50212 - ENGAJAMENTO PÚBLICO NA CIÊNCIA: A CONSTRUÇÃO DO ÍNDICE BRASILEIRO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE – IBPS DANIELLE KEYLLA ALENCAR CRUZ - ISC/UFBA, PALOMA SILVA SILVEIRA - UFPE, ACÁCIA MAYRA PEREIRA DE LIMA - ISC/UFBA E CIDACS/FIOCRUZ/BA, INÊS CAROLINE MAGALHÃES COSTAL - ISC/UFBA, JOILDA SILVA NERY - ISC/UFBA, MONIQUE AZEVEDO ESPERIDIÃO - ISC/UFBA, ANANNDA CARLA SANTANA SAMPAIO DE MENESES - FMB-UFBA E ISC/UFBA, LAYANA COSTA ALVES - ISC/UFBA, ADALTON DOS ANJOS FONSECA - CIDACS/FIOCRUZ/BA, MARIA YURY ICHIHARA - CIDACS/FIOCRUZ/BA
Contextualização A Promoção da Saúde (PS) envolve a instrumentalização das pessoas e comunidade para atuarem na melhoria de sua qualidade de vida e saúde. Ganhou destaque no Brasil em 2006, com a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) que possui eixos e temas relacionados a diferentes ações: formação e educação permanente em saúde, alimentação saudável, atividades físicas, promoção dos direitos humanos, etc. Inúmeras iniciativas enfatizam a importância das ações de PS, mas há uma lacuna em relação ao seu monitoramento. Diante disso, está em construção o Índice Brasileiro de Promoção da Saúde – IBPS. Para elaboração do IBPS, pesquisadoras/es estão fomentando o Engajamento Público da Ciência (EPC), que consiste no envolvimento de diferentes segmentos sociais no processo de produção do conhecimento científico, com objetivo de influenciar tomadas de decisões teóricas, conceituais e metodológicas, bem como de aprimorar análises e processos de disseminação de resultados de projetos de investigação. O EPC busca incluir vozes que, em geral, são excluídas ou apenas tratadas como “objetos de estudos” e que têm experiências práticas relacionadas com os temas de pesquisa. Este tipo de iniciativa tem o potencial produzir resultados científicos mais aplicáveis já que estão mais conectados com demandas e experiências do mundo real.
Descrição da Experiência O trabalho tem como objetivo geral apresentar o processo de engajamento público da ciência na pesquisa para a elaboração do Índice Brasileiro de Promoção da Saúde. Os objetivos específicos são: a. descrever as etapas do engajamento público no projeto do IBPS; b. apresentar resultados iniciais do engajamento público na pesquisa e c. discutir o engajamento público como estratégia para desenvolvimento da pesquisa em questão.
Objetivo e período de Realização A primeira etapa foi a definição dos atores/atrizes que participariam do EPC a partir dos critérios de: a. possuir relações diretas com a PS ou com temas relacionados (publicações e atuação profissional) e b. garantir a diversidade regional. Em seguida, foram realizadas buscas em bases de dados e sites para a identificação dos/as potenciais participantes de cada segmento: movimentos sociais, gestão e trabalhadores/as da saúde e de setores afins ao tema. Após essa etapa, foram definidos como métodos: grupos focais e entrevistas em profundidade, realizados de forma presencial e remota. Os contatos ocorreram via e-mail da pesquisa e por WhatsApp, onde foram enviados convites com informações sobre a pesquisa e a participação voluntária de cada convidado/a. Além dessas ações, um site e uma página no Instagram @IBPS foram criados para difundir a produção científica e as atividades que envolvem a elaboração do índice. Ao acessar esses espaços, as pessoas podem realizar contribuições, participar e conhecer os materiais produzidos pela equipe interdisciplinar do projeto. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do ISC/UFBA: parecer CAAE: 71022123.7.0000.5030.
Resultados Trabalhadores/as e gestores/as dos três níveis da gestão de setores ligados a PS e integrantes de movimentos sociais relacionados a PS participaram das entrevistas em profundidade e dos grupos focais realizados de forma presencial e remota. O grupo do seguimento de trabalhadores e gestores das três esferas de gestão contou com 97 nomes de 97 setores diferentes da gestão pública, incluindo ministérios e secretarias estaduais e municipais de saúde e afins ao tema como meio ambiente, cultura, esporte, educação, igualdade racial, entre outros. O grupo dos movimentos sociais foi constituído por aproximadamente 16 representantes dos movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, doenças negligenciadas, usuários de saúde etc. Gestores e trabalhadores da saúde e setores relacionados a PS totalizaram 24, das áreas de esporte e lazer, educação, saúde e cultura; 15 jovens estudantes universitários; 9 pesquisadores e 9 pessoas de projetos públicos de saúde, totalizando 73 pessoas de todas as regiões. Participaram das entrevistas: 2 representantes de movimentos sociais da saúde, 2 pesquisadores de PS, 3 gestores: federal, municipal da saúde e da educação. Até o momento, o número de seguidores no Instagram é de 290 e recebemos comentários/mensagens apontando interesse por mais informações e em participar da pesquisa. Desenvolver ações de engajamento público da ciência não é uma tarefa fácil. Dificuldades existiram, mas, ao avaliar a complexidade e abrangência do projeto consideramos efetivo o EPC realizado. Foram contemplados todos os seguimentos e as cinco regiões do país, fato que oportunizou captar diversas contribuições para a definição do conceito, das dimensões, temas da PS, e dos indicadores que podem compor o IBPS.
Aprendizado e Análise Crítica Engajar diversos segmentos da sociedade nas etapas do processo de elaboração do IBPS promoveu a construção colaborativa, democratizando a produção do conhecimento científico e consequentemente a apropriação dele. A participação dialógica fortalece a ciência cidadã, aumentando as possibilidades do uso do IBPS. Há a valorização dos diferentes saberes, conectando os populares com os científicos. Esta participação também coaduna com os princípios da PS. Os limites estão na destinação de uma margem de tempo para cumprir as etapas: o primeiro momento de sinalização positiva não significa garantia de participação. Para os grupos focais, os momentos presenciais foram mais efetivos do que os remotos, o contrário aconteceu com as entrevistas. Manter a rede social mais ativa para maior engajamento, tem sido desafiador. Apesar disso, a experiência nos mostrou que a participação social em todas as etapas da pesquisa é importante e potencializa que o conhecimento científico se “sensocomunize”.
Referências BUENO, C. Envolver não cientistas em pesquisas pode apoiar a aprendizagem e o engajamento do público com a ciência. Ciência e Cultura. v.71, n.1 São Paulo: 2019.
CARTA DE OTTAWA. Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. Disponível em:< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf>. Acesso em: 10 Mai de 2020.
DOS ANJOS FONSECA, A; MORAES PIMENTA, D; RODRIGUES SEBASTIÃO DE ALMEIDA, M; TOURINHO LIMA, R., BARRETO, M. L. AND TRAVASSOS ICHIHARA, M. Y. (2023) “Public Involvement & Engagement in health inequalities research on COVID-19 pandemic: a case study of CIDACS/FIOCRUZ BAHIA”, International Journal of Population Data Science, 5(3). doi: 10.23889/ijpds.v5i3.2133.
SANTOS, B.S. Um discurso sobre as ciências. Lisboa: Afrontamento, 1995.
Fonte(s) de financiamento: Instituto de Saúde Coletiva da UFBA/Ministério da Saúde
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