49709 - INFLUÊNCIA DA MICROPOLÍTICA E MICROPODER NA GESTÃO DE LEITOS DO NÚCLEO INTERNO DE REGULAÇÃO EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE SAÚDE NO ESTADO DA BAHIA ALCIMAR FERREIRA DE AQUINO GONÇALVES - UFBA/ISC, JULIANA OLIVEIRA SANTOS - UFBA/IMS, JANAÍNA PERALTA DE SOUZA - UFBA/ISC
Apresentação/Introdução O processo de trabalho nas instituições públicas de saúde envolve uma série de ações e práticas diárias influenciadas por objetivos, metas, rotinas e protocolos pré-estabelecidos. Essas práticas refletem a construção da identidade de cada trabalhador e são permeadas por relações sociais, culturais, econômicas e políticas (Minayio, 2010). No contexto da gestão de saúde, as micropolíticas e os micropoderes desempenham um papel crucial nas interações diárias e na tomada de decisões (Merhy, 1997). As organizações de saúde estaduais no Brasil, influenciadas por diversas forças políticas e sociais, exemplificam como esses pequenos poderes operam e afetam a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde (Cecílio, 2009). Este estudo investiga o impacto da micropolítica e do micropoder na gestão de leitos do Núcleo Interno de Regulação (NIR) em instituições públicas de saúde na Bahia. A relevância do tema é destacada pela necessidade de compreender como as dinâmicas de poder no cotidiano afetam a prática de gestão e, consequentemente, a qualidade do atendimento prestado à população.
Objetivos O objetivo principal deste estudo é analisar como as micropolíticas e os micropoderes influenciam as práticas diárias dos trabalhadores do Núcleo Interno de Regulação (NIR) na gestão de leitos em instituições públicas de saúde na Bahia. Especificamente, pretende-se: 1) Identificar as práticas de gestão e organização no NIR; 2) Avaliar o impacto dessas práticas na eficiência e qualidade do atendimento; 3) Explorar as relações de poder e influências políticas no cotidiano dos trabalhadores do NIR.
Metodologia Este estudo adota uma abordagem qualitativa, utilizando entrevistas semiestruturadas com trabalhadores do Núcleo Interno de Regulação (NIR) em diversas instituições públicas de saúde na Bahia. A seleção dos participantes será baseada em critérios de inclusão que consideram a experiência e o tempo de atuação no NIR. As entrevistas serão gravadas ou escritas e transcritas para análise de conteúdo, buscando identificar temas recorrentes relacionados às práticas de gestão, organização e relações de poder (Bardin, 2011). Além disso, serão analisados documentos institucionais e políticas de saúde relevantes para contextualizar os achados e fornecer uma compreensão mais ampla do impacto da micropolítica e micropoder na gestão de leitos. A análise de dados seguirá o método de análise temática, permitindo a identificação de padrões e categorias significativas que emergem dos relatos dos participantes.
Resultados e Discussão
Os resultados preliminares indicam que a micropolítica e os micropoderes têm um impacto significativo nas práticas diárias dos trabalhadores do NIR. As entrevistas revelaram que as decisões de gestão são frequentemente influenciadas por relações pessoais e políticas, o que pode afetar a alocação de recursos e a eficiência do atendimento (Merhy, 1997). A análise documental corroborou esses achados, mostrando que as políticas institucionais nem sempre são seguidas à risca, devido a pressões externas e internas (Cecílio, 2009). Por exemplo, a influência de políticos locais nas decisões de admissão e alta de pacientes foi mencionada como um fator que interfere na gestão eficiente dos leitos (Cardoso, 2021). A discussão aborda como essas dinâmicas de poder se manifestam no dia a dia dos trabalhadores e sugere que uma maior transparência e impessoalidade nas decisões poderia melhorar a qualidade dos serviços prestados. Além disso, destaca-se a necessidade de capacitação contínua dos gestores para lidar com essas influências e manter o foco nos objetivos institucionais (Minayo, 2010).
Conclusões/Considerações finais A pesquisa conclui que a micropolítica e o micropoder são elementos centrais na gestão de leitos em instituições públicas de saúde. Embora essas práticas possam facilitar a resolução de problemas imediatos, elas também podem comprometer a equidade e a eficiência do sistema de saúde a longo prazo. É essencial que gestores de saúde reconheçam e abordem essas dinâmicas para melhorar a gestão de leitos e assegurar um atendimento mais justo e eficiente. Recomendam-se políticas que promovam a transparência e a accountability na alocação de recursos e que fortaleçam a governança democrática nas instituições de saúde (Merhy, 1997; Cecílio, 2009; Bardin, 2011).
Referências 1. Bardin, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.
2. BRASIL. Portaria de Consolidação n.º 2 de 28/09/2017. Institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP).
3. CARDOSO, F. M. C. Micropolítica e saúde: produção do cuidado, gestão e formação. Serv. Soc. Saúde, v. 20, p. e021013-e021013, 2021.
4. COELHO, T. C. B.; PAIM, J. S. Processo decisório e práticas de gestão: dirigindo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 21, n. 5, p. 1373-1382, 2005.
5. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 9. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.
6. MERHY, E. E. Em Busca do Tempo Perdido: A Micropolítica do Trabalho Vivo em Saúde. In Merhy, E. E., & Onocko, R. (Eds.), Agir em Saúde: Um Desafio para o Público. São Paulo: Hucitec, 1997.
Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio
|