral com vínculos precários e ausência de financiamento específico para o Portal de Boas Práticas. Portanto, estes elementos foram identificados como dificultadores para a implantação do Portal.
Os elementos facilitadores foram o contexto em que a estratégia está inserida (Coordenação de Ações Nacionais e de Cooperação do IFF/Fiocruz), o perfil dos especialistas que atuam no Portal de Boas Práticas (diversidade de categorias profissionais, nível de formação e vínculo institucional) e a ausência de estratégias similares para a disseminação de conhecimento até o presente momento no país.

Conclusões/Considerações finais
A disponibilização de ferramentas digitais com as características do Portal de Boas Práticas do do IFF/Fiocruz, ainda é escassa no Brasil. Por esse motivo e considerando a demanda crescente por avaliações dessas tecnologias, o percurso metodológico foi um passo importante para compreender seu funcionamento e contribuir para a consolidação dessa e de outras estratégias digitais similares.
No que se refere ao funcionamento do Portal, não há dúvidas de que a ferramenta está implantada nas três dimensões analisadas: estrutura, processos e resultado. Ainda assim, alguns pontos de sua organização merecem ser objeto de análise institucional com vistas à consolidação e sustentabilidade da intervenção.
Por fim, considera-se estratégico traduzir o conteúdo do Portal para outras línguas, especialmente para o espanhol. Essa iniciativa poderia inaugurar uma nova etapa do Portal de Boas Práticas, com vistas ao estabelecimento de uma cooperação Sul-Sul, com foco em profissionais da saúde e gestores.

Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde. Portaria No 4.159, de 21 de dezembro de 2010 [Internet]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4159_21_12_2010.html

Cassiolato M, Gueresi S. Como elaborar Modelo Lógico: roteiro para formular programas e organizar avaliação [Internet]. Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA); Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/5810/1/NT_n06_Como-elaborar-modelo-logico_Disoc_2010-set.pdf

Cosendey MAE, Hartz ZM de A, Bermudez JAZ. Validation of a tool for assessing the quality of pharmaceutical services. Cad Saúde Pública. abril de 2003;19:395–406.

Hartz Z, organizador. Avaliação em saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da implantação de programas. 1997. 132 p.

W. K. Kellog Foundation. Logic Model Development Guide [Internet]. 2004. Disponível em: https://hmstrust.org.au/wp-content/uploads/2018/08/LogicModel-Kellog-Fdn.pdf


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