50885 - A AMBIGUIDADE SOCIOCULTURAL DA MIGRAÇÃO EM TEMPOS DE CRISE: DESAFIOS E ADAPTAÇÕES PARA A SAÚDE DAS POPULAÇÕES VULNERÁVEIS YORMAN PAREDES-MARQUEZ - FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FSP-USP), LUCIANA BIZZOTTO - FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FSP-USP), LEANDRO LUIZ GIATTI - FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FSP-USP)
Apresentação/Introdução A migração é uma estratégia adaptativa contra ameaças globais, destacando os migrantes como um grupo vulnerável. Este estudo investiga sistematicamente as experiências e desafios de saúde de migrantes adultos no contexto das mudanças climáticas. Utilizando uma metodologia de revisão sistemática e a ferramenta de busca PICO, 133 artigos foram analisados, dos quais 17 atenderam aos critérios de inclusão. Os resultados indicam que 38,9% dos estudos focaram na Ásia, enquanto apenas 11,1% na América do Sul (especificamente Peru e Equador), todos escritos em inglês. A pesquisa concentrou-se nas percepções dos migrantes adultos em relação às mudanças climáticas sob uma perspectiva de saúde, enfatizando os desafios de saúde, táticas de adaptação e a importância da pesquisa qualitativa para entender plenamente suas experiências e necessidades. A complexa interação entre mudanças climáticas, migração e saúde foi examinada, destacando os obstáculos específicos que os migrantes enfrentam em termos de acesso a serviços de saúde adequados, condições de vida instáveis e a erosão das redes de apoio social. Além disso, aborda-se a "ambiguidade sociocultural da migração em tempos de crise", sublinhando a complexidade dos desafíos enfrentados pelos migrantes em um mundo interconectado. Isso permite desenvolver políticas eficazes para abordar os desafios de saúde.
Objetivos Estudar os aspectos e resultados da pesquisa qualitativa sobre os migrantes e mudança climática, analisando como evidenciam os componentes socioculturais e sua relevância no contexto de crises e mudanças climáticas.
Metodologia A revisão da literatura foi realizada utilizando a metodologia de revisão sistemática, com o objetivo de mapear rapidamente os conceitos-chave, as principais fontes e tipos de evidências, em busca de uma cobertura aprofundada da literatura disponível. Foram utilizados operadores booleanos e a ferramenta de busca PICO nos idiomas inglês, espanhol e português em várias bases de dados como Ovid MEDLINE, Ovid EMBASE, EBSCO CINAHL Plus, Scielo, Redalyc, LILACS, PubMed, Clarivate Analytics Web of Science e DIALNET. As perguntas de pesquisa focaram nos desafios de saúde, percepções e experiências dos migrantes adultos frente às mudanças climáticas pós-migração, considerando as palavras-chave migrantes, alterações climáticas, análise, experiência, capacidade adaptativa, percepções e desafio. Os resultados foram compilados por meio de uma síntese narrativa projetada para descrever os resultados e destacar as conexões e relações entre os diferentes artigos.
Resultados e Discussão Os resultados indicam que 52,9% dos estudos empregam uma abordagem de metodologia mista, enquanto 47,1% são estudos qualitativos. Geograficamente, a maioria dos estudos foi conduzida na Ásia, representando 38,9% do total. Em termos de países com maior número de publicações, Bangladesh lidera com 4 artigos. Na América do Sul, Peru e Equador estão representados. Os estudos destacam que a percepção dos migrantes sobre as mudanças climáticas e seus impactos na saúde varia significativamente, influenciada por fatores culturais, socioeconômicos e ambientais. A ambiguidade sociocultural da migração em tempos de crise se expressa na complexidade das experiências de deslocamento e reassentamento, tendo como sentido inicial a migração como resposta a crises vividas em locais de origem. Migrantes enfrentam dilemas de identidade e pertencimento, reconstruindo suas vidas enquanto lidam com a perda de identidade e buscando redescobrir um sentido de "lar". Adaptação e resiliência dos migrantes dependem da capacidade das sociedades de acolhimento e organizações internacionais em implementar políticas inclusivas e sustentáveis que abordem tanto as necessidades imediatas quanto estruturais dos migrantes, porém, a forma como os migrantes reagem a novos contextos também constitui fator determinante.
Conclusões/Considerações finais O estudo destaca a importância de utilizar abordagens qualitativas e participativas para compreender profundamente as experiências e necessidades dos migrantes no contexto das mudanças climáticas. Isso permite desenvolver políticas e programas mais eficazes e centrados na pessoa para abordar os desafios de saúde enfrentados por essas populações vulneráveis. É crucial adotar uma abordagem integral que aborde tanto as causas quanto os impactos da migração, fortalecendo a resiliência e a inclusão social dos migrantes em um mundo em constante transformação. A complexidade dos aspectos socioculturais da migração, especialmente em contextos de crise, sublinha a necessidade de abordagens multidisciplinares e sensíveis aos contextos, para compreender as dinâmicas da migração e desenvolver intervenções eficazes.
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Fonte(s) de financiamento: Não houve financiamento específico para esta pesquisa.
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