53950 - EDUCAÇÃO EM SAÚDE E RASTREIO DE VETORES NO CONTEXTO DAS ARBOVIROSES EM UMA CIDADE DO SUDOESTE BAIANO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ANA KAROLINA ARAÚJO FARIAS - UFBA-IMS/CAT, CAROLINA BAGANO CRUZ - UFBA-IMS/CAT, LUCAS DE SOUZA NUNES - UFBA-IMS/CAT
Contextualização As consequências das mudanças climáticas, desmatamento e falta de políticas públicas efetivas desencadearam um aumento alarmante na taxa de incidência de arboviroses no Brasil. Dentre elas, as doenças virais transmitidas pelo Aedes aegypti mais prevalentes no ambiente urbano são Dengue, Zika e Chikungunya (Brasil, 2022). Nessa perspectiva, o Brasil até a 13º semana epidemiológica de 2024 registrou um aumento considerável de casos confirmados das referentes arboviroses comparado ao ano anterior e, por consequência, os estados e municípios brasileiros também foram afetados com essa alta incidência (Brasil, 2024). Assim, tais doenças impactam significativamente a saúde dos indivíduos, o sistema de saúde e a economia do país, tendo em vista seus efeitos na redução de cerca de R$431 milhões/ano na produtividade (Teich; Arinelli; Fahham, 2017). Dessa forma, estratégias de educação em saúde e mobilização social tendem a andar lado a lado no combate, prevenção e controle vetorial, sendo que tais ações são capazes de sensibilizar a população sobre a importância da mudança de hábitos que favoreçam criadouros de larvas do mosquito. Nesse contexto, o trabalho dos Agentes de Combate às Endemias (ACE) tem grande relevância por desenvolver ações de caráter individual e coletivo nas áreas geográficas (Brasil, 2022).
Descrição da Experiência A ação consistiu na participação de estudantes de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, Instituto Multidisciplinar em Saúde/Campus Anísio Teixeira (UFBA/IMS-CAT) em um mutirão de rastreio de vetores junto aos ACEs. A ação ocorreu no bairro Campinhos, no município de Vitória da Conquista, Bahia. Em primeiro momento os estudantes foram distribuídos entre grupos dos ACEs. Por conseguinte, foi realizada uma análise geral do local e identificação de riscos e possíveis focos do Aedes aegypti. Assim, nos domicílios em que os residentes estavam presentes, e apresentavam locais favoráveis para reprodução do mosquito, os agentes realizaram o tratamento da água com o inseticida VectoBac, e os alunos entregaram panfletos informativos e realizaram educação em saúde sobre os principais sintomas e sinais de alarme das arboviroses. Nas residências cujo morador não se encontrava, foram disponibilizados panfletos para posterior leitura. Ao finalizar a visita, foi preenchido a Ficha de Visita, a qual fica na casa do morador para acompanhamento nas próximas visitações. Além disso, com base no protocolo de trabalho da coordenação de endemias foram selecionadas algumas residências, de forma aleatória, para realizar a coleta de amostra com as larvas para a análise pelo laboratório central.
Objetivo e período de Realização Relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem em uma atividade de extensão de educação em saúde e mutirão de rastreio de focos de vetores das Arboviroses, realizada em maio de 2024 com duração de aproximadamente quatro horas, em parceria com os Agentes Comunitários de Endemias no bairro Campinhos, no município de Vitória da Conquista - BA.
Resultados As visitas foram realizadas em um número menor do que o esperado, devido à ausência dos moradores e, além disso, nas residências localizadas dentro de um condomínio popular, haviam portões instalados nas escadas de forma indevida que impedia acesso dos ACEs. Ademais, foi perceptível que a maior parte dos residentes presentes no momento da visita eram mulheres, com filhos e donas de casa, as quais relataram que já tinham conhecimento sobre a doença e seus sintomas, e sobre ter tido contato, recentemente, com familiar doente. Ressalta-se que em todas as casas os moradores foram receptivos com a atividade de educação em saúde. Foram encontrados quatro focos com presença de larvas, cujas amostras foram colhidas aleatoriamente. Além disso, houve o tratamento da água com inseticida biológico nesses reservatórios e, em outros de forma preventiva, devido a armazenagem incorreta. Por fim, observou-se um quantitativo reduzido de ACEs para suprir as metas de visitação, além de repercussões físicas associadas ao uso do inseticida.
Aprendizado e Análise Crítica A ação realizada possibilitou aos acadêmicos de Enfermagem um olhar ampliado e holístico para as demandas e características daquela localidade e das problemáticas envolvendo o combate das arboviroses. Desse modo, enfatizou-se a relevância de ações, como os mutirões de limpeza e educação em saúde, que sensibilizem a população para uma participação ativa na prevenção, reconhecimento no manejo clínico dessas arboviroses. No entanto, chamamos atenção às condições laborais dos ACEs como a necessidade de um número maior de agentes, e cuidado à saúde dos trabalhadores, a fim de possibilitar o rastreio em demais regiões do município e desenvolver ações efetivas de forma longitudinal. Além disso, o contato entre ACEs, acadêmicos de Enfermagem e comunidade foi fundamental para a partilha, construção de saberes e reflexões acerca do combate às arboviroses e aprimoramento dos conhecimentos científicos, empíricos e culturais, assim, colaborando com a formação profissional dos estudantes e profissionais envolvidos, e na orientação da população. Ademais, ressalta-se que esse contato é de extrema relevância, pois possibilita que os acadêmicos e a população valorizem a atuação dos ACEs e de outras classes trabalhadoras que auxiliam na promoção, prevenção e recuperação da Saúde Coletiva.
Referências 1- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Diretrizes para a organização dos serviços de atenção à saúde em situação de aumento de casos ou de epidemia por arboviroses [recurso eletrônico] – Brasília: Ministério da Saúde, 2022. (Acesso em: 24 de mar. De 2024) 2- BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS - Departamento de Informática do SUS. Doenças e Agravos de Notificação: 2024. Brasília: Ministério da Saúde, 2024. Acesso em: 19 de mar. de 2024 3- TEICH, V.; ARINELLI, R.; FAHHAM, L. Aedes aegypti e sociedade: o impacto econômico das arboviroses no Brasil. Jornal Brasileiro de Economia da Saúde, São Paulo, v. 9, n. 3, p. 267-276, 2017. (Acesso em: 02 de abr. de 2024)
Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio.
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