50428 - O INSTAGRAM COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UM ESTUDO DE CASO EM NATAL-RN AMANDA JÉSSICA BERNARDO DA SILVA - UFRN, ÍSIS DE SIQUEIRA SILVA - UFRN, AGUINALDO JOSÉ DE ARAÚJO - UFRN, LUCAS FELIX SILVA DE SOUSA - UFRN, JOSÉ IGOR DE SOUZA BARBOSA - UFRN, PEDRO BEZERRA XAVIER - UFRN, EMILLY KETLYN LOPES DA COSTA - UFRN, CARLA LETÍCIA DE LEMOS FELIPE - UFRN, ANNA CLARA DE ARAÚJO SANTIAGO - UFRN, SEVERINA ALICE DA COSTA UCHOA - UFRN
Apresentação/Introdução A informatização dos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, componente do Sistema Único de Saúde (SUS) digital, destaca-se como tendência inovadora na comunicação entre serviços de saúde e usuários. Nesse contexto, profissionais de saúde estão utilizando redes sociais e outras mídias digitais como ferramentas eficazes para disseminar informações e promover a educação em saúde. O Instagram tem exercido papel importante na promoção e prevenção da saúde pública. Com ampla aceitação do compartilhamento de imagens e vídeos curtos, a plataforma é gratuita e possibilita a educação em saúde dos pacientes, o fortalecimento do apoio aos profissionais e o aumento do alcance da saúde pública. No entanto, também enfrenta barreiras, como infraestrutura digital limitada em algumas regiões, letramento digital e questões éticas, envolvendo privacidade e segurança das informações. Para construir estratégias de superação destas barreiras é crucial investigar as potencialidades e os desafios do seu uso na promoção e prevenção da saúde na APS. Frente às grandes desigualdades locorregionais, especialmente no nordeste brasileiro, estudos de caso locais aportam subsídios para identificação de melhores práticas e recomendações para superar obstáculos na direção ao SUS digital mais acessível, equitativo e eficaz para toda população.
Objetivos Discutir o uso do Instagram como ferramenta de comunicação para promoção e prevenção da saúde em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF) de Natal-RN.
Metodologia Trata-se de um Estudo de Caso de abordagem qualitativa baseada na análise documental segundo a perspectiva de Cellard, complementada por uma análise quantitativa com distribuição de frequências. A coleta de dados ocorreu de março a julho de 2023 nas páginas web das 60 unidades da APS de Natal-RN. Incluímos 31 unidades de saúde com perfis ativos no Instagram entre 2019 e o primeiro semestre de 2023, contendo informações das equipes de saúde divulgadas em perfis públicos, excluindo contas repetidas, inativas ou de acesso restrito (5 no total). Na abordagem qualitativa, uma pré-análise (Cellard) envolveu a seleção de perfis e o estabelecimento de critérios de avaliação, considerando a natureza do texto (tipo de documento), elementos da problemática ou quadro teórico (título), interesses e confiabilidade (título e fonte de acesso), conceitos-chave (objetivo), contexto (ano de publicação e relação com a COVID-19) e autoria (órgão institucional). Na etapa quantitativa, utilizamos o Microsoft Excel, versão 2209, para elaborar a distribuição de frequências, analisando variáveis como panorama da adesão ao Instagram, por unidades de saúde e por ano, e temáticas das publicações.
Resultados e Discussão Na pré-análise, foram considerados 31 perfis de Instagram, descritos por título, fonte, objetivo, ano, relação com a COVID-19 e autor, conforme detalhado no quadro 1 acessível em: https://figshare.com/s/401cc37a04911686671c. As principais temáticas abordadas incluem vacinas, educação sexual, saúde do idoso, saúde do homem, diabetes, educação alimentar, hipertensão, saúde da mulher, pandemia, saúde mental, saúde bucal, drogas, autismo, saúde materno-infantil, serviços das unidades, doenças tropicais, Programa Saúde na Escola, hanseníase, agendas dos profissionais, atividades presenciais e contatos, e outros. A distribuição de frequência do uso de Instagram por unidades de APS mostra que, entre 2019 e 2020, 22,5% das 60 unidades municipais usavam a plataforma. A partir de 2020 com a pandemia, a adesão à rede social aumentou e, em 2023 (pós pandemia), chegou a 51,6% das unidades. Este aumento pode ser indicador de aprendizado com a pandemia e representar um alinhamento com tendências nacionais e internacionais de crescimento das TICs na APS descritas na literatura. As ações de comunicação ainda são incipientes, contrastando com amplo uso das mídias sociais na sociedade. O mapeamento mostrou fragmentação das ações sugerindo falta de esforços unificados da gestão de saúde municipal em implementar uma política de saúde digital, integrando a comunicação entre profissionais e usuários da APS.
Conclusões/Considerações finais A ampliação do uso do Instagram pelas UBS e USF indicam a busca de TICs para aumentar a interação entre profissionais de saúde e usuários. Esta utilização pode superar barreiras de acesso e facilitar a execução das ações de saúde. Entretanto, o uso fragmentado e restrito a algumas unidades sugere que não foi integrado à política de saúde digital da APS. As unidades estão situadas em áreas vulneráveis, onde a população, muitas vezes, não tem acesso à Internet e dispositivos móveis. A adoção de uma política de saúde digital deve enfrentar entraves socioeconômicos e de infraestrutura, exigindo a adequação dos serviços, treinamento dos profissionais e acesso da comunidade. Recomenda-se à gestão resolver a fragmentação das ações, adotando um plano de articulação que considere as diferentes cadeias e os agentes produtores de conhecimento. É urgente também incentivar o desenvolvimento de políticas de inclusão digital equitativa e sustentável.
Referências ALKUREISH, M., et al. Digitally Disconnected: Qualitative Study of Patient Perspectives on the Digital Divide and Potential Solutions. JMIR Human Factors, v. 8, n. 4, p. e33364m 2021;
AMANCIO, E. L. et al. Teleatendimento à população do Rio Grande do Norte durante a pandemia da covid-19.Revista Extensão & Sociedade, [S. l.], v. 12, n. 1, 2020;
CELLARD, A. A análise documental. In: POUPART, Jean et al. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. p. 295-316;
MARTININO, A., et al. Hábitos saudáveis e Instagram: um estudo transversal. La Clinica Terapeutica, v. 172, n. 3, 2021; SILVA, D. M. et al. Adesão ao programa Informatiza APS nos estados brasileiros: um caminho à equidade em saúde digital?. Revista Avaliação de Políticas Públicas, v. 9, n. 23, p. 58-78, 2023;
WHO. Recommendations on digital interventions for health system strengthening. Guideline. Geneva: WHO; 2019.
Fonte(s) de financiamento: CAPES - 001
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