Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC10.2 - Novas perspectivas em ciência e tecnologias para produção de políticas e serviços que ecoem as necessidades de saúde concretas da população

50085 - O PAPEL DOS HOSPITAIS NAS REDES DO MUNDO: DESAFIOS PARA A PRODUÇÃO DE UMA REVISÃO DE ESCOPO
MÔNICA GARCIA PONTES - UFMG, ANDRÉA MARIA SILVEIRA - UFMG, ANA CAROLINA DIAS BOCEWICZ - SES/SP, DANIEL EMÍLIO DA SILVA ALMEIDA, LEONARDO TORRES VASCONCELOS - HRTN, EDMAR GERALDO RIBEIRO - UFMG, LILIAN CRISTINA REZENDE - UFMG, ALZIRA DE OLIVEIRA JORGE - UFMG


Apresentação/Introdução
Diferentes lógicas de reorganização da atenção à saúde apontam a necessidade de repensar o papel dos hospitais nas redes de saúde (FEUERWERKER; CECÍLIO, 2007). As demandas aparecem marcadas pela necessidade de superar um cuidado historicamente fragmentado e produzir integralidade da atenção à saúde (MENDES, 2010; MAGALHÃES JÚNIOR, 2014; O´DWYER; KONDER, 2022). A fim de ampliar o conhecimento sobre essa dinâmica de relações estabelecidas pelos hospitais e contribuir para a produção de reflexões mais aprofundadas sobre os rumos que elas podem produzir nos sistemas de saúde, foi organizada uma revisão de escopo que mapeou como essas conexões têm sido estabelecidas no mundo. Alguns desafios para a produção dessa revisão envolveram a produção, o alinhamento de pesquisadores para a seleção dos artigos, de acordo com os critérios de inclusão. As experiências diversas dos pesquisadores tornaram necessários diálogos reflexivos sobre os critérios de inclusão para realização da revisão de acordo com as orientações Joanna Briggs Institute (JBI). Este resumo, apresenta alguns dos resultados dessa revisão e uma breve reflexão acerca do processo de alinhamento dos pesquisadores.

Objetivos
Geral: Mapear evidências e lacunas na literatura acerca das atribuições que os hospitais têm desempenhado nas redes de atenção à saúde no Brasil e no mundo.
Específicos: Apresentar reflexões compartilhadas pelos pesquisadores acerca dos desafios para a produção da revisão de escopo; apresentar interlocuções dos hospitais com as redes de saúde no mundo.


Metodologia
A revisão seguiu as recomendações da JBI. O registro está na Science Framework (https://doi.org/10.17605/OSF.IO/97865). A questão de pesquisa foi definida com suporte do mneumônico População (usuários dos serviços de saúde no mundo que necessitaram de internação); Conceito (atribuições dos hospitais nas redes); Contexto (hospitais nos serviços em rede no mundo). As buscas ocorreram em março de 2024 na Biblioteca Virtual em Saúde, Medline via PubMed, Scopus, Web of Sciense e Embase. As palavras-chave: Hospital Care; Community health networks; Integrality in Health. A estratégia de busca foi planejada para recuperar estudos com o termo hospitais ou rede de atenção individualizadas para cada base com as palavras-chave, descritores e combinação. Foram considerados trabalhos dos últimos 10 anos em inglês, espanhol ou português. Os resultados foram selecionados por pares de revisores e as divergências resolvidas por um terceiro revisor independente. Foram incluídos textos sobre as conexões dos hospitais com redes institucionalizadas ou produzidas por familiares ou usuário e excluídos os duplicados, não disponíveis na íntegra ou que não mencionassem articulação hospitais/ redes.

Resultados e Discussão
As buscas nas bases de dados levaram a 1662 publicações potencialmente relevantes para a revisão. Após a remoção das duplicações restaram 1280 títulos. A seleção por títulos e resumos levou a remoção de 1067 artigos. Foi necessário um alinhamento entre os revisores que envolveu leitura conjunta dos títulos e resumos com discussões acerca das experiências dos pesquisadores sobre o trabalho em rede. Foi possível empreender que nem sempre a interlocução entre hospital e as redes é explícita, havendo a necessidade de apurar o olhar do pesquisador para as experimentações. Considerando as 213 publicações que restaram para serem lidas na íntegra, até o momento, as principais atribuições identificadas como realizadas pelos hospitais em articulação com as redes foram: articulação do hospital com a atenção básica (AB) para continuidade do cuidado após a alta; presença de médicos e enfermeiros hospitalares como elos para familiares e usuários e entre as equipes na rede; fomento ao cuidado ampliado com a presença, por exemplo, de equipes de atenção domiciliar nas decisões relativas a alta hospitalar; construção de projetos terapêuticos compartilhados com equipes de diferentes pontos de atenção à saúde, familiares e usuário; atendimento às condições de cronicidade avançada; apoio matricial; acompanhamento ambulatorial com referenciamento à AB; facilitador de acesso aos diferentes pontos de atenção; possível dispositivo de cuidado substitutivo; trabalho articulado à regulação dos serviços. Esses resultados referem-se, especialmente, a artigos da Biblioteca Virtual em Saúde e foram escritos no Brasil. A leitura e extração dos dados dos 213 artigos ainda não foi finalizada, mas, já foi possível identificar que o Brasil é o país que mais produz artigos acadêmicos sobre o tema.

Conclusões/Considerações finais
A ideia de rede refere-se a uma denominação abrangente exigindo dos pesquisadores envolvidos em uma revisão de escopo um alinhamento para identificação da atuação em rede, especialmente quando se procura o papel dos hospitais envolvendo ações que dizem respeito a redes institucionalizadas e não institucionalizadas. No contexto da revisão proposta possível identificar atribuições hospitalares nas redes definidas em protocolos e outras relacionadas às vivências cotidianas nos serviços que vão produzindo articulações em um trabalho em rede dinâmico, que envolve o cuidado em rede produzido por quem circula nos serviços, sejam trabalhadores, usuários ou familiares.

Referências
FEUERWERKER, Laura Camargo Macruz; CECÍLIO, Luiz Carlos de Oliveira. O hospital e a formação em saúde: desafios atuais. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 4, p. 965-971, 2007.
O´DWYER, Gisele; KONDER, Mariana. Acesso às Urgências e Atenção Hospitalar: uma questão de direitos humanos. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2022. 168p.
MAGALHÃES JUNIOR, Helvécio Miranda. Redes de Atenção à Saúde: rumo à integralidade. Revista Divulgação em Saúde para Debate. Rio de Janeiro, n.52, p.15-37, 2014.
MENDES, Eugênio Vilaça. As Redes de Atenção à Saúde. Ciência e Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 15, n.5, p. 2297-2305, 2010.
THE JOANNA BRIGGS INSTITUTE. Joanna Briggs Institute Reviewers´ Manual. Austrália: The Joanna Briggs Institute, 2015. 24p.


Realização:



Patrocínio:



Apoio: