04/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC10.1 - Reflexões, deslocamentos e novos diálogos em política, planejamento e gestão em saúde |
52392 - ANÁLISE DAS RESPOSTAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID -19 NA DIMENSÃO DE VIGILÂNCIA À SAÚDE BERNADETE PEREZ COELHO - UFPE, TIAGO FEITOSA DE OLIVEIRA - UFPE/UNICAP, GABRIELLA MORAIS DUARTE DE MIRANDA - UFPE, ANDRESA DOS SANTOS VIANA - UFPE, LUANNA ALVES MACHADO FERNANDES - UFPE, JOSEPHY GABRIEL CALUMBY DA SILVA - UFPE, ARTHUR RODRIGUES CARDOSO - UFPE, JULIANA MARIA DE MOURA MORAES - UFPE
Apresentação/Introdução Diante do contexto da Sindemia da COVID 19 e da alta carga de doenças transmissíveis, doenças crônicas e violências criou-se, em março de 2020 em Pernambuco, um grupo interdisciplinar de pesquisadores, comunicadores sociais e jornalistas, defensores de direitos humanos em movimento organizado para produção de saúde, estratégias para atenção e gestão, defesa da dignidade humana chamado Rede Solidária em Defesa da Vida - Rede Sol. Partiu-se da necessidade de apoio às gestões, profissionais de saúde e comunidades em planos de enfrentamento à pandemia em suas diversas dimensões: clínica, epidemiológica, social, subjetiva, política e simbólica. Diante da complexidade e o caráter desafiador da atuação da APS e do SUS, esta pesquisa ouviu trabalhadores e usuários em situação de vulnerabilidade social, durante a pandemia pelo SARS-Cov-2, analisou a compreensão dos trabalhadores e usuários da Atenção Básica à Saúde acerca da história de sua relação com a saúde e com o SUS, com foco nas mudanças ocorridas durante a pandemia com ênfase na Vigilância à Saúde das pessoas em diferentes enredos territoriais. A pesquisa-apoio tem o sentido de ir além das evidências, atuando na corresponsabilidade com respostas concretas.
Objetivos Objetivo Geral: analisar as respostas da APS no enfrentamento da pandemia na dimensão da vigilância à saúde. Específicos: Identificar a compreensão dos usuários e trabalhadores sobre significado de saúde, o SUS e APS na pandemia; analisar as concepções e práticas dos usuários e trabalhadores sobre o cuidado em saúde antes e durante a pandemia; compreender a dinâmica dos processos subjetivos e sociais no cuidado em saúde; analisar os dispositivos e ferramentas da Vigilância à Saúde
Metodologia Partiu-se da necessidade de apoio às gestões, profissionais de saúde e comunidades em planos de enfrentamento à pandemia em suas diversas dimensões: clínica, epidemiológica, social, subjetiva, política e simbólica. Buscou-se analisar as respostas da APS no enfrentamento da pandemia na dimensão da vigilância à saúde a partir do olhar dos movimentos organizados, trabalhadores de saúde e comunidades. Explorando as estratégias utilizadas para a ampliação da capacidade reflexiva e do manejo das relações de poder, a pesquisa foi realizada na região metropolitana do Recife em Unidades Básicas de Saúde localizadas em bairros periféricos, reconhecidos pelo alto grau de vulnerabilidade social. O caminho metodológico fundamentou-se nos referenciais da pesquisa quali-quantitativa, com questionários e entrevistas em profundidade com trabalhadores e usuários. Apontou-se as necessidades de apoio institucional às equipes e mudança nas práticas de saúde no enfrentamento das atuais e o devir de novas epidemias.
Resultados e Discussão Utilizando a definição de casos e suspeitos, o conceito de grupos de risco e de vulnerabilidade com condicionantes individuais/subjetivos/políticos-programáticos, indicando amplas e efetivas medidas de vigilância epidemiológica para redução de incidência e controle da transmissibilidade, evidenciou-se: ausência de testes descentralizados na APS, isolamento e monitoramento de casos pelas equipes da AB sem apoio da vigilância epidemiológica, equipes desfalcadas de vigilância, AB sem retaguarda para isolamento, quarentena, busca ativa, monitoramento de casos suspeitos ou confirmados, oferta de vacina em unidades centralizadas na maior parte dos casos, mediante marcação por aplicativo; heterogeneidade na forma de busca ativa da população elegível, forte vínculo com a maior parte das equipes para orientações, informações e apoio no agendamento por aplicativo, forte efeito na recusa vacinal das falsas informações, diminuição da cobertura, retardo; força das equipes na orientação familiar e comunitária através do vínculo e da capacitação; estratégias fortemente remotas, com menor utilização de busca ativa e conversas presenciais e comunitárias, suspensão de grupo de educação em saúde; não participação da AB na elaboração dos protocolos, sem retorno das informações para ação.Aproximar os efeitos, evidências e linguagem conceitual das necessidades concretas da população. Considerou-se que a pesquisa juntou escuta, produção de evidências e respostas concretas direcionadas ao fortalecimento do SUS; teoricamente crítica às naturalizações habituais conceituais e práticas utilizadas pelo campo; foi atenta aos novos temas trazidos por áreas diversas das ciências da saúde, articuladas com temas antigos com desigualdade, violências, iniquidades, direitos humanos.
Conclusões/Considerações finais Assim, a aposta na valorização da atenção básica com capacidade para resolver problemas individuais e coletivos, produtora de uma potente rede de atenção; a ampliação das ações de promoção e prevenção; articulação do trabalho em equipe transdisciplinar para elaboração de projetos de saúde coletiva com temas relevantes diante da diversidade de agravos; integração vigilância e atenção à saúde são indicações da necessidade de fortalecimento da responsabilidade micro-sanitária enquanto reformulação do processo de trabalho em saúde. A alta carga de doenças hoje e o devir das emergências em saúde pública pedem projetos políticos coordenados e respostas amplas, desafiando a saúde coletiva na sua escuta, produção de evidência e capacidade de respostas concretas na defesa da vida.
Referências CAMPOS, GWS. Um método para análise e cogestão de coletivos. 2ed. SP: Hucitec, 2005.
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COÊLHO, BP et al. O Modelo Recife em Defesa da Vida e a aposta na Atenção Básica à Saúde como estratégia de organização da rede de saúde: política, subjetividade e invenção de práticas. Divulgação em Saúde para Debate, Rio de Janeiro, n. 47, p. 39-45, maio 2012.
HORTON, R. COVID-19 is not a pandemic. Lancet 2020; 396:874.
JUNIOR, JPB; SANTOS, DB. COVID-19 como sindemia: modelo teórico e fundamentos para a abordagem abrangente em saúde, Cadernos de Saúde Pública 37 nº.10, Rio de Janeiro, Outubro 2021.
MINAYO, MCS. O Desafio do Conhecimento - Pesquisa Qualitativa em Saúde - 11a Ed. Hucitec; 2010.
Fonte(s) de financiamento: Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco- FACEPE
CNPq
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