53860 - PARTICIPAÇÃO POPULAR E RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL: PONTOS E CONTRAPONTOS ENCONTRADOS NAS OFICINAS DE TERRITORIALIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE HORIZONTE/CE. BEATRIZ LOPES MORAIS - ESP/CE, ANA GABRIELI DE DEUS CASSIMIRO - ESP/CE, ALEX MARQUES DO NASCIMENTO UCHÔA - ESP/CE, APARECIDA LIMA DA SILVA - ESP/CE, BRUNO SOUZA BARBOSA - ESP/CE, LÍVIA ESTEVAM DA SILVA - ESP/CE, REBECA NORONHA DA SILVA DAMASCENO - ESP/CE, SUIANNE BRAGA DE SOUSA - ESP/CE, SULAMITA SANTOS ENOQUE LIMA - ESP/CE
Contextualização O território é o produto de acontecimentos históricos, sociais e ambientais que promovem condições específicas para a produção de doenças. Assim, conhecer o território é o passo inicial e básico para caracterização da população e dos problemas de saúde, pois dessa forma é possível entender como impactam no nível de saúde de uma população.
A territorialização é um princípio do SUS e uma das diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e inscreve-se como estratégia de reconhecimento das demandas e necessidades da população e concorre na organização das ações e serviços desenvolvidos na atenção primária.
Diante disso, a territorialização consiste em dar importância ao território físico (espaço geográfico), mas também atentar-se a tudo que o envolve, considerando a inserção deste na dinâmica social, econômica e cultural.
Descrição da Experiência Trata-se de um relato de experiência das atividades realizadas durante o processo de territorialização nos Programas de Residências Multiprofissionais da Escola de Saúde Pública do Ceará em Saúde da Família e Saúde Mental no município de Horizonte/CE. Segundo Breton e Alves (2021) a experiência é vivida antes de ser captada e compreendida pelo pensamento, portanto é ela que possibilita o conhecer. Desse modo, foram desenvolvidas três oficinas após o processo de territorialização pelos residentes que contaram com a presença de profissionais, usuários, representantes da gestão e representantes de políticas intersetoriais (como representantes do CRAS e de Escolas).
A partir disso, realizou-se um painel integrado com as perguntas de partida “Quais os pontos positivos do território?” e “Quais os pontos negativos do território?” e através disso foram traçados paralelos entre os pontos apresentados e a promoção de saúde, abrindo espaço para que cada ator pudesse se posicionar e explicar sua colocação diante dos seus e diante dos outros atores, fazendo pontes e intersecções entre equipamentos de saúde e entre políticas.
Além disso, as oficinas de territorialização permitiram traçar meios de driblar as dificuldades, como também formas de incentivar as potencialidades do território.
Objetivo e período de Realização As oficinas foram realizadas nos Distritos de Dourado e Aningas do município de Horizonte, e no CAPS Geral e Ad situados na sede do mesmo, entre os dias 10 e 14 de abril, após dois meses de territorialização.
Tiveram como finalidade descrever as estratégias metodológicas, questões sociais, econômicas e culturais que afetam a saúde da população local, bem como entender como a população relaciona as fragilidades e potencialidades do território ao processo de saúde e doença.
Resultados Foi constatado pelos representantes dos dois distritos e dos CAPS Geral e Ad a excelência de profissionais de saúde do local, bem como a existência de acesso à saúde e aos programas sociais desenvolvidos pela política de assistência social através do CRAS. Em contrapartida, relatam que a falta de segurança, de lazer, de saneamento básico, de transporte e o alto consumo de álcool – principalmente no Distrito de Dourado – interferem diretamente no bem-estar da população.
Além disso, alguns profissionais de saúde presentes nas oficinas pontuaram a dificuldade de inserir a população em estratégias de promoção e prevenção em saúde, como também em projetos sociais de esporte e lazer, alegando que existe uma grande falta de interesse dos usuários. Porém, foi pontuado por todos os atores presentes a dificuldade de acessar as unidades de saúde pela falta de transporte e pela pouca qualidade das vias de acesso.
Dentre as sugestões para melhoria dos contrapontos encontrados nas oficinas estão a melhora da infraestrutura do município, a contratação de profissionais para conduzir as atividades de lazer e mais investimento em transportes para deslocamento interno e externo.
Aprendizado e Análise Crítica Portanto entende-se que saúde está para além da ausência de doença, está diretamente vinculada à qualidade de vida, oportunidades e diversas nuances socioeconômicas e culturais, perpassando a participação da comunidade no fazer saúde e a necessidade de se sentirem e se verem como protagonistas desse processo. Dessa forma, é possível apontar como o conhecimento dos Determinantes Sociais de Saúde são necessários tanto na formação, como na atuação dos profissionais de saúde, mostrando que o processo de promover saúde perpassa variáveis individuais e coletivas.
Ademais, foi possível compreender na prática a riqueza de saberes que o processo de territorialização acrescenta ao profissional. Conhecer o território vivo influencia diretamente no olhar e cuidado a ser partilhado com a população. Pois através dela é possível conhecer as potencialidades e fragilidades do território, compreender as principais demandas e traçar planos e metas para o mesmo.
Referências BUENO, W. C. Comunicação cientifica e divulgação científica: aproximações e rupturas conceituais. Informação & Informação, [S.l.], v. 15, n. 1esp, p. 1-12, dez. 2010. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/download/44839. Acesso em: 05 de jun. 2021. [ Links ]
ARAÚJO, Guilherme Bruno et al. Territorialização Em Saúde Como Instrumento De Formação Para Estudantes De Medicina: Relato De Experiência. Sanare, Sobral, v. 16, n. 1, p. 124-129, jun. 2017.
BARCELLOS, C.; SABROZA, P.C.; PEITER, P.; ROJAS, L.I. (2002) Organização espacial, saúde e qualidade de vida: A análise espacial e o uso de indicadores na avaliação de situações de saúde. Informe Epidemiológico do SUS, 11(3): 129-138
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