48660 - VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NO BRASIL: UMA ANÁLISE DA LITERATURA ANDREI JUNIOR DO NASCIMENTO FREITAS - IFPA, ANA ALICE AZEVEDO GAMA - IFPA, CARLA DANIELLE XAVIER DO VALE - IFPA, MICHELLE DA SILVA PEREIRA - IFPA
Apresentação/Introdução A violência contra a mulher trata-se de uma forma específica de violência dirigida à mulher perpetrada pelo homem, geralmente com o qual a vítima se relaciona ou relacionou afetivamente, em âmbito público ou privado. A Organização Mundial da Saúde estima que uma em cada três mulheres é, já foi ou será vítima de violência de gênero ou doméstica; acredita-se, também, que 10 a 69% das mulheres no mundo sofrem constantes ameaças e essa crescente notificação de casos de violência contra a mulher a caracteriza como um problema de saúde pública de alta magnitude e com tendência a ser grave e repetitivo, levando as vítimas a serem usuárias de alta frequência dos serviços de saúde.
No Brasil, estima-se que um terço das internações de mulheres em unidades de urgência e emergência seja em decorrência de violência, enquanto 50% dos homicídios contra mulheres são causados pela violência de gênero. McCauley et al. (1995) utiliza o termo Battering Syndrome, ou Síndrome da Mulher Espancada, para descrever os agravos de saúde provocados em mulheres pelas violências sofridas, como dores crônicas e agravos psicológicos e ginecológicos.
Objetivos O principal objetivo do artigo é compreender os tipos mais comuns de violência contra mulheres, tais como agressões físicas, psicológicas, sexuais, patrimoniais e morais, e seus impactos na saúde física, mental e emocional das vítimas. Além disso, busca-se ressaltar a urgência da implementação de políticas públicas e estratégias eficazes para prevenir e combater a violência de gênero, assegurando a proteção e o respeito aos direitos humanos das mulheres no Brasil.
Metodologia Foi conduzida uma revisão da literatura que empregou as bases de dados do PUBMED, Biblioteca Eletrônica SciELO, MEDLINE e Periódicos do Capes com o propósito de identificar artigos científicos publicados no período entre 2006 e 2022, abordando o tópico "Violência contra a mulher" como termo indexador. A busca nessas fontes mencionadas foi realizada primeiramente por meio dos títulos dos artigos, com o requisito inicial de que os títulos incluíssem o termo completo e/ou fizessem referência ao tema da pesquisa. Posteriormente, os resumos disponíveis foram lidos para uma pré-seleção.Ao final do processo, 15 artigos foram selecionados como resultado das buscas nas bases de dados e da pesquisa complementar, para compor esta revisão. A análise do material empírico selecionado foi realizada considerando a categorização dos estudos de acordo com o tipo de estudo e seus objetivos, o local onde a pesquisa foi realizada, o ano de publicação, as revistas nas quais os artigos foram publicados, as metodologias empregadas e os principais resultados encontrados.
Resultados e Discussão A análise da literatura sobre violência contra mulheres no Brasil revelou que essa questão é grave e complexa, afetando não apenas a saúde física, mas também a saúde mental e emocional das vítimas. Santos (2020) analisou a prevalência da violência por parceiro íntimo entre mulheres em serviços de atenção primária em Vitória, destacando altas prevalências de violência, especialmente entre mulheres separadas e divorciadas; associações foram encontradas entre violência e características como baixa renda, baixa escolaridade, histórico de violência na infância, uso de drogas e religião evangélica. Mulheres fumantes e com histórico de uso de drogas apresentaram maiores prevalências de violências física e psicológica, enquanto a violência sexual mostrou associação apenas com o uso de drogas. A literatura ressalta a importância de intervenções e atenção às mulheres em situação de violência, especialmente nos serviços de atenção primária. Por outro lado, Casique et al. (2006) destacam o papel crucial do movimento feminista em denunciar a violência contra mulheres, antes invisível e restrita ao âmbito privado. O abuso por parceiros íntimos e a atividade sexual forçada foram expostos como formas alarmantes de violência. A análise temporal das publicações revelou um crescimento do interesse no tema entre 2013 e 2019, com destaque para as regiões sudeste e sul do Brasil (Signorelli et al., 2013), sendo que a região norte teve menor participação, indicando a necessidade de ampliar a produção científica nesta região. Os resultados apontam para a complexidade e gravidade da violência contra mulheres no Brasil, destacando a importância de políticas públicas eficazes e do engajamento da sociedade na luta contra esse problema social.
Conclusões/Considerações finais Com base na análise da literatura sobre a violência contra mulheres no Brasil, podemos concluir que se trata de um problema grave e complexo, que afeta milhões de mulheres em todo o país. Os dados apresentados revelam que a violência contra mulheres é um fenômeno multifacetado, que envolve não apenas agressões físicas, mas também violência psicológica, sexual, patrimonial e moral, tendo impactos significativos na saúde física e mental das vítimas.
Nesse sentido, é importante destacar a importância do fortalecimento da Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, bem como do reconhecimento e valorização dos profissionais que atuam nessa área. É preciso investir em recursos adequados e em políticas públicas eficazes, que possam garantir a proteção e o atendimento adequado às vítimas de violência. Por fim, é fundamental que a sociedade como um todo se engaje na luta contra a violência contra mulheres, promovendo a conscientização e a educação sobre o tema.
Referências MCCAULEY, J. et al. The “battering syndrome”: prevalence and clinical characteristics of domestic violence in primary care internal medicine practices. Annals of internal medicine., v. 123, n. 10, p. 737-46, 1995.
MOROSKOSKI, M.; BRITO, F. A. M. DE; OLIVEIRA, R. R. DE. Time trend and spatial distribution of the cases of lethal violence against women in Brazil. Revista Latino-Americana De Enfermagem, v. 30, p. e3609, 2022.
SANTOS, I. B. DOS et al. Violência contra a mulher na vida: estudo entre usuárias da Atenção Primária. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 5, p. 1935–1946, maio 2020.
SIGNORELLI, M. C.; AUAD, D.; PEREIRA, P. P. G. Violência doméstica contra mulheres e a atuação profissional na atenção primária à saúde: um estudo etnográfico em Matinhos, Paraná, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 29, p. 1230–1240, 1 jun. 2013.
|