48603 - GASTOS HOSPITALARES COM PROCEDIMENTOS RELACIONADOS AO CÂNCER DE PRÓSTATA NO BRASIL: UMA ANÁLISE DO PERÍODO DE 2018 A 2021 MATEUS ROMÃO ALVES VASCONCELOS - UECE, LIANA DE OLIVEIRA BARROS - UECE, ALINE CAMPOS FONTENELE RODRIGUES - UECE, CARLOS MÁRCIO MELO DE MATOS - FRT, MARCELO GURGEL CARLOS DA SILVA - UECE
Apresentação/Introdução Os tipos de câncer mais frequentes nos homens nos últimos anos foram o câncer de pulmão (14,5%), próstata (13,5%), cólon e reto (10,9%), estômago (7,2%) e fígado (6,3%). (BRAY et al., 2018).
O câncer de próstata é uma das principais causas de câncer em homens em todo o mundo. A cada ano, estima-se que cerca de 1,6 milhão de homens serão diagnosticados e 366.000 irão a óbito por conta desta doença (CLAIRE, 2018).
Trata-se de uma doença que, por vezes, pode ser bastante indolente, possuindo uma sobrevida global em 5 anos de 96,8% (SEER, 2022) e cuja taxa de mortalidade ajustada para a idade caiu 52% de 1993 a 2017 (SIEGEL, 2021).
Através de biópsia e dos níveis de PSA é possível se prever o risco de disseminação a distância da doença (muito baixo, baixo, intermediário favorável, intermediário desfavorável, alto e muito alto risco) (NCCN, 2022) e, a partir disto, determinar os exames complementares a serem realizados para se estadiar a doença.
O tratamento do câncer prostático vai desde a cirurgia com prostatovesiculectomia radical, para tumores localizados, aos tratamentos com radioterapia externa, braquiterapia, quimioterapia e hormonioterapia.
Objetivos Analisar os gastos hospitalares com procedimentos relacionados à neoplasia de próstata nas regiões do Brasil no período de 2018 a 2021.
Metodologia Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo e quantitativo, onde utilizou-se dados disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema único de Saúde (DATASUS), e avaliou-se os gastos federais relacionadas a procedimentos relacionados ao tratamento do câncer de próstata (CID- C61) no período de 2018 a 2021.
A amostra incluiu adultos do sexo masculino, com faixa etária de 20 anos ou mais, residentes em qualquer região do território brasileiro, com registro de internação por neoplasia de próstata, classificadas por meio da Classificação Intencional de Doenças-CID-61, no período de 2018 a 2021.
Para os dados coletados neste estudo, foram utilizadas como fontes o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) para Produção Hospitalar e o Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA-SUS) para Produção Ambulatorial com cálculo do gasto total por procedimento e per capita.
Os dados utilizados neste estudo são de domínio público, motivo pelo qual não foi necessária a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa, atendendo, portanto, a Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde.
Resultados e Discussão Ao longo dos anos, os gastos com o tratamento do câncer de próstata têm aumentado progressivamente, sinalizando um impacto econômico significativo e a urgência de ajustes na rede de assistência. Apesar das adaptações, a tabela de reembolso do SUS não consegue cobrir os custos necessários para garantir serviços adequados.
Entre 2018 e 2021, o governo federal destinou 1,33 bilhões de reais para procedimentos hospitalares relacionados ao câncer de próstata, abrangendo mais de 2.7 milhões de procedimentos. A região Sudeste liderou o aumento de gastos, seguida pelo Nordeste e Sul, enquanto a região Norte teve o menor incremento.
A cirurgia representou 14% do orçamento para a saúde, com a região Sudeste concentrando a maioria dos procedimentos. Estudos recentes apontam que a inclusão de quimioterapia à terapia hormonal pode ser mais eficiente em termos de custo. Os gastos com o tratamento aumentam progressivamente a partir dos 40 anos, destacando a importância da prevenção nessa faixa etária.
Houve variação nos gastos conforme as faixas etárias, com um pico nos 70-74 anos seguido de declínio. Os gastos ambulatoriais aumentaram ao longo do tempo, refletindo uma demanda crescente por serviços de saúde, especialmente em populações mais velhas, onde as doenças crônicas se tornam mais prevalentes.
A Hormonioterapia Adjuvante à Radioterapia Externa do Adenocarcinoma de Próstata mostrou-se como o procedimento com menor gasto médio entre os tratamentos para câncer de próstata não avançado.
Considera-se que a análise dos custos é vital para direcionar os recursos de forma eficaz, considerando fatores como diferenças populacionais, renda per capita, saneamento básico e efetividade das políticas de saúde.
Conclusões/Considerações finais O aumento dos gastos com tratamento de saúde é uma realidade já observada há pelo menos 20 anos. O envelhecimento da população e a evolução da tecnologia no tratamento de doenças crônicas, sobretudo na área da oncologia podem explicar esse aumento nos gastos. Esses gastos podem representar um importante parcela dos investimentos do governo, principalmente nos países que oferecem atendimento universal como a Inglaterra e o Brasil por exemplo, gerando um impacto econômico relevante. Diante do exposto, cresce a necessidade de estudos de avaliações econômicas para nortear a tomada de decisão e formulação de políticas públicas desse setor.
Referências ABOUASSALY, R.; THOMPSON JR, I.M.; PLATZ, E.A.; et al. Epidemiology, Etiology and Prevention of Prostate Cancer. In: KAVOUSSI, L.R.; PARTIN, A.W.; NOVICK, A.; et al.Campbell-Walsh Urology. Filadélfia: Elservier, 2012. 10ªed. P.2704-2725.
ARANDAM F. Cem mil esperam por radioterapia. Tratamento é indicado para tratar vários tipos de câncer, como o de mama2. Disponível em: http://delas.ig.com.br/saudedamulher/cem+mil+esperam+por+radioterapia/n1237564048629. html.. Acesso em: 29 out. 2022.
BRAY, F. et al. Global cancer statistics 2018: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA: a cancer journal for clinicians, Hoboken,v. 68, n. 6, p. 394-424, Nov. 2018
Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2020: Incidência de câncer no Brasil [online]. Rio de Janeiro 2019. Acessado em 29 out. 2020. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2020/conteudo_view.asp?ID=2
Fonte(s) de financiamento: CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior é uma fundação vinculada ao Ministério da Educação (MEC) no Brasil.
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