48746 - GASTOS PÚBLICOS COM INTERNAÇÕES POR FAIXA ETÁRIA NO CEARÁ (2016-2020) WALLINGSON MICHAEL GONÇALVES PEREIRA - UECE, LIANA DE OLIVEIRA BARROS - UECE, NATÁLIA LIMA SOUSA - UECE
Apresentação/Introdução A situação de saúde pública brasileira vem sofrendo impactos sequenciais decorrentes das políticas públicas, sobretudo, na política de financiamento. Conhecer a realidade de um local acarreta na possibilidade de direcionar seus recursos a partir da necessidade da população, no entanto, alguns fatores externos podem mudar o direcionamento.
Segundo relatórios da Organização Mundial da Saúde, uma parcela significativa dos recursos destinados à saúde é desperdiçada, podendo ser reduzida com medidas locais. As doenças crônicas não transmissíveis representam um desafio global, gerando impactos socioeconômicos, como óbitos prematuros e redução da produtividade. No Brasil, as despesas com saúde aumentaram, especialmente em 2020 devido à pandemia de Coronavírus (WHO.2011).
O Ceará, um dos estados mais populosos do Brasil, apresenta dados demográficos relevantes. As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de internações hospitalares, enquanto a estrutura etária do país está mudando rapidamente, com um aumento da população idosa (IBGE, 2021).
Conhecer os gastos e causas das internações hospitalares permite desenvolver estratégias de prevenção e promoção da saúde adaptadas às diferentes faixas etárias e causas de internação. O estudo proposto visa analisar os gastos públicos com internações por faixa etária no Ceará, assim como suas principais causas.
Objetivos Analisar os gastos públicos com internações por faixa etária no Ceará, assim como suas principais causas.
Metodologia Trata-se de um estudo do tipo ecológico descritivo, onde foram utilizados dados secundários provenientes do Sistema de Informações Hospitalares do SUS - SIH/SUS, administrado pelo Ministério da Saúde e processado pelo DATASUS - Departamento de Informática do SUS.
Na coleta de dados primeiramente foram selecionadas as opções número de internações por faixa etária. Em seguida, foram considerados os grandes grupos de causas segundo CID-10, assim como diagnósticos por causas selecionadas. Dentre os diagnósticos incluem-se: gravidez parto e puerpério, lesões por envenenamento, doenças do aparelho respiratório, doenças infecciosas e parasitárias, doenças do aparelho digestivo, doenças do aparelho circulatório, doenças do aparelho geniturinário, neoplasias, afecções originadas no período perinatal, doenças da pele, contatos com serviços de saúde, sinais e achados anormais clínico e laboratorial, doenças do sistema nervoso, transtornos mentais, doenças endócrinas nutricionais, doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo, doenças do sangue e órgãos hematopoiéticos, malformações congênitas e anomalias cromossômicas, doenças no olho e anexos, doenças do ouvido e da apófise mastoide.
Resultados e Discussão Durante o período analisado, as internações foram mais frequentes na faixa etária de 20 a 29 anos, mantendo-se estáveis ao longo do tempo, com números variando entre 90.453 e 95.677 internações. Em contraste, a faixa etária de 10 a 14 anos registrou o menor número de internações, representando em média apenas 3% do total.
Uma tendência observada ao longo do estudo foi a redução nas internações a partir dos 60 anos de idade. Nota-se uma diminuição na morbidade em pessoas com menos de 1 ano até 29 anos, seguida por variações e estabilidade em faixas etárias posteriores. Entre 2016 e 2020, houve um crescimento significativo nas internações em pessoas com mais de 49 anos, exceto em 2020, que registrou uma queda de 14% em relação ao ano anterior, possivelmente atribuída à pandemia de COVID-19.
No contexto específico do Ceará, as internações relacionadas à gravidez e ao puerpério predominam, enquanto no Brasil, as doenças cardiovasculares lideram as internações. O grupo obstétrico ocupa o terceiro lugar em internações hospitalares na região, enquanto as doenças infecciosas apresentaram um aumento significativo em 2020, possivelmente devido à pandemia.
Os gastos com doenças do sistema circulatório se destacam, mesmo não liderando as internações, refletindo a complexidade sistêmica das complicações da COVID-19, especialmente no sistema cardiovascular. Comparando 2020 com 2019, as doenças infecciosas tiveram o maior aumento percentual, com crescimento de 190%, seguidas por doenças do sistema nervoso com 15% e doenças do sangue. Em comparação com o início do período estudado em 2016, 2020 também registrou o maior aumento, alcançando 224%.
Conclusões/Considerações finais A faixa etária entre 20 e 39 anos apresentou o maior número de internações. Essa tendência pode refletir tanto características epidemiológicas quanto comportamentais dessa faixa etária.
. As doenças infecciosas, as do sistema nervoso e as doenças do sangue foram as principais responsáveis pelos aumentos de gastos, evidenciando assim a importância de medidas eficazes de prevenção e controle de doenças infecciosas.
Diante desses resultados, torna-se evidente a necessidade de políticas de saúde pública que visem não apenas o tratamento das doenças, mas também a prevenção e promoção da saúde, com enfoque especial nas faixas etárias mais afetadas e nas condições de saúde emergentes, como as doenças infecciosas. Investimentos em programas de educação em saúde, melhoria da infraestrutura hospitalar e fortalecimento da Vigilância Epidemiológica são fundamentais para enfrentar os desafios apresentados pelos padrões de internação e gastos em saúde observados no Ceará.
Referências Economist Intelligence Unit. (2009). Breakaway: The global burden of cancer - challenges and opportunities. London.
ORSINI, M. A., do Nascimento, J. S. F., Nunes, N. S. M., do Nascimento, J. K. F., Azizi, M., Cardoso, C. E., & Pereira, T. M. A. (2020). Coagulação intravascular disseminada e covid-19: mecanismos fisiopatológicos. Revista De Saúde, 11(1), 87-90.
Portal da Transparência. (2021). Visão Geral da Distribuição por subárea (subfunção). Disponível em: https://www.portaltransparencia.gov.br/funcoes/10-saude?ano=2020. Acesso em 27 de outubro de 2021.
World Health Organization (WHO). (2011). The Global Economic Burden of Non-communicable Diseases – Reducing the Economic Impact of Non-Communicable Diseases in Low- and Middle-Income Countries. Geneva: World Economic Forum.
IBGE. (n.d.). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/ce.html. Acesso: 26 de outubro de 2021
Fonte(s) de financiamento: NÃO SE APLICA
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