Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC5.7 - A comunicação no Planejamento e Gestão

52452 - INTERFACES ENTRE A ORGANIZAÇÃO SOCIAL DO CUIDADO E O CUIDADO INTEGRAL EM SAÚDE: A AÇÃO POLÍTICA COMUNITÁRIA DAS MULHERES NA PANDEMIA
BÁRBARA BULHÕES LOPES DE ANDRADE - IMS/UERJ, ROSENI PINHEIRO - IMS/UERJ


Apresentação/Introdução
O estudo buscou suscitar visibilidade às ações comunitárias nos territórios, vislumbrando experiências de tecnologias sociais que contribuem para a garantia do direito ao cuidado das mulheres, a partir, da valorização de ações de transformação social exigidas para sobreviver às desigualdades que ocorrem em territórios plurais. Neste sentido, a familiarização e mercantilização do cuidado, influenciam diretamente na garantia de direitos dos trabalhadores relacionados a cuidados, sejam estes remunerados ou não (PAUTASSI, 2007). De tal modo, garantir o direito ao cuidado também é garantir a autonomia das mulheres e de todas as pessoas sobre o uso do próprio tempo de vida. Segundo Laya et Rossi (2014), compreende-se como organização social do cuidado (OSC) a forma como interrelacionam as famílias, o estado, o mercado e as organizações comunitárias para produção e distribuição do cuidado. Desta forma, compreende cuidado como atividade indispensável para satisfazer as necessidades básicas de existência, produzindo elementos físicos e simbólicos para se viver em sociedade. Questão que colabora com a concepção de cuidado como valor basilar as práticas eficazes de integralidade em saúde (PINHEIRO,2007). Com isto, a formulação das políticas públicas em saúde que incluem o cuidado como ação política das mulheres em seus territórios abrangem a complexidade da OSC em análise no estudo.

Objetivos
A pesquisa buscou compreender a ação das mulheres em suas articulações no espaço público na reivindicação de direitos ao cuidado no contexto de pandemia da COVID-19, a partir de estudos dos Itinerários Terapêuticos (Its) em territórios de vulnerabilidade. Assim como identificar aspectos da integralidade em saúde na agenda pública comunitária sobre de organização social de cuidados através das práticas de reivindicação de direitos à saúde das mulheres em seus territórios de luta.

Metodologia
A metodologia desenvolvida em meio à pandemia aprofundou a abordagem nas redes sociais virtuais da internet. A proposta de multimétodos e a matriz de análise bem definida fortaleceram a abordagem das dimensões que interessam à pergunta inicial do estudo. Como as mulheres em ação se articulam para reivindicar o direito ao cuidado em meio à pandemia de COVID-19 no Brasil? Buscando apreender as dimensões macro, micro e molecular da política relacionada ao cuidado integral na perspectiva de mulheres ativistas que fizeram parte da campanha mulheres territórios de lutas do Instituto de Políticas Alternativas para o Cone SUL (PACS,2020). Para tanto, os métodos que percorreram o desenvolvimento da pesquisa foram revisão narrativa da literatura, análise de discurso e elaboração de matriz de análise. Considerando ainda a abordagem de itinerários terapêuticos e a realização de pesquisa qualitativa em ambiente virtual. As estratégias de busca do referencial elencaram os conceitos centrais e palavras chaves, tais como: reivindicação de direitos, redes comunitárias, integralidade em saúde e mulheres.

Resultados e Discussão
Identificar os Itinerários de articulações para a reivindicação de direitos ao cuidado das mulheres em meio ao pandemônio, distinguiu elementos que influenciam a reconstrução e o fortalecimento de projetos de defesa da vida e dos direitos humanos. Por isso, os resultados desta pesquisa colaboram na compreensão das ações de reivindicação do direito ao cuidado das mulheres, relacionados a integralidade da saúde nos territórios. O campo de pesquisa imerso em teoria crítica para subsidiar a ações por direitos, tensiona a pesquisa a um aprofundamento a elementos de análise que habitam entre o planejamento das ofertas dos serviços de saúde e a promoção da saúde nos territórios, indicando a necessidade de inclusão conceitual da organização social do cuidado para complementar a análise de cenário de atuação das ativistas. Questão que toma centralidade no estudo e na compreensão da pesquisa, sendo este o primeiro resultado que valoriza a metodologia agregadora exercitada neste trabalho. Pois, as ativistas trazem em seus relatos que sua articulação social se deve, também, a um desdobramento de outras crises: ambientais, humanas e de cuidados. Sobretudo no que se relaciona à experiência de vida e aos fluxos de transformação das práticas do dia a dia, refletindo processos socioculturais que perpassam a relação indivíduo e sociedade. De tal modo, 37 experiências foram relatadas nesta pesquisa como resultados que colaborem para identificar percursos reivindicatórios do direito ao cuidado. Apontando, não somente para a compreensão da complexidade da organização social do cuidado no período pandêmico, como a cobrança pelas ativistas de elaboração de políticas públicas que as incluam no fomento de vivências comunitárias de cuidado. Afinal, o direito a cuidar muda a atual OSC? (PAUTASSI, 2018).

Conclusões/Considerações finais
O estudo aponta para a crise da organização social do cuidado que a pandemia ajudou a avultar junto as dificuldades para se desenvolver o cuidado integral em saúde nos territórios. Com isto, verifica-se que existe um vasto vocabulário em que as mulheres em ação se sustentam para fortalecer suas redes e reconhecer suas trajetórias de lutas e de cuidados plurais. Neste vocabulário as ativistas apresentam aproximações com o campo da saúde coletiva e possibilidades de atuação como interlocutoras estratégicas na produção de conhecimento para gerar visibilidade a tecnologias sociais dos movimentos de reivindicação de direito aos cuidados. A fim de fomentar o compartilhamento de informações que contribuam para a formulação de políticas públicas que cooperem para uma organização social de cuidados mais justa e equitativa no Brasil. E questionar a elaboração de política públicas de saúde que ignorem a forma que a sociedade organiza suas necessidades básicas de manutenção da vida.

Referências
LAYA, A. ROSSI, F. Aportes para la discusión legislativa sobre reformas necesarias en materia de cuidado. Documentos de Trabajo “Políticas públicas y derecho al cuidado”. 2014
PAUTASSI, L. C., Derechos humanos y políticas públicas en materia de cuidados El cuidado: de cuestión problematizada a derecho. Un recorrido estratégico, una agenda en construcción. ONU MUJERES MÉXICO. Ciudad de México, Mayo, 2018.
PAUTASSI, L. C., El cuidado como cuestión social desde un enfoque de derechos. Unidad Mujer y Desarrollo Santiago de Chile, Serie Mujer y desarrollo. No 87. CEPAL.2007
PACS, O Ciclo de Debates #MulheresTerritóriosdeLuta. PACS.org.br. 2020a.
PINHEIRO, R. Cuidado como valor: um ensaio sobre o (re)pensar a ação na construção de práticas eficazes de integralidade em saúde. Razões públicas para a integralidade em saúde: o cuidado como valor. Organizadores: Roseni Pinheiro e Ruben Araujo de Mattos. CEPESC – IMS/UERJ – ABRASCO. 2007.

Fonte(s) de financiamento: CAPES


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