04/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC10.1 - Reflexões, deslocamentos e novos diálogos em política, planejamento e gestão em saúde |
48794 - ESPAÇOS URBANOS DE LAZER E FATORES ASSOCIADOS: ESTUDO COM ESCOLARES DA REDE PÚBLICA CLÁUDIA MARIA DA SILVA VIEIRA - UECE, MATEUS BARROS FROTA DE CARVALHO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, BRASIL, EILANE EMANUELLE RODRIGUES DA SILVA - FACULDADE DO MARANHÃO, BRASIL, MARIA CAROLYNE JACAUNA OLIVEIRA SILVA - FACULDADE DO MARANHÃO, BRASIL, MARA JORDANA MAGALHÃES COSTA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ, BRASIL, SORAIA PINHEIRO MACHADO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, BRASIL
Apresentação/Introdução A organização Mundial da Saúde (2018), por meio do Plano de Ação Global da Atividade Física 2018-2030, propõe a estruturação e/ou adequação de espaços de lazer e atividade física (AF) nos ambientes urbanos, como estratégia de promoção de saúde coletiva por meio do aumento da AF em todas as populações, idades e habilidades (OMS, 2018). Isto porque, globalmente, cerca de 27,5% dos adultos e aproximadamente quatro em cada cinco adolescentes (81%) não atendem às recomendações da AF (Guthold et al. 2020).
Paralelo ao aumento da inatividade física (IF), cresce também a carga de doenças crônicas (obesidade, hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas e alguns tipos de câncer), acometendo crianças, adolescentes e adultos, sendo significativamente mais elevada na idade adulta, contribuindo para maiores taxas de morbidade e mortalidade (OMS, 2018; Feter et al. 2023), ainda que a AF regular seja capaz de prevenir a ocorrência dessas doenças.
Contudo, estudos revelam que fatores ambientais, como a percepção da existência de espaços de lazer próximo à residência podem impactar nos níveis de AF (Castro; Aquino; Amorim, 2022). Além disso, os adolescentes são facilmente seduzidos pelo lazer em telas, colaborando para comportamentos sedentários (Sousa Neto et al. 2020), revelando a necessidade de políticas de garantia de espaços adequados e seguros para a AF.
Objetivos Verificar a associação entre espaços urbanos para a atividade física, prática de atividade física, comportamento sedentário e índice de massa corporal em adolescentes escolares da rede pública.
Metodologia Pesquisa transversal quantitativa, realizada com a mostra de 122 escolares de ambos os sexos, idade entre 14 a 20 anos do Instituto Federal do Maranhão. Os dados foram obtidos por meio de um questionário no formato online enviado por e-mail e WhatsApp. As variáveis foram: idade (anos), sexo (feminino e masculino), disponibilidade de espaços para AF no bairro (sim ou não), prática de AF (Insuficientemente ativo < 150 min/sem; Suficientemente ativo ≥ 150 min/sem), tempo de tela (< 1h, de 1 a 3h e > 3h) e índice de massa corporal (IMC=Kg/m²) categorizado em (baixo peso < 18.5; peso normal 18.5 a 24,9; excesso de peso 25,0 a 29,9 e obesidade > 30.0). A AF foi classificada pela soma da prática semanal e o tempo de tela foi usado para medir o comportamento sedentário.
Efetuou-se análise descritiva (média e desvio padrão, e frequências absolutas e relativas) e inferencial (associações) pelo teste Qui-quarado de Pearson, considerando-se significância de p<0,05. A análise foi conduzida no STATA 12.0.
A pesquisa respeitou os critérios éticos para pesquisa com seres humanos definidos na Resolução 499/12 do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovada conforme Parecer de N.º: 5.283.676.
Resultados e Discussão Foram 122 escolares, 77 (63,11%) do sexo feminino e 45 (36,89%) do sexo masculino, média de idade de 16,10 anos e desvio padrão (DP=1,02). Destes, 54,10% apresentou nível de atividade física insuficiente, 45,90% tiveram atividade suficiente. Constatou-se elevado comportamento sedentário, com 49,18% dispendendo de 1 a 3h diárias com lazer de telas e 6,56% mais de 3h diárias. Apesar disso, 72,13% tiveram IMC normal e, 72,13% mencionaram existência de espaços para AF no bairro em que residem. Houve associação apenas entre IMC e presença de espaços para prática de atividade física (p=0,044).
A atividade insuficiente foi elevada entre os escolares, refletindo o cenário global (Santi et al. 2023; Guthold et al. 2020). Estudo constatou altas prevalências de atividade física insuficiente entre adolescentes, com aumento na pandemia (Santi et al. 2023).
O comportamento sedentário foi elevado nesta pesquisa, corroborando com o panorama atestado na literatura. Estudo paraibano evidenciou tempo de tela maior que 2h/dia em 59,6% dos adolescentes (Sousa Neto et al. 2020). A maioria dos investigados declararam existência de espaços de lazer no bairro, fato discordante de outros. Em estudo, a existência de espaços para AF foi referida por apenas 42,5% dos adolescentes (Castro; Aquino: Amorim, 2022).
A maioria dos escolares apresentou IMC normal, com associação significativa entre IMC e espaços para AF. Bairros com atributos favoráveis à AF contribuem para maior chance de prática (Castro; Aquino; Amorim, 2022), enquanto adolescentes expostos a menor AF e maior tempo de tela tem efeitos adversos à saúde, incluindo obesidade, problemas no sono (Sousa Neto et al. 2020) e aumento de morbimortalidade na vida adulta (Feter et al. 2023).
Conclusões/Considerações finais A disponibilidade de espaços para atividade física de lazer foi satisfatória, tendo sido referida pela maioria dos escolares adolescentes. Apesar disso, a atividade física insuficiente e os comportamentos sedentários foram elevados, contudo, o índice de massa corporal normal predominou. Houve associação entre disponibilidade de espaços para atividade física índice de massa corporal.
Esses achados indicam que, apesar de o índice de massa corporal dos escolares se encontrar dentro da normalidade, políticas de incentivo à prática de atividade física são necessárias com foco na promoção de saúde coletiva, especialmente, no sentido de prevenção de doenças crônicas e morbimortalidade na fase adulta.
A existência e adequação dos espaços e estruturas para a atividade física no ambiente urbano é parte essencial das políticas de incentivo à atividade física, contudo, para o alcance efetivo do êxito, será necessário políticas de conscientização e estímulo e oferta de programas de atividade física.
Referências CASTRO, et al. Características percebidas da vizinhança e a prática AF entre adolescentes e adultos jovens: um modelo com respostas distais. Cad. S Públ 38(9):e00062622, 2022.
FÉTER, et al. Physical activity during early life and the risk of all-cause mortality in midlife: findings from a birth cohort study. Eur J P Health, 33(5):872–877, 2023.
GUTHOLD, et al. Global trends in insufficient physical activity among adolescents: a pooled analysis of 298 population-based surveys with 1·6 million participants. Lancet Child Adol Health, 4:23–35, 2020.
ORGA. MUNDIAL DA SAÚDE. Plano global da atividade física 2018-2030, 2018.
SANTI, et al. Prevalência e incidência da prática insuficiente de atividade física em adolescentes brasileiros durante a pandemia. Rev Bras Epid. 26: e230049, 2023.
SOUZA NETO, et al. PAF, tempo de tela, estado nutricional e sono em adolescentes no Nordeste do Brasil. R Paul Pediatr. 9:e2019138, 2021.
Fonte(s) de financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
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