Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC7.1 - Redes sociais e comunicação: quais os debates sobre o SUS?

53643 - SISTEMA DE SAÚDE UNIVERSAL E COMUNICAÇÃO PÚBLICA: O USO DA MÍDIA SOCIAL NA INTERAÇÃO COM O CIDADÃO
RACHEL GUIMARÃES VIEIRA PITTHAN - IMS/UERJ


Apresentação/Introdução
O estudo pressupõe a comunicação pública como sendo um dos impasses para a realização de um sistema de saúde universal, que atravessaria questões já postas como o subfinanciamento, a organização do cuidado e das redes e a condição política institucional.
Assim, surge a hipótese da comunicação pública ser um agente fundamental para a criação de uma consciência sanitária e formador de opinião pública acerca do SUS. Nesse sentido, a televisão não seria exclusivamente o instrumento mobilizador de massas e formador de opinião pública, as redes sociais passam a permear esse espaço e num formato mais interativo e autônomo.
O Instagram, objeto desse estudo é um novo espaço de interação e que pode impactar no pensamento sobre a saúde na vida das pessoas.
Pensar no desafio comum entre 3 campos: o da comunicação e saúde (local que se discute a comunicação como um direito indispensável à saúde), o campo do Planejamento em Saúde (das análises e formulações das políticas públicas de saúde) e da publicidade e propaganda, que ganha cada vez mais espaço e novas possibilidades, à medida em que o campo da comunicação e saúde se estreita ao planejamento- é o exercício reflexivo deste trabalho.


Objetivos
Analisar o uso da rede social Instagram como um instrumento de comunicação para os sistemas de saúde universais. Para isso, foi necessário a) compreender a relação da comunicação como um direito à saúde, b) analise do perfil do Instagram institucional de duas instituições de saúde inseridas em um sistema de saúde universal, como o National Health System (NHS) localizado em Londres e o Sistema Único de Saúde (SUS), localizado na cidade do Rio de Janeiro.

Metodologia
A escolha por trazer o NHS para essa analise junto ao SUS, se justifica pelo fato desse sistema de saúde, apesar de todas as dificuldades de financiamento, gestão e recursos humanos que vem enfrentando e das críticas na mídia em geral, é um sistema de saúde universal que possui uma boa aceitação na sociedade inglesa e é através dele que os cidadãos estabelecem um vínculo de direito social importante com seu país. Seria assim, o NHS um fomentador da identidade nacional no Reino Unido, o que é sugestivo de uma maior consciência sanitária entre os indivíduos.
Foram sistematizados dados das redes sociais do Instagram do NHS London (@nhsenglandldn) e Secretaria Municipal de Saúde (@saude_rio) nos meses de janeiro dos anos de 2020 (antes da pandemia) e 2021 (durante a pandemia). A escolha pelo NHS local da cidade de Londres e o SUS local da cidade do Rio de Janeiro, ocorre por conta do modelo de cobertura de atenção primária e da aproximação populacional
Como base para a construção do pensamento desse trabalho foram utilizados textos que são referência na área de comunicação e saúde.


Resultados e Discussão
Na pandemia de covid 19, a rede social Instagram atualizou seus status de definição e se coloca como um espaço para “fornecer informação, segurança e apoio às pessoas” e lançou uma série de atualizações para que esse objetivo fosse concretizado.
Foram encontradas 14 imagens do NHS Londres e 86 imagens no SUS Rio de Janeiro no ano de 2020 e 21 imagens para o NHS e 97 no SUS em 2021. No NHS foram realizadas quatro postagens de vídeos em jan/2020 e três em jan/2021, enquanto no SUS apenas um vídeo em 2020 e 5 vídeos em 2021. Em relação às interações por comentários nas postagens, o NHS teve um aumento de 76 para 540 comentários nas postagens do janeiro de 2020 para janeiro de 2021, enquanto para o SUS esse aumento passou de 83 comentários para 1083 no mesmo período, o que sugere uma necessidade dos cidadãos em busca de informações reais e interações com as postagens institucionais de saúde, uma característica a ser analisada pois esse indica um padrão de consumo de saúde nas redes sociais.
Buscou-se compreender o novo espaço que se forma na articulação da comunicação e saúde. Tal compreensão permitiria abrir espaço para análises da influência nos modos de “consumir saúde”, no “consumo das informações”, que podem impactar na forma como os cidadãos compreendem o que é ter direito à saúde e como uma de suas consequências, gerar determinada opinião pública através das redes sociais. Reveilhac, M.et al, (2022), realizaram uma revisão sistemática sobre as mídias sociais e seu uso na opinião pública e afirmaram que os usuários de mídia social fornecem reações contínuas aos eventos sociopolíticos diários e esse fato chama atenção para a necessidade de se operar essas informações junto às pesquisas tradicionais, até como uma forma destas não se tornarem obsoletas.


Conclusões/Considerações finais
A compreensão da comunicação pública como necessária para pavimentar o caminho do fortalecimento da saúde como um direito social passa pela necessidade de vocalização de uma sociedade. Tal expressão vocacional pode ser ampliada, nos dias de hoje, através do uso das redes sociais. Em ambos sistemas, o uso das redes é uma estratégia de promover informações, entretanto não é possível compreender se o alcance é efetivo por conta do baixo número de interações com algumas postagens sobre campanha, porém seu uso ao longo da pandemia de covid 19 foi incontestável.
Finalmente, se deixa a reflexão sobre as possíveis – e urgentes - articulações entre estudos do campo da comunicação e saúde, do planejamento e da necessidade de se promover maior participação da gestão da saúde por profissionais de comunicação digital – até mesmo um novo espaço para atuação dos sanitaristas com o intuito de contribuir, nesse espaço, para ampliação de consciência sanitária em defesa dos sistemas de saúde universais.


Referências
REVEILLAC, M., STEINMETZ, S., MORSELLI, D. (2022). A systematic literature review of how and whether social media data can complement traditional survey data to study public opinion. Multimedia tools and applications, 81(7), 10107–10142.
SCHUCH, L. ; PETERMANN, J. A Publicidade: um campo em transformação. In: Revista Media & Jornalismo, v. 18, pp.95-113, 2019.
STEVANIM, L.F.; MURTINHO, R. Direito à comunicação e saúde. SciELO-Editora FIOCRUZ, 2021.
INSTAGRAM, 2020

Fonte(s) de financiamento: CAPES


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