54430 - A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO PARA ACOMPANHAMENTO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA RELATO DE EXPERIÊNCIA SISGED-NITERÓI
ARLETE INACIO DOS SANTOS - FESAÚDE, KESIA REGINA SOUZA CARNEIRO DE ALMEIDA - FESAUDE
Contextualização
A Fundação Estatal de Saúde - FeSaúde foi criada em 2019, através do Decreto Municipal nº 13.323/2019, se trata de uma entidade pública de direito privado. Os serviços que estão sob sua gestão em Niterói são: os 43 Módulos de Médico de Família, os 4 Centros de Atenção Psicossocial, a Unidade de Acolhimento Infantil, os Serviços Residenciais Terapêuticos, o Centro de Convivência e Cultura de Niterói e a equipe do Consultório na Rua. Os CAPs possuem redutores de danos e profissionais da equipe multi que realizam trabalho de campo em vários territórios da cidade realizando acompanhamento dos usuários de álcool e outras drogas em situação de rua, ou seja, nas ruas da cidade, nas cenas de uso de álcool e outras drogas, terrenos baldios, casarões abandonados, etc em todo e qualquer lugar de circulação desse público. Por conta da grande circulação dessa população, da dificuldade dela chegar até os serviços e da necessidade de realizar um acompanhamento mais eficiente no território foi criado o Módulo SisGeD – Sistema de Gestão de Demandas para Registro das Ações territoriais da Redução de Danos. Um sistema informatizado no qual os profissionais que atuam no trabalho de campo lançam as informações sobre os usuários e as atividades realizadas junto a eles, sendo possível obter um relatório completo de cada usuário ou do território onde cada profissional atua.
Descrição da Experiência
O SisGeD é o Sistema de Gestão de Demandas utilizado em Niterói, Rio de Janeiro. Ele permite gerenciar e acompanhar solicitações, reclamações e outros tipos de demandas da população. Além disso, a FeSaúde também utiliza o SisGeD para melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos à população. Os redutores de danos preenchem as informações semanalmente com os seguintes dados: Nome, Nome Social, Apelido, Data de Nascimento, Identidade de Gênero, Se possui deficiências, Ausência de Documentos, Unidade de Referência, data de atividade, Ações realizadas, Quantidade de Distribuição de Insumos e kits lanches, Demandas e Encaminhamentos. A partir dessas informações levanta-se o perfil dos usuários, suas demandas, levantamentos de com quais serviços são necessários construir parcerias para se ter a integralidade do cuidado, sabe-se por quais lugares da cidade ele circula. Dentro do SISGED tem um mapa da cidade e escrevendo o nome do usuário é possível ver por onde ele circulou, pois abre-se setas com o nome dele em todos os territórios que a equipe de trabalho de campo o abordou. Dessa forma, os profissionais que são referência do usuário podem coletar mais informações sobre ele com cada equipe que o abordou.
Objetivo e período de Realização
O objetivo do SisGeD é apresentar dados sobre os usuários de álcool e outras drogas que são acompanhados no território e o trabalho realizado nesses acompanhamentos, melhorando desta forma o acompanhamento realizado junto a esse público e possibilitando a criação de políticas públicas mais eficazes e eficientes. O SISGED começou a ser construído no início de 2023, foi passando por vários testes e mudanças até ser implementado em fevereiro de 2024.
Resultados
As informações foram lançadas no SISGED de junho de 2023 até maio de 2024 perfazendo um total de 4152 ações realizadas em 20 territórios, 1641 pessoas atendidas e 1725 encaminhamentos. A partir dos levantamentos dos dados no SISGED foi possível identificar onde a circulação da população era maior e poder desprender um maior número de profissioanis para atuarem nesses territórios, estreitar a parceria com os serviços mais solicitados como foi o caso do Consultório na Rua e do CENTRO -POP. Uma das maiores demandas é a solicitação de retirada de documentação, a partir dessa informação conseguiu-se uma parceria com a Secretaria de Direitos Humanos possibilitando que as equipes que atuam no território poderiam solictar via whatssapp a secretaria o agendamento para retirada de identidade.
Aprendizado e Análise Crítica
Por mais que exista uma resistência dos profissionais de saúde em preencher prontuários ou sistema de gestão por conta da sobrecarga de trabalho, mas foi possível realizar o levantamento dos dados e mostrar para os profissionais os resultados alcançados e como as informações são importantes para um melhor cuidado da população e para a construção de políticas públicas mais condizentes com a realidade apresentada. entendemos que talvez seja necessário incluir mais informações sobre os usuários no sistema, conseguir fazer uma maior integração entre os prontuários dos serviços e o Módulo SisGeD – Sistema de Gestão de Demandas para Registro das Ações territoriais da Redução de Danos, hoje só é possível importar as informações básicas. Algo que avalia-se ser fundamental é o cruzamento com os dados dos prontuários do Consultório na Rua e atenção básica para que o trabalho consiga seguir os princípios de universalidade, integralidade e equidade do SUS se dê na prática.
Referências
BRASIL. LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Ministério da Saúde. Brasília, 2001. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm. Acesso em 06 abr. 2024.
BRASIL. PORTARIA Nº 336, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002. Ministério da Saúde. Brasília, 2002. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.html . Acesso em: 06 abr. 2024.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Coordenação Nacional de DST/Aids. A Política do Ministério da Saúde para atenção integral a usuários de álcool e outras drogas / Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Coordenação Nacional de DST e Aids. – Brasília: Ministério da Saúde, 2003.
Fonte(s) de financiamento: Financiamento Próprio
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