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51484 - “MUDANÇAS CLIMÁTICAS E INCÊNDIOS FLORESTAIS: QUAIS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E À SAÚDE DA POPULAÇÃO ESTÃO IMPLICADOS NESTA RELAÇÃO?” ALINE POSSA SILVA ANJOS - ENSP/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução O trabalho em questão refere-se aos estudos realizados pela pesquisadora em seu trabalho de construção de tese. A proposta reflete uma temática tão recente quanto urgente que são as mudanças climáticas em curso e os impactos destas alterações à saúde humana e à saúde ambiental.
Segundo o Relatório de Estado do Clima Global (OMM, 2023), editado anualmente pela agência especializada das Nações Unidas e publicado este ano de 2024, confirmou que o ano de 2023 foi o mais quente já registrado em relação aos últimos anos.
O aquecimento global impacta na atmosfera gerando o efeito estufa com maior concentração de gases, aumento do nível do mar, derretimento de geleiras. A média global de temperatura vem sendo superada, ultrapassando os níveis pré-industriais. Tais transformações, a longo prazo, nos padrões de temperatura e clima, ocasiona muitos riscos e vulnerabilidades, a exemplo, dos desastres que viemos presenciando nos últimos anos, intensificado por temperaturas mais altas e severas; aumento da seca e também do volume de água dos oceanos e da sua temperatura; perda da biodiversidade; aumento dos problemas de saúde; agravamento das desigualdades sociais, acelerados pelo modo de produção capitalista.
Objetivos Objetivamos destacar à temática das atuais Mudanças Climáticas e a questão dos incêndios florestais e quais impactos reservam esta relação com a Saúde Coletiva.
Metodologia Em termos metodológicos, buscamos utilizar-se de referencial teórico crítico sobre a questão, suscitando reflexões sobre as temáticas e problematizando as questões que permeiam o atual debate.
Vale ressaltar que desde os anos 90, a pauta ambiental vem sendo tratada em nível internacional, com o Brasil sendo um dos países a sediar Conferências Internacionais com participação do Estado e Sociedade Civil. O debate em torno dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a questão socioambiental e climática entre os países membros das Nações Unidas, o que vem se observando é que muitas das metas estabelecidas acabam não saindo do papel, sobretudo, quando os países capitalistas desenvolvidos não cumprem com a redução das emissões de carbono no Planeta.
Portanto, muito se tem debatido os termos justiça e racismo ambiental entre países do Sul Global que são os mais afetados quando ocorrem os desastres. Pois estes demandam mais recursos nos processos de reconstrução e adaptação climática, uma vez que os eventos intensos não atingem a todos de igual modo, sendo pessoas pretas e pardas as mais vulneráveis e com menos chances de resposta e adaptação aos impactos socioambientais.
Resultados e Discussão É importante considerar que as mudanças climáticas já podem ser consideradas como crise humanitária e sanitária, causando danos diretos e indiretos irreversíveis à vida e à saúde das pessoas.
Os incêndios florestais ainda são tratados a partir da “cultura de respostas” e com pouca prevenção (Kuebler, 222), sendo expressivo no Cerrado e na Amazônia brasileira, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE (2024), o Brasil já representa a segunda posição dentre os países da América do Sul em focos de incêndio, afetando não só a biodiversidade nos biomas atingidos, mas impactando, sobretudo, à saúde da população.
No Brasil, a maioria dos incêndios florestais se dão por origem antrópica (ação humana), tendo muitos desmatamentos devido às monoculturas e pecuária. Com as atuais mudanças climáticas com o aumento de secas e ondas de calor extremo e frequente, além dos fenômenos meteorológicos existentes, acentuam-se os processos de queimadas no Norte e Nordeste do país.
Por isso, a importância do estudo em questão, pois diante de novos e múltiplos cenários de riscos e novas ameaças à Saúde Coletiva, a exemplo, da suscetibilidade a doenças provocadas pelas ondas de calor, aumento da morbimortalidade, insegurança alimentar e hídrica e, sobretudo, impactos em saúde mental. (Magalhães, Galvão, Buss e Moreira, 2023)
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) (2024), as altas temperaturas também causam estresse térmico, estando algumas profissões mais expostas, com risco de morte devido ao calor extremo.
Já o Observatório de Clima e Saúde (ICICT/FIOCRUZ) ao analisar os impactos à saúde com as partículas deixadas pela poluição das queimadas nos incêndios, concluiu-se que aumentam a morbimortalidade por causas cardiovasculares e respiratórias.
Conclusões/Considerações finais Sendo assim, faz-se necessário o estudo em tela, a fim de incluir a questão dos incêndios florestais também como um grave problema de Saúde Pública e Meio Ambiente em nosso país. De igual modo, inserindo-o na Política de Gestão de Riscos e Desastres (GRRD), em todas as suas fases (mitigação, prevenção, preparação, resposta e recuperação). Incorporando o conceito de racismo ambiental e das garantias de acesso à direitos das populações mais vulneráveis, devido aos processos de determinação social em saúde. Promover o debate político acerca dos processos de exploração de terras agrícolas produtivas pelo agronegócio e também de terras improdutivas que poderiam estar servindo para a agroecologia. Cobrar do Estado o combate veemente do desmatamento ilegal na Amazônia, sendo um grave problema para as populações originárias e sociedade como um todo. Portanto, confrontar questões emblemáticas de nosso país com ações reais e efetivas, atingindo, segundo Löwy (2013), às raízes do problema.
Referências Löwy, Michael. Crise ecológica, crise capitalista, crise de civilização: a alternativa ecossocialista. Caderno CRH, Salvador, v.26, 67, p. 79-86. Jan-abril 2013.
Magalhães, D., Galvão, L. A., Buss, P. e Moreira, M. “Cúpula Climática COP28: urgência para ação global com foco na equidade – considerações sobre saúde e papel do Brasil”. De 01/12/2023. Acesso em abril de 2024. Site https://portal.fiocruz.br/noticia/cupula-climatica-cop28-urgencia-para-acao-global-com-foco-na-equidade-consideracoes-sobre
Kuebler, M. “Incêndios florestais se tornarão mais extremos e podem aumentar 30% até 2050”. Matéria de 25/02/2022. Brasil de Fato. Acesso em abril de 2024.
Acesso em maio de 2024:
https://climaesaude.icict.fiocruz.br/ar
https://terrabrasilis.dpi.inpe.br/queimadas/portal/
https://revistagalileu.globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2022/08/eventos-climaticos-extremos-agravaram-58-das-doencas-infecciosas.html
Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio
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